O Governo Federal intensificou a propagação de material que tenta atribuir aos governadores do Brasil as mortes da covid-19 durante a pandemia. Considerado pela opinião pública como um dos responsáveis pela gravidade da situação no país, já que o Brasil ultrapassou o número de cem mil mortos, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) teria como estratégia compartilhar a responsabilidade com os governantes.
Ele teria enviado aos parlamentares um relatório em que sublinha nomes de governadores e prefeitos das cidades e estados com maior número de casos da doença.
O relatório citaria, por exemplo, o governador Rui Costa (PT) dentre os gestores estaduais a que se atribui o maior número de mortes e novos casos. O prefeito ACM Neto (DEM), de Salvador, é também listado.
A Secretaria Especial de Assuntos Federativos (Seaf), subordinada à Secretaria de Governo, seria a responsável pelo documento, informa o “Estadão”.
João Doria lidera a lista que foi espalhada nos grupos de Whatsapp. De acordo a lista, o estado já teria 600 mil infectados e 25 mil mortes. O levantamento de mortes traz, depois de João Doria, os nomes de Zema (MG), Eduardo Leite (RS) e Ronaldo Caiado (GO).
O Governo Federal nega que faça uso das informações para repartir responsabilidades, mas para “monitorar a disseminação da Covid-19”
A secretaria não explica o motivo, contudo, dos nomes dos gestores estaduais e municipais terem recebido destaque no estudo.
Goiás é o 21º estado em mortes por 100 mil habitantes
Apesar do relatório do Governo Federal tentar atribuir mortes por estado, algumas unidades apresentam melhores desempenhos que outras em termos de mortes e contaminação. É o caso de Goiás, que é o 21º estado em mortes por 100 mil habitantes – forma de contar mais detalhada, já que visa se atentar não aos números absolutos, mas ao grau de razão de população e mortes.
Nesta lista, os estados com menos casos são Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia e Goiás.
STF
Durante a pandemia, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que caberia aos estados e municípios constituírem suas políticas de enfrentamento da covid-19. Mas em nenhum momento da decisão é afastada a atribuição da União combater a doença e garantir saúde à população.
Desde o início da pandemia o presidente e aliados afastaram a gravidade da covid-19, tratando a contaminação sem protocolos ou em desrespeito às regras das autoridades de saúde. Um dos aliados do presidente, Osmar Terra, fez a previsão mais ridícula: “No Brasil, a gente está estimando que possa chegar a 30 mil, 40 mil casos. E o número de mortos deve ficar em mil e poucos, 2000”.