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POLÍTICA

Senado: duas vagas e muitas incertezas

Nenhum dos pré-candidatos que disputam a sucessão estadual está com as cha­pas definidas. Sobram candidatos e incertezas. A aliança governista é a que vive o maior dilema. A chama­da chapa natural do “tempo novo”, corresponde às candidaturas do ex­-governador Marconi Perillo (PSDB) e da senadora Lúcia Vânia (PSB). Desde 1994 eles caminham juntos, quando a então deputada federal Lúcia foi candidata ao governo pelo PP, e cedeu as suas bases para eleger o deputado estadual Marconi Peril­lo (PP) à Câmara Federal. Na eleição seguinte, 1998, Marconi retribuiu a gentileza: foi candidato a governa­dor pelo PSDB e Lúcia, também pelo PSDB candidatou-se ao parlamen­to. Ambos foram eleitos e não para­ram de vencer eleições. Marconi foi reeleito em 2002, com Lúcia Vânia garantindo cadeira no Senado. Em 2010, Marconi retornou ao governo e Lúcia foi reeleita senadora. Pelo retrospecto, pode-se dizer que esta é uma dupla de sucesso. Mas em po­lítica, nada é simples assim.

Em 2002, com duas vagas em disputa, Marconi buscou o então se­cretário de Segurança Pública, De­móstenes Torres (PFL), para com­por uma das vagas. Demóstenes estava no auge de sua popularidade, após ter solucionado o sequestro de Wellington Camargo, irmão da du­pla Zezé di Camargo e Luciano. Na­quelas eleições Demóstenes seria o mais votado com 1.239.352 votos (26,74%), Lúcia teve (22,82%), Iris (22,61%), demonstrando o quanto o pleito foi acirrado Na sua volta ao governo em 2010, Marconi repetiu a dupla de senadores, e deu certo. Demóstenes voltou a ser o campeão de votos: 2.158.812(44,09%), Lúcia Vânia somou 1.469.559 (30,56%) e Marconi levaria a disputa ao segun­do turno, vencendo por 1.551.132 (52,99%) o ex-prefeito Iris Rezen­de (PMDB), que teve 1.376.188 (47,01%). A disputa apertada no segundo turno levou muitos a di­zerem que o apoio de Demóstenes foi fundamental para a reeleição de Marconi. Mas cada eleição é uma história, e neste pleito de 2018, De­móstenes, que foi cassado pelo Se­nado em 2012, por conta das de­núncias da Operação Monte Carlo, retomou via liminar do STF (Supre­mo Tribunal Federal) os seus direi­tos políticos e reivindica mais uma vez o direito de ser candidato ao Se­nado pela aliança governista. Será muito difícil para o governador José Eliton (PSDB) mediar esta disputa.

DIVISÃO

Além da disputa entre Lúcia e Demóstenes para figurar junto com Marconi na chapa do Senado, a aliança governista tem ainda dois outros nomes que também plei­teiam a vaga, o ex-deputado fede­ral Vilmar Rocha (PSD) e o minis­tro das Cidades, Alexandre Baldy, que apresenta a sua esposa, Lua­na Baldy, como alternativa para o Senado ou para a primeira suplên­cia de Marconi Perillo. Vilmar dis­putou o Senado em 2014, soman­do 1.012.496 votos contra 1.283.665 votos de Ronaldo Caiado (DEM). A avaliação de Vilmar é que o seu re­call permite entrar novamente na disputa e garantir a vaga de sena­dor. Até o momento, o ex-deputado não se manifestou sobre a possibi­lidade de ser acomodado em uma das suplências da chapa, ao contrá­rio, tem entabulado conversas com os candidatos de oposição. Vilmar já sentou-se à mesa com o deputado federal Daniel Vilela (MDB) e com o senador Ronaldo Caiado (DEM). Crítico da maneira como a chapa governista está sendo formada, não seria de todo impossível que Vilmar caminhasse com um dos candida­tos da oposição nestas eleições.

OPOSIÇÃO

Se a situação não está definida, a oposição também não está. O se­nador Ronaldo Caiado (DEM) por enquanto tem apenas um nome para as duas vagas do Senado: o seu colega de bancada Wilder Morais, que saiu do PP e retornou ao DEM. Caiado fez compromisso, durante o ato de apoio dos cinco prefeitos dis­sidentes do MDB, de que uma das vagas ao Senado e a de vice-gover­nador seriam destinadas aos eme­debistas. O tempo passa, e fica cada vez mais distante a aliança entre os dois partidos. Nada é impossível em política, já dizia mineiro Tancredo Neves, mas a tendência é que DEM e MDB sigam apartados, pelo me­nos no primeiro turno. Caiado so­nha com a divisão na base aliada. A hipótese de Demóstenes substituir Lúcia na chapa governista alimen­ta a esperança de que a senado­ra venha a compor chapa consigo. Caiado teria então Wilder e Lúcia ao seu lado, e provavelmente na vice um nome do Podemos, como o deputado estadual Lívio Luciano, ou uma surpresa. Nos bastidores comenta-se o convite que Caiado fez à deputada federal Flávia Mo­rais (PDT) para ser sua candidata a vice-governadora.

O MDB de Daniel Vilela vive di­lema parecido com o DEM de Ro­naldo Caiado. A chapa já conta com um nome predefinido: o deputado federal Pedro Chaves reivindicou antecipadamente uma das vagas na chapa ao Senado. Ele terá que enfrentar o ex-vereador e ex-secre­tário de Planejamento Agenor Ma­riano na convenção, mas com cin­co mandatos de deputado federal e um de estadual, é provável que já está com a vaga garantida. Da­niel também tem expectativa de uma divisão no bloco situacionis­ta, e aspira uma aliança tanto com Vilmar Rocha (PSD) quanto com a senadora Lúcia Vânia (PSB). A ten­dência, no entanto, é que formalize aliança com o PRP, que hoje é diri­gido no Estado pelo vereador goia­niense Jorge Kajuru, pré-candidato a senador. Kajuru pleiteou aliança com Caiado, que não garantiu esta possibilidade, convidado-o para se filiar ao DEM e ser candidato a de­putado federal. Focado na disputa para o Senado, Kajuru preferiu con­tinuar no PRP, e trabalha a possibii­dade de aliança com MDB.

