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Razões que fazem de Meirelles o nome mais forte para 2018

Quando o leitor chegar nas urnas em 2018 é provável que não tenha o cenário atual bipolarizado entre o populismo de Jair Bolsonaro (PSC) e o discurso de ódio de Lula (PT). Talvez, de fato, ele encontre outro espaço de confronto completamente diferente: um candidato reformista, um de centro-esquerda e outra reivindicação de esquerda, além de um representante da extrema direita. Pelo menos um outro nome de centro deve integrar a disputa: Geraldo Alckmin (PSDB).

A candidatura de centro-esquerda será possivelmente ocupada por Marina Silva (Rede) e a da esquerda por Luciana Genro (Psol). E Lula? Seria inédito no mundo um candidato com tantos processos penais concorrer uma disputa eleitoral da envergadura da República. Possivelmente, o PT adotaria uma estratégia de se isentar das eleições ou apoiar uma candidatura mais viável juridicamente – caso do ex-prefeito Fernando Haddad (PT) ou Ciro Gomes (PDT).

Em um quadro confuso como está, a população vai buscar alternativas. Acredito que ela rejeitará a ideia tão simplória de salvadores da pátria. Como o Brasil precisa de ajuste e de organização, o Meirelles torna-se um nome muito forte neste cenário que começa a se desenhar Itami Campos, cientista político   

Geraldo Alckmin (PSDB), Ciro Gomes (PDT), Bolsonaro (PSC)... Todos, enfim, podem ser atropelados pelo “efeito Meirelles”. Chefe maior da economia do país, o engenheiro civil goiano tem seu nome cada vez mais cogitado para uma disputa em 2018. Especialistas e cientistas políticos apontam seu nome como uma das possibilidades mais viáveis, já que a tendência é de que os discursos de ódio de Lula e Jair Bolsonaro tenham seus efeitos diluídos com a introdução da razão em um debate que sempre começa emocional, mas que volta para o espectro do racional.

Conforme o cientista político Itami Campos, Henrique Meirelles pode catalisar a disputa em torno do seu nome, já que é o único que se apresenta concentrado e trabalhando no governo de Michel Temer (PMDB).   “Em um quadro confuso como está, a população vai buscar alternativas. Acredito que ela rejeitará a ideia tão simplória de salvadores da pátria. Como o Brasil precisa de ajuste e de organização, o Meirelles torna-se um nome muito forte neste cenário que começa a se desenhar”, explica o cientista político.

Itami revela que existe cenário para o crescimento da candidatura de Meirelles, notadamente uma postulação conservadora e “reformista” em vários pontos.  “Ele tem a cabeça no lugar, é gestor, logo pode ser o perfil que está faltando na disputa: um nome que ocupe o centro”.

O perfil liberal de Meirelles – diz Itami Campos – tende a agradar o mercado, que procura um nome para depositar suas esperanças. Em uma disputa eleitoral, o que se procura quase sempre é alguém que não altere os interesses de quem comanda a superestrutura do mercado, mas que apenas controle e regule. Meirelles sabe fazer isso.

Um dirigente de segmento empresarial de Goiás, que pede anonimato, diz que existem interesses paroquiais que podem interferir na candidatura de Meirelles, por “inveja” de sua disposição e “trabalho”. “Mas ele é o candidato ideal. Tem conhecimento, foi testado nas urnas uma vez e sabe bem o que é economia”, diz.

Se o centro colocar Meirelles na disputa a tendência é que ocorra o isolamento de imediato de várias candidaturas – caso da postulação do apresentador Luciano Huck (sem partido), Ciro Gomes (PDT), João Dória (PSDB) e Geraldo Alckmin (PSDB) – atingido pela Lava Jato e toda ordem de ataques que resvalaram nos tucanos.

A legenda não tem hoje postulantes sem escândalos. E Meirelles não aparece em nenhuma lista de beneficiados pela Odebrecht, não manteve encontros fortuitos ou foi flagrado em gravações comprometedoras. Segue então limpo diante do inferno que queima a reputação dos políticos de carreira.

“Do ponto de vista da comunicação, do marketing, ele tem um perfil ideal para momentos de ruptura. Pois anuncia a ruptura, mas garante a tradição. Isso se dá em um discurso de reformas e trabalho. Se viabilizar seu nome, pelo porte da candidatura, acho difícil não escolher algo entre trabalho, desenvolvimento e reformas. Terá amplo apoio social”, diz Márcio Alves Lima, especialista em marketing eleitoral.

O especialista fala que Meirelles tem “ar cosmopolita”. De todos pré-candidatos, seria aquele com melhor currículo.  A primeira razão que faz de Meirelles o melhor candidato do centro é exatamente suas qualidades de um “não político”. O Brasil passou a rejeitar com veemência aqueles que vivem exclusivamente da política e que não têm outra profissão a não ser o serviço público apadrinhado por caciques e líderes partidários.  Este perfil fracassou no momento.

E Meirelles se comporta exatamente como um antipolítico. Ele não tem padrinho, não bajula legendas, não deve favores para políticos. Seu capital é exclusivamente fruto da técnica. Foi presidente do Banco Central das gestões de Lula – diga-se, o mais estável – por competência própria.   Queria ser senador em Goiás, em 2002, mas seu partido na época preteriu um gestor de nível internacional para atender interesses regionais. Ainda, sim, foi candidato a deputado federal – sendo o mais votado da história, até ver seu recorde superado pelo fenômeno Delegado Waldir (PR).

No governo Lula, foi escolhido para ser candidato à vice-presidente. E rejeitou o convite. Em 2010, no último dia para escolher que caminho seguir, optou em ficar no governo. Seu afastamento da gestão Dilma Rousseff (PT) foi uma das motivadoras para o país entrar no caos. Sem sua bússola, Dilma desgovernou e passou a testar chefes da economia como se o Brasil fosse um time de futebol amador. Discretamente, elegante e sem frases feitas, Meirelles viu o caos da arquibancada.

Só não será candidato se não desejar.

Perfil técnico torna ministro imbatível para corrigir economia


O ministro da Fazenda Henrique Meirelles tem 72 anos. Nasceu em Anápolis, tendo desenvolvido carreira universitária na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, onde se formou em 1972.  Dois anos depois, entrou na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para pós-graduação em administração.

Dez anos depois da experiência no Rio, agora nos Estados Unidos, cursou o Advanced Management Program (AMP) pela Harvard Business School, tornando-se um dos profissionais mais disputados no segmento bancário dos Estados Unidos.

Tornou-se popular no Brasil na virada da década de 1990 para 2000 quando assumiu a presidência internacional do BankBoston. Atuou como presidente do Conselho de Administração da J&F Investimentos e Azul Linhas Aéreas Brasileiras.

Recentemente, bancos como Barclays e Goldman Sachs sondaram o ministro da Fazenda, para que assumisse a presidência das entidades.

Uma das características essenciais do perfil do executivo goiano é seu equilíbrio de conhecimentos: sabe transitar das agendas da iniciativa privada e do setor público.

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