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“Política se faz agregando, não cobrando fatura de companheiro”

Humildade, diálogo, sabe­doria e espírito público. Estes são os ingredientes que o prefeito de Turvânia, Faus­to Mariano (PMDB), julga serem necessários para que as lideran­ças da oposição construam uma candidatura forte em 2018.

Nesta entrevista exclusiva ao Diário da Manhã, Fausto Mariano defende o senador Ronaldo Caia­do (Democratas) como o nome mais preparado para disputar as próximas eleições e garante que o parlamentar retribuiu “inúmeras vezes” o apoio recebido em 2014 para chegar ao Senado.

“Política se faz agregando, bus­cando o entendimento por meio de diálogos e não cobrando fatu­ras ou desmerecendo companhei­ros”, alertou, quando questionado se concorda com a tese do deputa­do federal Daniel Vilela de que Caia­do tem que apoiar sua intenção de ser candidato ao governo.

Defensor da tese de que o PMDB precisa evitar os erros do passado e agregar siglas para sair vitorioso nas próximas eleições, Fausto Ma­riano critica a tese de “pseudo-au­tossuficiência partidária”. Segundo ele, este pensamento tem levado o partido a sucessivas derrotas. Ele também rebate a ideia de que exis­te um consenso dentro do PMDB em torno do nome do deputado federal Daniel Vilela.

O peemedebista comentou ain­da o posicionamento do ex-prefeito Maguito Vilela (PMDB), que defen­de que a oposição deixe para se unir apenas no segundo turno. “Discor­do profundamente do Maguito de que a união deve se dar no segundo turno. Mesmo porque, se a impren­sa de Goiás recorrer às eleições an­teriores, perceberá que ele sempre defendeu a união das oposições já no primeiro turno”, lembrou.

As eleições estão se aproximando e a oposição ainda está indefinida. O que o senhor acha que as lideranças devem fazer para chegarem fortalecidas em 2018?

- Primeiramente os líderes da oposição precisam ter humilda­de, sabedoria, espírito público e aprender com os inúmeros erros do passado. Não é por acaso que estamos há vinte anos perdendo as eleições majoritárias em Goiás. A exceção foi em 2014, quando ga­nhamos o Senado com Ronaldo Caiado, quebrando um tabu his­tórico. Em segundo lugar, é preciso haver diálogo, paciência e respei­to mútuo a todos os partidos da oposição, seus líderes e suas ba­ses, engrandecendo as candida­turas colocadas. Isso para que no futuro, por meio de critérios ob­jetivos republicanos, possamos escolher os candidatos (gover­nador, vice-governador e se­nadores) com espírito de grupo, deixando de lado vaidades e interesses pes­soais. Política se faz agre­gando, buscando o entendimento, e não cobrando faturas ou des­merecendo companheiros.

Este cenário de indefinição, na sua opinião, favorece o governo?

- Nesse momento é natural ter­mos indefinição. É momento de cada partido apresentar seu can­didato a governador e formar cha­pas proporcionais competitivas. Porém chegará um momento, talvez fevereiro ou março, que o consenso será necessário. Até por­que a campanha de 2018 será de apenas 45 dias, dos quais 15 serão para sua organização e os outros 30 de campanha eleitoral efetiva. Em agosto, quem chegar com lar­ga vantagem na pesquisa eleito­ral fatalmente será o governador. Agora, caso esse entendimento não ocorra, prevalecendo os erros do passado, logicamente isso favo­recerá de certa forma o governo. Contudo isso não lhe dá garan­tia da vitória. O momento de gra­ve crise política e econômica pelo qual passa o País fará com que o leitor analise o histórico de traba­lho, ética, honestidade, competên­cia e preparo intelectual do can­didato. E Ronaldo Caiado possui todas essas credenciais.

Daniel Vilela defende que chegou a vez do senador Ronaldo Caiado retribuir o apoio do PMDB em 2014. O senhor sente que há esse dever?

- Discordo profundamente. Não se constrói nada cobrando supos­tas faturas, condicionando algo, e sim demonstrando respeito a quem contribui para o projeto. Ronaldo Caiado já retribuiu inúmeras ve­zes o apoio do PMDB. Ele conce­deu as duas vagas de suplente de senador ao PMDB. Eleito em 2014, abriu mão do mandato, assumin­do riscos imensuráveis de desgas­tes políticos, para ser secretário de Segurança Pública num possível governo de Iris Rezende. Em 2015 manteve-se firme a favor da candi­datura de Iris Rezende após a elei­ção do diretório estadual, quan­do muitos tentaram acabar com o prestígio político de Iris. Na época a disputa foi discutida na Justiça, com episódio de tiros no diretório. Nos jornais muitos decretaram o fim político do nosso maior líder. Mas Ronaldo Caiado em todo mo­mento se posicionou ao lado de Iris Rezende e o lançou candida­to a prefeito de Goiânia. Ao mes­mo tempo apoiou vários candidatosdoPMDB a prefeito no inte­rior, emmunicípios como Aparecida de Goiânia, Cata­lão, Formosa, Rio Verde, Turvânia e Goianésia, entre outros.

O senhor acredita então que Ronaldo Caiado foi decisivo em momentos importantes do partido?

