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Touros jovens nelore e tabapuã provados são arrematados no Leilo Shopping

Com modelo de negócio iné­dito, que contempla pré­-lances via internet além dos tradicionais lances presenciais, o Leilo Shopping de Touros Jovens Embrapa/AGCZ “A Excelência em Eficiência Genética”, realizado úl­timo sábado na Embrapa Arroz e Feijão, em Santo Antônio de Goiás, promoveu a democratização da ge­nética de reprodutores provados das raças nelore e tabapuã. Foram comercializados 46 animais, sendo 39 nelore e sete tabapuã. Os touros foram os mais bem avaliados no último Teste de Desempenho de Touros Jovens (TDTJ) realizado pela Embrapa Cerrados (DF) em Goiás.

O evento presencial contou com cerca de 300 participantes, entre criadores, consultores e parceiros e marcou o encerramento da Goiás Genética 2018, feira promovida pela Associação Goiana dos Cria­dores de Zebu (AGCZ) em Goiâ­nia. O valor total das vendas foi de R$ 497.900,00, montante que, des­contadas as despesas, foi repassa­do aos criadores que disponibiliza­ram os animais. O valor médio dos lotes correspondeu a R$ 10.823,91. Os touros nelore foram arrematados pelo valor médio de R$ 11.040,00, enquanto os tabapuã foram nego­ciados por R$9.620,00 em média.

Os chefes gerais da Embrapa Cerrados, Claudio Karia, e da Em­brapa Arroz e Feijão, Alcido Wander, ressaltaram a importância do Leilo Shopping e da sintonia da Embra­pa com os produtores rurais. Karia destacou que o evento é a finaliza­ção de uma estratégia de transferên­cia de tecnologia. “Colocamos nes­ses animais todo o conhecimento sobre indicadores de desempenho animal para que o pecuarista pos­sa fazer boas escolhas e incremen­tar o rebanho. Ele pode escolher o animal que mais se adapta às suas condições ou que poderá suprir as carências (de seu sistema) adquirin­do um touro desses”, disse.

Para Wander, o Leilo Shopping é a materialização dos resultados da avaliação de animais visando à identificação daqueles que podem oferecer maior eficiência para os criadores. “Por meio da utilização de animais com melhores indica­dores de desempenho, consegui­remos melhorar a qualidade e a eficiência de nossos sistemas pro­dutivos. Na agricultura e pecuária de hoje, e mais ainda nos próximos anos, não há espaço para a produ­ção ineficiente. Temos que bus­car, cada vez mais, trabalhar com genética e sistemas de produção que favoreçam a qualidade com eficiência”, comentou.

Coordenador do TDTJ e do Lei­lo Shopping, o pesquisador Cláudio Magnabosco, da Embrapa Cerra­dos, destacou a parceria técnica en­tre a Embrapa, a Associação Brasi­leira dos Criadores de Zebu (ABCZ) e a Associação Nacional de Criado­res e Pesquisadores (ANCP). “Esta­mos em prol da obtenção e da iden­tificação de animais melhoradores, não importando a associação e a variação genética. Queremos ofe­recer o melhor animal, o mais lu­crativo. A gente se esmera nisso, seja nelore, seja tabapuã”, afirmou.

FORMATO INOVADOR

Os pré-lances do Leilo Shopping puderam ser dados desde o dia 14 de setembro na página do canal Ar­roba TV na internet, que exibiu in­formações técnicas e vídeos sobre cada lote ofertado. A ferramenta digital permitiu a participação de mais interessados de outras regiões do País. Os participantes que arre­mataram lotes com lances virtuais tiveram desconto de 5% no valor das compras. No dia do evento pre­sencial, os pré-lances virtuais foram consolidados e concorreram com os lances presenciais. A Arroba TV gerenciou o recebimento dos lances virtuais e presenciais e transmitiu o Leilo Shopping pela internet.

O presidente da ANCP, Raysil­do Lôbo, parabenizou a Embrapa e a AGCZ pelo formato inovador do Leilo Shopping. “Participei da implantação da internet no Brasil nos anos 1990 e sempre disse que (com ela) diversas atividades pode­riam ser feitas de qualquer lugar. O atual sistema de comercialização de animais no País é muito caro, então temos que fazer com que você pos­sa escolher (os lotes) e dar um lance a priori. E aqui se faz isso”, afirmou.