PESQUISA

A última pesquisa Serpes, divul­gada pelo jornal O Popular, revela que em Goiânia a liderança na cor­rida pelo Senado é do vereador Jorge Kajuru (PRP) com 15,8%. Marconi e Lúcia estão tecnicamente empata­dos com 12,7% e 11,9%, respecti­vamente. O ex-senador Demóste­nes Torres (PTB) aparece com 8,5%, o deputado federal João Campos (PRB) alcança 5,4%, o senador Wil­der Morais (DEM), 1,7% e o depu­tado federal Pedro Chaves (MDB) 1,4%. Praticamente um terço do eleitorado da Capital está indeci­so (29,1%) e 7,6% preferem anular o voto. No quadro geral, conside­rando todos os municípios, Mar­coni lidera a pesquisa Serpes com 16,1%, Lúcia mantém-se na faixa de 11,7%, Kajuru fica com 8,4%, Demóstenes, 6,1%, João Campos, 5,2%. Vilmar Rocha (PSD) vem a seguir com 5,1%, Pedro Chaves, 2,6% e Wilder, 1,4%. O total de in­decisos aumenta, e chega a 35,3% e os que pretendem anular o voto também, somando 8,1%.

Na espontânea, os três candida­tos estão praticamente empatados. Marconi tem , 4,7%, Lúcia 2%; Ka­juru tem 1,7%. Demóstenes soma 1,2%; João Campos, 1,1%; Pedro Chaves tem 0,5% e Vilmar, 0,4%. Os indecisos saltam à extratosfera, e chegam a 82% e 5,8% pretendem anular o voto ou não votar

Marconi Perilo (PSDB) também lidera a rejeição com 34% de eleito­res que dizem que não pretendem lhe dar o voto. O segundo mais re­jeitado é Demóstenes com 33% e Kajuru o terceiro com 21,6 %. En­tre os favoritos, Lúcia Vânia é uma das que têm menor rejeição, com 19,6%. A pesquisa Serpes foi reali­zada entre os dias 30 de março e 5 de abril, foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob o protocolo número BR-07829/2018 e no Tri­bunal Regional Eleitoral sob o pro­tocolo número GO-05562/2018 no dia 29 de março de 2018. 801 elei­tores foram ouvidos nas regiões de Goiânia, Inhumas, Nerópolis, Aná­polis, Goianápolis, Guapó, Sena­dor Canedo, Aparecida de Goiâ­nia, Porangatu, Uruana, Ceres, Abadiânia, Luziânia, Novo Gama, Formosa, Simolândia, Águas Lin­das, Piracanjuba, Ipameri, Cata­lão, Morrinhos, Itumbiara, San­ta Helena, Rio Verde, Jataí, Caçu, São Luís de Montes Belos, Iporá, Vila Boa de Goiás e Faina. A mar­gem de erro é de 3,5% percen­tuais para mais ou para menos.

Disputa eletrizante nas eleições de 1990 e 2002

Na história recente, as dispu­tas mais eletrizandes para o Sena­do se deram nas eleições de 1990 e de 2002. Em 1990 apenas uma vaga estava em disputa, e o depu­tado federal Pedro Canedo (PFL) e o vice-governador Onofre Quinan (PMDB), ambos de Anápolis, dispu­taram voto a voto até a última urna. Quinan venceu por uma pequena margem de 12.006 votos, somando 633.086 contra 621.080 de Canedo. Em 2002, a diferença foi ainda me­nor: por apenas 9.531 votos, Lúcia Vânia (PSDB) garantiu a vaga impe­dindo a reeleição do então senador Iris Rezende (PMDB). Lúcia cravou 1.057.358 votos e Iris 1.047.827. Em comum estas duas disputas têm o fato de que o candidato a governa­dor nestas respectivas campanhas venceu por ampla margem, e, por assim dizer, “arrastou”, os seus can­didatos a senadores.

1990

Em 1990, Iris Rezende (PMDB) foi candidato pela oposição ao Pa­lácio das Esmeraldas e mesmo peitando a máquina administrati­va foi eleito no primeiro turno com 56,39% dos votos e sua coligação fez onze dos dezessete deputados fede­rais. Nas eleições de 2002, Marconi Perillo (PSDB) foicandidato à reelei­ção e venceu a disputa no primeiro turno com 51,21% dos votos, garan­tiu as duas vagas no Senado, com Demóstenes Torres (PFL) e Lúcia Vânia (PSDB), e sua coligação ele­geu onze deputados federais.

No pleito deste ano, as pesqui­sas mostram um cenário favorável à oposição, que pode se confirmar, ou não, até o final do pleito. Como demonstraram os números do Ser­pes, a chapa governista (Marconi e Lúcia) tem potencial para garantir as duas vagas, mas o desempenho ainda fraco do candidato a governa­dor pode comprometer a eleição de um ou de ambos.

OPOSIÇÃO

A oposição não está fora do páreo, com Kajuru ameaçando uma das vagas, e em caso de divi­são na chapa situacionista, o jogo pode complicar muito para o Pa­lácio das Esmeraldas. A tendência só irá ficar clara após as conven­ções partidárias A formalização das chapas definira o jogo do Se­nado nestas eleições.

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