- Com certeza. O PMDB goia­no precisa ter humildade e gestos de reconhecimento pelo histórico político do senador, que contri­buiu e muito para irmos para o segundo turno na eleição de 2014. Lembremos que no primeiro tur­no a diferença de votos entre Mar­coni e Iris era a maior da história dos confrontos. Quase perdemos aquela eleição no primeiro tur­no. Só não perdemos porque ti­vemos o apoio do senador. Infe­lizmente o PMDB goiano, desde que foi para a oposição, tem sofri­do dessa pseudo-autossuficiência partidária. É ela que, desde 2002, tem nos levado a sucessivas der­rotas no cenário estadual, tanto para o governo quanto para o Se­nado. É bom lembrar que, desde 1998, sempre que o PMDB saiu com chapa puro-sangue, perde­mos as eleições. Não vamos es­quecer de 2006: Maguito Vilela candidato a governador, Onai­de Santillo como vice e Ney Moura Teles ao Sena­do. Também desde 1998 estamos en­colhendoemnú­mero de depu­tados estaduais, federais, prefei­tos e vereado­res. Onde está a autossuficiência partidária produzindo resulta­dos eleitorais e políticos positivos?

Na sua opinião, a saída para acabar com as derrotas é agregar?

- Sim. O PMDB precisa apren­der a agregar e respeitar todos os partidos de oposição pois, além de possuírem valor, não podem ser tratados como meros aces­sórios. O contrário disso é a so­berba que leva a desagregação, muitas vezes alicerçada por inte­resses meramente pessoais. Hoje em dia a candidatura majoritá­ria deve ser amplamente discu­tida com todos os partidos inte­grantes da oposição, com suas respectivas bases, inclusive es­timulando-as a apresentarem seus candidatos para, posterior­mente, por meio de vários crité­rios republicanos, escolhermos o candidato que irá representar a todos e que tenham comprova­damente mais chances de vitória.

A postura do senador de arregaçar a manga em 2016 pelo PMDB foi a mesma de todos os representantes do partido?

- Em 2014, Ronaldo Caiado, já eleito, não descansou um único dia e foi com todas as suas forças ajudar o Iris Re­zendenosegun­do turno para governador, en­quanto alguns peemedebistas foram descansar ou sequer entra­ram na campanha. Em 2016, Caia­do rodou esse estado e ajudou o PMDB a ter vitórias importantes.

Daniel Vilela tem defendido que sua candidatura é consenso dentro do PMDB. Concorda com essa posição?

- Não acredito nisso. Como pre­feito do PMDB e membro do dire­tório regional do partido, percebo que vários deputados, prefeitos, ve­readores, ex-deputados, presiden­tes municipais do partido e outros líderes do PMDB tem preferência pela união das oposições em torno da candidatura de Ronaldo Caia­do. Estamos cansados de, há vinte anos, perdermos sucessivas eleições. É hora de aprender com as derro­tas! Toda vez que o PMDB se prepa­rou para as eleições houve brigas e divisões. Basta lembrar de Hen­rique Meirelles, Júnior do Friboi e Vanderlan Cardoso. Não concordo, por exemplo, que o PMDB faça en­contros isolados. Por que o PMDB não participa de encontros com o Democratas e os outros nove par­tidos da oposição e os ajuda a ela­borar um plataforma de governo? Por que o candidato tem de ser obri­gatoriamente do PMDB sendo que existe um mais preparado e mais competitivodentrodoDemocratas?

O senhor concorda com a tese de que é melhor a oposição se unir em um eventual segundo turno, como Maguito Vilela tem defendido?

- Embora tenha um profundo respeito por Maguito Vilela, a quem sempre apoiei, discordo profunda­mente deste ponto de vista. Mesmo porque, se a imprensa de Goiás re­correr às eleições anteriores, perce­berá que Maguito Vilela sempre de­fendeu a união das oposições já no primeiro turno de qualquer eleição majoritáriaemGoiás. Seodeputado Daniel Vilela, seu filho, estivesse em primeiro lugar nas pesquisas, cer­tamente o Maguito estaria pedin­do a união dos partidos de oposi­ção já no primeiro turno.

Quais devem ser os critérios para a escolha do candidato?

- Discordo! Jamais quem está à frente nas pesquisas eleito­rais pode ceder a sua candidatura a gover­nadorparaquemestá atrás. Aindamaisago­raque, em2018, tere­mos apenas 30 dias de campanhapolítica efetiva. O prazo é muito curto para virar uma eleição. Agora, concordo plenamente que se estabeleçam cri­térios republicanos de escolha do candidato. Esses critérios seriam elaborados por todos os partidos da oposição por meio de diálogo e da percepção de que a eleição de 2018 terá ingredientes que não exis­tiam nas anteriores.

Por que o senhor acredita que Ronaldo Caiado é um nome preparado para o cargo de governador?

- Na minha opinião, sem som­bra de dúvidas, o senador Ronal­do Caiado é o pré-candidato mais preparado. Constata-se isso pela sua experiência como deputado federal por vários mandatos, por ser senador da República, por sem­pre ter sido um dos políticos mais influentes e respeitados do Brasil, pela sua honestidade, ética como tem pautado suas ações, coerên­cia, por apresentar um forte, ver­dadeiro e coeso discurso de oposi­ção, por possuir uma rara história de política ilibada e sem manchas de corrupção, pela vasta experiên­cia em Brasília, por debater qual­quer tema sócio-político e econô­mico do Estado de Goiás e do Brasil, por estar realizando encontros com partidos de oposição e não somen­te com o Democratas, demonstran­do espírito de grupo.

Os líderes da oposição precisam ter humildade, sabedoria, espírito público e aprender com os inúmeros erros do passado. Não é por acaso que estamos há vinte anos perdendo as eleições majoritárias em Goiás”   Ronaldo Caiado é o pré-candidato mais preparado. Constata-se isso pela sua experiência como deputado federal por vários mandatos, por ser senador da República, por sempre ter sido um dos políticos mais influentes e respeitados do Brasil”

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