O modelo de shopping virtual também foi elogiado por Marcelo Garcia, técnico do Escritório Téc­nico Regional da ABCZ em Goiâ­nia que acompanha as avaliações do TDTJ. “Isso permite que as pes­soas possam ter mais qualidade e informação. Disponibilizamos to­das as informações de que o com­prador precisa para adquirir um touro consciente do que ele pode fazer para o seu rebanho. É isso o que queremos”, salientou.

ANIMAIS MELHORADORES

Com média de idade de 24 me­ses, os touros leiloados são prove­nientes de diferentes criatórios do Brasil Central e foram classificados no TDTJ como superiores (aqueles que obtiveram índice final até 10% superior à média geral dos animais participantes da avaliação) e elite (com índice final pelo menos 10% superior à média geral).

As características avaliadas no TDTJ são peso, ganho de peso, cres­cimento, reprodução, rendimento de carcaça, acabamento de carcaça, avaliação visual e eficiência alimen­tar. Também são apurados os mérito genético total econômico (MGTe), índice do Programa Nelore Brasil; e o iABCZ, índice de seleção da As­sociação Brasileira dos Criadores de Zebu que contempla características de importância econômica.

Marcelo Garcia, que auxiliou Cláudio Magnabosco nos comen­tários sobre os lotes durante o Leilo Shopping presencial, frisou que os touros ofertados são melhoradores e eficientes em converter alimen­to em carne. “São animais econo­micamente viáveis, vão trazer mais lucratividade e a possibilidade de permanência no negócio da car­ne. Têm, no seu exterior, uma be­leza racial bastante desejável, mas, principalmente, com sua genéti­ca melhoradora, trazem resulta­dos para a propriedade”, explicou.

EFICIÊNCIA ALIMENTAR

O presidente da AGCZ, Wagner Miranda, considerou o Leilo Sho­pping um marco histórico e decisi­vo de mudança na pecuária brasilei­ra por ter ofertado animais provados para eficiência alimentar. “Pela pri­meira vez, os touros avaliados para eficiência alimentar foram dispo­nibilizados para o produtor de for­ma democrática, acessível e de bai­xo custo. Esses animais, ou o sêmen de alguns deles, estarão disponíveis a qualquer produtor, de forma que essa genética possa ser pulveriza­da nas propriedades. Se você con­siderar que cada descendente des­ses animais vai produzir uma arroba a mais, isso é uma alavanca grande demais. E não tem volta”, apostou.

Foi com base nesse critério que Miranda, criador em Inhumas, Ca­turaí e Paraúna (GO), arrematou 50% de dois lotes do Leilo Shopping, sendo um deles um touro nelore pintado. O animal foi o primeiro co­locado do TDTJ no critério eficiên­cia alimentar, apresentando o me­nor consumo alimentar residual (CAR) da prova. O CAR compara animais diferentes em peso, taxa de ganho de peso, grau de acabamen­to e estado fisiológico. Para isso, es­tima-se um consumo ajustado para determinado animal, dado que é então comparado com o consumo real. A diferença resultante é o CAR. Assim, os animais que consomem menos que o estimado (CAR nega­tivos) são mais eficientes.

“A eficiência alimentar é a fer­ramenta mais moderna e que realmente faz a diferença na pro­dução da pecuária de corte com sustentabilidade. Fiz questão de comprar os dois lotes”, afirma Mi­randa, que também arrematou o touro tabapuã terceiro coloca­do geral no TDTJ, que se desta­cou, ainda, nos critérios ganho em peso e crescimento.

DISSEMINAÇÃO DA GENÉTICA

Os dois lotes adquiridos por Mi­randa e parceiros foram contratados pela central de genética bovina CRV Lagoa para fornecimento de sêmen. Apoiadora do LeiloShopping e par­ceira da Embrapa nos TDTJ desde 2002, a empresa já contava, na ba­teria de touros, com 15 animais ne­lore, nelore mocho e tabapuã iden­tificados em outras edições do teste.

O gerente de produto corte da empresa, Ricardo Abreu, conta que os novos touros se somam a outros dois touros jovens nelore provados também contratados neste ano – eles foram identificados na prova de eficiência alimentar, realizada em abril, e o sêmen já está em comer­cialização. “A velocidade da identi­ficação e da democratização dessa genética é um ponto fundamental que devemos colocar para a socie­dade. A genética não tem fronteira e as raças zebuínas são à base da pro­dução de carne brasileira”, afirmou.

Enquanto o touro nelore pin­tado foi contratado por ter sido o campeão em eficiência alimentar, o reprodutor tabapuã selecionado pela CRV Lagoa chamou a atenção dos técnicos por outros aspectos. “Ele foi o terceiro colocado na pro­va de ganho de peso e teve um ga­nho médio diário (em peso) fan­tástico”, disse Abreu.

