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A presença das mulheres nos games

Um estudo recente da Pesquisa Game Brasil (PGB) mostrou que no país 69,8% das mulheres jogam jogos eletrônicos. O estudo nacional foi realizado pelos grupos Sioux Group, Go Gamers, Blend e ESPM e um questionário foi aplicado a mais de 3 mil pessoas em todo o Brasil para se obter esse resultado. Elas representam 53,8% do público de jogos digitais.

A pesquisa aponta que as mulheres que jogam eletrônicos preferem praticar em seus smartphones, com frequência diária, 38,4% delas se dedicam de 1h à 3h por dia. Ainda assim o público feminino sofre muito preconceito no universo machista dos games.

Mas se antes o campo era dominado pelos homens, hoje as mulheres ocupam um espaço de destaque, são a maioria dos gamers do país, pelo quinto ano consecutivo. O aumento é reflexo da nova geração de mulheres que gostam de ter o controle na mão para enfrentar os opositores.

Cenário goiano

Edson Junio da Silva, presidente da Federação Goiana de Futebol Digital (FGFD) afirma que a presença das mulheres é de fato maior, “hoje entre os gamers média de 67% são mulheres, mas todas elas estão jogando online e não presencial. Temos muitas mulheres jogando Free Fire mobile e outros jogos em rede”, explica.

O presidente da FGFD diz que no futebol não há muitas mulheres, “a modalidade é ainda voltada mais para o público masculino, as mulheres estão mais focadas em jogos de rede e-sports”. Mas garante, “são raros os jogos que existem maioria de jogadores masculinos”.

Para ele o futebol é um raro exemplo, “os jogos são destinados a todo tipo de público”. “Elas (as mulheres) vêm ganhando espaço cada vez mais e aceitação, são muito bem vindas”, finaliza.

Com controle nas mãos

A psicóloga Eliane de Lima, joga online há 6 anos, “atualmente uso a plataforma do Xbox One e alguns jogos no computador”. Ela contou ao DM que desde a infância e adolescência sempre gostou muito de videogames, “ao conhecer meu esposo ele me introduziu a plataforma online”.

Ela costuma jogar durante 4h diariamente, “final de semana 6h”. Destiny 2 e Warframe são os games escolhidos da psicóloga que vê na interação com outros players, diversão e entretenimento, “tudo no alcance dentro de casa. Poder ensinar outras atividades para seus amigos no jogo e conversar trocar ideias. É algo positivo nesse momento de isolamento”, afirma.

Para Eliane, o tabu de mulher não jogar está caindo, mais mulheres estão entrando nessa via de entretenimento, “jogar era algo visto muito exclusivo do gênero masculino, porém há uma enorme mudança nesse cenário, parte dessa mudança é das próprias mulheres de quebrar esses paradigmas, a atual evolução das gerações acompanha isso”, argumenta.

O foco dela não são os campeonatos, “uma vez houve um torneio feminino bem casual, mas faz uns 5 anos. Campeonatos não me atraem tanto, jogo por diversão mesmo”. Ela explica que tem amigas que também “adoram jogar” e que já conheceu outras gamers virtualmente.

Eliane de Lima / Arquivo pessoal

Preconceito

Apesar das mulheres serem maioria das pessoas que jogam no Brasil de forma eletrônica Eliane relata que ainda existe muito preconceito, “há muito ainda infelizmente. Eu mesma nesse tempo já sofri, quando aprendi mais rápido algo e outro jogador disse aos outros meninos 'até ela já entendeu', como se eu fosse inferior a eles”.

Mas ela acredita que atualmente “há uma reviravolta que está trazendo um olhar mais feminino na composição dos jogos”.

Games: um costume em família

Evellyn Alves Nunes tem 22 anos e joga a cerca de dois anos, “sou mobile”, a estudante conta que não é a única que gosta de games em casa, “basicamente minha família inteira joga, meu irmão sempre teve dom para jogos inclusive trabalha como gamer. Minha irmã gêmea também joga e através deles eu conheci o Free Fire”.

A estudante não tem um tempo específico que se dedica aos jogos, “costumo jogar mais durante a madrugada, devido aos hackers”. Mas explica que a irmã que também é gamer tem horários de treinos “sim, como dito a minha irmã gêmea joga bastante. Ela faz parte mais do competitivo e tem horários marcados para treino com sua line”, diz.

Quando questionada sobre o que mais a atraí explica “acho que talvez seja a possibilidade de falar em tempo real com a equipe de jogo, conhecer pessoas novas. De certa forma te aproxima de outras pessoas mesmo que longe”. Fã dos jogos a estudante tem um desejo especial, “tenho vontade de ajudar a inovar jogos que já existem e que eu gosto. Algumas ideias que vão aprimorar o game”.

Evellyn Alves acredita que os homens sempre foram mais ligados aos games e que as mulheres não tinham muito espaço, “agora que podem jogar com sua própria plataforma, elas querem experimentar e aprender cada vez mais. Já que jogos não são apenas para homens”, enfatiza.

Transformações positivas

Mas o cenário tem sido transformado segundo a gamer, “até porque agora começou a ter mais personagens femininos”. Mesmo com a tradição em família ela diz sofrer preconceitos de outros jogadores, “quando veem que é uma mulher jogando já falam de uma forma como se não dependessem delas pra ganhar e ficam espantados quando percebem que são boas”.

"Jogos não são apenas para homens", Evellyn Alves / Arquivo pessoal

“Mulheres tem o perfil para todo tipo de jogo pois não desistem fácil”

Gamer a cerca de 15 anos, Nayara Lorena começou nos consoles e hoje joga pelo computador e celular. As habilidades da consultora de crimes digitais se estendem a vários jogos eletrônicos como Warframe, Free Fire, Candycrush, Counter-Strike e League os Legends. Ela contou ao DM que se dedica aos games em média 6h por dia e aos finais de semana o horário chega a se estender por 10h.

Nayara Lorena / Arquivo pessoal

Aos 27 anos, Nayara já participou de algumas competições e até mesmo ganhou dinheiro através dos jogos. Ela se tornou uma gamer após ouvir os amigos de escola sempre comentarem sobre eles, “a partir daí virou uma paixão os games”, afirma.

Ela acredita que a presença das mulheres no meio é resultado dos desafios proporcionados pelos games, “os jogos são desafiadores e dão a sensação de conquista, mulheres tem o perfil para todo tipo de jogo pois não desistem fácil”, defende.

Atualmente a gamer comanda o League of Legends PPA, com cerca de 200 mil pessoas, um dos maiores grupos dedicados ao jogo do Brasil e a partir desse grupo conhece milhares de outras mulheres gamers. “Diversão e amizades novas a todo momento” são os atrativos que a levaram aos jogos.

Machismo

Nayara Lorena, no entanto, acha que a temática dos jogos é mais voltada para o universo masculino, “algumas empresas até tentam incluir mais as mulheres, mas o público masculino é extremamente machista, o que inibe a participação das mulheres”, alega.

Para ela ainda há preconceito em relação às mulheres, “muito, por mais que mulheres estejam em grande número, a presença delas incomoda uma parte dos jogadores homens que acabam ofendendo quem tenta interagir e jogar”, justifica. Por isso, ela sente vontade de desenvolver uma rede de apoio às mulheres gamers.

Mesmo jogando há 15 anos alguns amigos e pessoas próximas a ela reagem com estranhamento a relação de Nayara com os games, “acham meio estranho eu preferir jogar a sair, acham besteira passar tanto jogando”, diz.

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