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Deputado federal José Nelto propõe moratória e suspensão de falências durante pandemia

O deputado federal José Nelto (Podemos-GO), líder do seu partido na Câmara dos Deputados, em Brasília, acredita na superação da crise instalada pela pandemia do coronavírus, mas acredita que as instituições precisam funcionar de forma ágil e coordenadas.

Em entrevista ao “Diário da Manhã”, ele reafirma posição dura diante da presidência de Jair Bolsonaro, a quem trata como alguém que não gosta de pobre.

José Nelto, todavia, diz que não pode perder tempo com trapalhadas do Poder Executivo. Ressalta que, ao contrário dos ministros bolsonaristas, o parlamento age de forma coesa e unida. Ainda que existam 513 deputados federais e 81 senadores, descreve, é mais possível sair consensos dali do que no governo, que tem agido de forma tresloucada até mesmo para sabotar o ministro da Saúde, Henrique Mandetta (DEM).

Ao “DM”, Nelto diz que existe um combo de preocupações urgentes com a população e empresas. Não tem dúvidas de que economistas e cientistas estão certos e o presidente errado: primeiro devemos salvar vidas, depois a economia. “Veja que a situação dele é tão irresponsável que o próprio Twitter já excluiu ele e suas twittadas, comparando-o com o ditador sanguinário Maduro (Venezuela) e com o Khamenei (Irã). Ele está com os iguais, os iguais a ele”, diz.

De forma prática, Nelto diz que é preciso tirar do papel a ajuda de R$ 600, cobrar um plano emergencial do governo e ajudar as empresas em situação de inadimplência e que caminham para a falência ou recuperação judicial. O deputado acredita que é necessário um alívio momentâneo, uma espécie de moratória (dilação do prazo de quitação de uma dívida, concedida pelo credor ao devedor para que este possa cumprir a obrigação além do dia do vencimento) enquanto durar os efeitos das crise.

Trechos da entrevista seguem nas próximas linhas.

R$ 600

“Ele [o presidente] não deu previsão da chegada dos R$ 600 para o povo porque o Governo Jair Bolsonaro é inoperante e o ministro da Economia - juntamente com o presidente - não gosta de pobre”.

ERA UMA ESMOLA

“Eles queriam entregar R$ 200, o que é uma esmola para o povo brasileiro desempregado, favelado, enfim, para quem não tem emprego. E o Congresso Nacional reagiu rapidamente e melhorou a proposta do governo chegando a R$ 600. Se a mãe for chefe de família poderá receber até R$ 1200”.

SEM PLANO

“O fato é que o Governo Bolsonaro não tem plano nenhum. Desconheço o plano do governo. Aliás, vou cobrar a partir de agora um plano emergencial para a entrega dos R$ 600”.

COMO ENTREGAR

“No meu ponto de vista, o governo já deveria ter mapeado quem receberá R$ 600 através dos agentes de saúde, pois eles conhecem a periferia toda. Eles podem fazer levantamento no prazo recorde de uma semana, com CPF e identidade. E o governo depositaria isso nas instituições e lotéricas, para compra de alimentação. Nossa grande preocupação agora é dar comida e medicamentos para o povo”.

PRESIDENTE MESSIAS

“O presidente acha que é mesmo o Messias, que é Deus, que já tem medicamento, ele já prescreve sem nenhuma base científica a cloroquina.. o que é uma verdadeira responsabilidade. Ele quer o conflito, só que o Congresso Nacional não cairá na armadilha dele”.

SAQUES INTERESSAM A BOLSONARO

“Ele [presidente] quer a população saqueando supermercados e lojas, revoltadas, achando que a culpa da crise é de governadores e prefeitos e ele...o Salvador da Pátria. Para ele, não importa a quantidade de mortes. Podem morrer 100 mil, 200 mil pessoas, 1 milhão. E ainda sobrarão 209 milhões de pessoas no Brasil! É essa a conta dele. Não importa com a saúde do povo brasileiro. Pensa primeiro na economia. E já está comprovado pelos economistas: a economia irá recuperar mais rapidamente se você tratar a saúde do povo. Veja bem, hoje não é imprensa nacional mais. Não vamos tratar da imprensa nacional! Vamos falar da imprensa mundial, de todo o planeta, através de editorias e manchetes: essa imprensa mundial está totalmente contrária às posições populistas e demagógicas do presidente brasileiro. Veja que a situação dele é tão irresponsável que o próprio Twitter já excluiu ele e suas twittadas, comparando-o com o ditador sanguinário Maduro (Venezuela), com o Khamenei (Irã). Ele está com os iguais, os iguais a ele. E eles não querem das solução para o povo”.

MORATÓRIA PARA EMPRESAS

“Já acionei minha assessoria jurídica e econômica do partido para pensarmos o que podemos fazer para dar fôlego às empresas em recuperação judicial ou que entrarem nesta fase a partir deste momento de pandemia. Penso que o correto é a Justiça não colocar nenhuma empresa a mais nesta situação até sairmos deste momento de emergência mundial. E dar um prazo, impedir falências,  suspendendo-as por um prazo, como um ano. Vamos ver qual será a saída se via parlamento, Congresso Nacional, que acho ser a saída mais demorada, ou outra. Precisamos,  isto sim, de uma ação emergencial! E esta ação estou estudando. Possivelmente entraremos com Adin no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a suspensão das dividas das empresas em situação de recuperação judicial.  Buscamos neste momento pontos defensáveis para conseguir êxito e tutelas antecipadas”.

BRASIL VAI SE REERGUER

“O Brasil vai se erguer, bem como todo o planeta. Mas com uma nova visão política, macroeconômica, social. Pois a crise do coronavírus mexeu com a humanidade. Essa humanidade não será a mesma, nem os governantes. Não há espaço para governantes ditadores de esquerda ou direita. A sociedade quer homens com equilíbrio, bom senso, que possam dialogar. A recuperação depende de todos, do trabalhador mais humilde aos empresários. Chegou o momento para mostrarmos que temos políticos, empresários e povo que - embora tenha um presidente que deseja dividir a população - tem um enorme desejo de união para sair da crise com menos sofrimento, empresas fechando e desemprego. O Brasil vai sair da crise. Se Deus quiser!”

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