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Erros do Ibope prejudicaram candidatos em Goiás, Rio de Janeiro e Minas Gerais

A diferença dos resultados da pesquisa Serpes e Ibope para as eleições de Goiânia de 2020 acendeu novamente o alarme vermelho: até que ponto as pesquisas são confiáveis? Parece óbvio: pelo menos uma delas deve estar errada. Daí a necessidade do eleitor analisar com precaução os resultados e ignorar o chamado “voto útil”, quando se vota só nos líderes e abandona aqueles com menor intenção de voto nas pesquisas.

O resultado do Ibope divulgado na última sexta-feira, 2, mostra Vanderlan Cardoso (PSD) com um ponto de diferença do candidato Maguito Vilela (MDB) e Adriana Accorsi (PT) bem distante, com nove pontos atrás. No Serpes, Vanderlan aparecia isolado na frente e Accorsi empatada com Maguito.

O impacto emocional das pesquisas no processo eleitoral é grande. E prova disso foi que a primeira intervenção da Justiça Eleitoral em Goiânia, realizada na sexta-feira, 2, ocorreu para controlar a disseminação de uma fake news com resultado fraudado da pesquisa Serpes.

O debate não é novo: os índices distantes da realidade do maior instituto de pesquisa no país, o Ibope, são motivos de constantes questionamentos em todo país. Se o grande erra feio, imagine os institutos de menor tradição.

O Datafolha, outro instituto reconhecido nacionalmente, é protestado por errar em vários processos eleitorais.

Vanderlan Cardoso: resultados divergentes das urnas pelo menos três vezes

Sérgio Praça, do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas (CPDOC-FGV), diz que existe um inegável desconforto com alguns resultados de pesquisas no país. "Os erros na pesquisa eleitoral minam a credibilidade dos institutos".

Não existe controle legal dos resultados dos institutos e cada um cria o próprio argumento para justificar seus números. Quando erram, mesmo fora da margem de erro, não são punidos.

Na maioria das vezes, o disparate dos resultados é que chama atenção do eleitorado, cada vez mais vacinado por erros grosseiros e até mesmo verdadeiras manipulações.

Romeu Zema, um dos maiores erros do Ibope em toda sua história

Como toda pesquisa científica, os resultados não estão livres de manejos suspeitos.

Em alguns casos chega a causar revolta, já que os movimentos dos números são escandalosos. Um dos mais graves ocorreu nas eleições para prefeito de Goiânia, em 2016, levemente fora da margem de erro, que era de 4%.

Um dia antes das eleições, 1/10, Iris Rezende (MDB) tinha 45% e Vanderlan, 27%, conforme o Ibope/TV Anhanguera. Ao abrir as urnas, Iris teve 40,47% e Vanderlan 31, 84%. Se observar o resultado final, com as margens, o instituto trouxe números que prejudicaram Vanderlan, já que seu adversário teve os números “puxados” para cima e Vanderlan, ao contrário, foi “puxado” para baixo. A vitória de Iris é inquestionável. Mas os números são.

Este é o exemplo comum de resultados equivocados que operam próximo das margens de erros e que desenham resultados divergentes.

Senado

Um erro do Ibope chamou atenção de pesquisadores e cientistas políticos em 2018. Na disputa para o Senado, mais uma vez o instituto errou detalhes do resultado final: o Ibope deu que Jorge Kajuru estava empatado com Vanderlan. Mas ao abrir as urnas, o “Ibope” das ruas mostrou que um tinha 31,35% contra 28,23% do outro.

O absurdo da sondagem: o levantamento prejudicou o então senador Wilder Morais, ao colocá-lo com apenas 6%, atrás de Marconi Perillo e Lúcia Vânia. Quando as urnas foram abertas, o espanto: dos 6% da pesquisa, Wilder saltou para 14,43%. Ou seja, em poucas horas, uma diferença de quase 10% no erro considerado gravíssimo pelos seus coordenadores de campanha. Por sua vez, o Ibope daquele dia “errou” quase 10% favoráveis à Lúcia Vânia e Marconi Perillo (nas urnas, 9,42% e 7,55%. No sonho das pesquisas, 19% e 13%). Isso sem contar as pesquisas anteriores, que mostravam Marconi e Lúcia “eleitos” senadores. Distorções graves, longe de qualquer aproximação com a margem de erro.

O equívoco que colocou o Ibope em saia justa nas eleições de 2018 ocorreu no Rio de Janeiro: Paes, 32%, Romário, 20%, Indio e Witzel, 12%. É chocante a diferença das urnas: Wilson Witzel teve 41,28%, Paes recebeu 19%.

Os erros graves não param por aí. Em Minas Gerais, o Ibope disse que o candidato Anastasia (PSDB) teria 42% das intenções de votos. E na sequência, Fernando Pimentel (PT) com 25%. Romeu Zema (Novo), bem atrás com 23%.

Ao abrir as urnas, a realidade: Zema teve 42,7% e Anastasia, 29%. Os números causaram revolta do eleitorado e moradores, já que estavam absolutamente distantes da “pesquisa”.

Erros semelhantes ocorreram em São Paulo, Santa Catarina, Distrito Federal e em outros estados.

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