Segundo o gerente, o animal também despertou interesse pelo volume de musculatura na carca­ça; pelo grande comprimento de costela, característica relaciona­da à precocidade de acabamento; pelo padrão racial apresentado, tido como excepcional; e o pedi­gree. “A linhagem paterna e ma­terna foram importantes em nossa decisão para compor a bateria de nossos touros”, completou.

O preço médio da dose de sê­men dos quatro touros jovens de­verá ser de R$ 25, o que, segun­do Abreu, proporcionará uma boa relação custo-benefício para o produtor que utiliza a insemi­nação artificial por tempo fixo (IATF) para emprenhar vacas. “E ele estará adquirindo uma gené­tica avaliada”, acrescentou.

A previsão é de que cada re­produtor forneça, inicialmente, ao menos cinco mil doses por es­tação de monta (três a quatro me­ses). Os bezerros resultantes das IATF serão avaliados ao nasci­mento, na desmama e ao sobre ano. “Se esses touros transmiti­rem aos filhos, com elevada con­fiabilidade, tudo aquilo que foi destaque na prova, eles se torna­rão raçadores, pois haverá a re­compra e todo mundo vai querer usar (o sêmen)”, explica.

GANHO DE PESO

Criador em Cocalinho (MT), Hugo Frota é um antigo compra­dor de reprodutores nelore de elite provados pela Embrapa. O foco do criador, um produtor e vendedor de touros, sempre foi nos animais mais pesados e com maior ganho de peso para uso no repasse das vacas PO que não emprenharam com a IATF.

“Sempre tento comprar animais entre os três primeiros (colocados) das provas e eles têm contempla­do minhas expectativas. Tanto que agora procurei o touro mais pesado e consegui comprá-lo”, disse Fro­ta, que adquiriu o terceiro coloca­do geral no TDTJ, pesando 702 kg aos 25 meses de idade – o mais pe­sado entre todos os animais ofer­tados. No TDTJ, o touro se desta­cou em crescimento, rendimento de carcaça, acabamento de carca­ça e na análise visual.

O animal arrematado atende às demandas apontadas por Fro­ta no comércio de reprodutores. “Quem compra touros agora não quer animais com chifres, mas de batoque pequeno. Também não quer touro de umbigo gran­de, pois há uma perda grande em função disso. A grande procura é por peso e precocidade”, expli­cou. Na propriedade, ele selecio­na animais sem chifres, de umbi­go curto e que se destacam não apenas em ganho de peso, como também em perímetro escrotal.

TOURO EQUILIBRADO

Selecionador de touros e fêmeas nelore PO há mais de 40 anos e dono de um dos principais criató­rios da raça no País, com fazendas em Guapó e Jussara (GO) e São José do Xingu (MT), Júlio Bernardes foi o criador com mais lotes ofertados (10 touros) no Leilo Shopping.

Mas ele também foi às compras e adquiriu um reprodutor que se destacou principalmente em ga­nho de peso, crescimento, repro­dução, acabamento de carcaça, MGTe e na avaliação visual. “É um animal que tem uma régua de DEP equilibrada. O pai dele é de uma li­nhagem que dá bastante marmo­reio (na carne), que estamos inte­ressados em inserir (no rebanho). E é um garrote de carcaça boa, per­fil racial bom, então é um animal equilibrado”, comentou.

Bernardes aprovou a qualida­de dos 46 touros comercializados no Leilo Shopping. “De maneira geral, são muito bons. O impor­tante é que eles passaram por pro­vas de seleção, evidenciando real­mente o valor genético. E só foram comercializados os animais elite e superiores (do TDTJ), o que já é uma pré-seleção. O criador com­pra um produto com a certeza de que ele vai transmitir tudo àquilo que mostrou”, afirmou.

O criador também salientou a importância das provas de ganho de peso e de eficiência alimentar reali­zadas pela Embrapa. “De agora em diante, as centrais (de genética) só vão aceitar touros certificados, que têm provas. Hoje, temos mais de 30 especificações. É como as sementes, que se não forem certificadas, não valem nada”, comparou.

O Leilo Shopping também teve o apoio das empresas, instituições e marcas Agroquima, Fortpass, RaçaFort, Tupi Alimentos, Fun­depec-Goiás, Fertilizantes Tocan­tins, Aval Serviços Tecnológicos e Sicoob Credi-SGPA.

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