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Deputados confirmam que receberam doações de empreiteira, mas negam que impediram greves contra a UTC

 Os deputados Paulo Pereira da Silva (SD-SP) e Luiz Sérgio (PT-RJ) disseram nesta terça-feira que as doações que receberam do empresário Ricardo Pessoa, dono da UTC e Constran, para suas campanhas eleitorais, foram legais e estão registradas na Justiça Eleitoral. Segundo o empresário disse em seu depoimento de delação premiada prestado ao Supremo Tribunal Federal (STF) na sexta-feira, em Brasília, os deputados receberam as contribuições para que ajudassem a UTC a evitar greves em obras da companhia.

Luiz Sérgio, segundo Pessoa, recebeu R$ 200 mil da UTC para sua campanha de deputado federal em 2014, em troca de que o parlamentar ajudasse a evitar paralisações de trabalhadores nas obras da Usina Nuclear de Angra 3. Luiz Sérgio foi prefeito de Angra entre 1993 e 1996 e presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Angra, com grande acesso aos trabalhadores na área de influência da UTC.

- Recebi os R$ 200 mil legalmente. A doação está declarada em minha prestação de contas. E só acessar os dados que estão na Justiça Eleitoral. Fico alegre que o empresário me identifique como alguém que tem bom relacionamento com os trabalhadores. Mas faz tempo que não participo de uma assembleia de metalúrgicos ou da construção civil. Se ele fez a doação para evitar greve, acho que deu errado, porque houve até muitas greves em Angra 3 - disse Luiz Sérgio.

Para ele, não há constrangimento algum pelo fato de ser o relator da CPI da Petrobras na Câmara, que tem exatamente o papel de investigar corrupção na estatal, incluindo as doações das empreiteiras para políticos.

- O dono da UTC já foi convocado para vir aqui depor. Só estávamos aguardando ele depor ao STF para depois ele vir aqui à Câmara. Agora, no entanto, precisamos que o STF nos dê o teor do que ele falou lá, para ele vir aqui depois - disse Luiz Sérgio, relator da CPI.

O deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, também confirmou ter recebido R$ 500 mil da UTC para sua campanha a prefeito de São Paulo em 2012, "de forma legal", mas negou que tenha recebido o dinheiro para impedir a realização de greves nas obras da usina de São Manoel, na divisa entre o Pará e o Mato Grosso.

- O Ricardo Pessoa fez mesmo a doação de R$ 500 mil para minha campanha, mas está registrado na Justiça. Nunca me falou que era para evitar greves em suas obras. Na verdade, quando eu recebi a doação, havia muitas greves na construção pesada e eu estava empenhado na melhoria do setor, mas eu não sabia que o objetivo dele era evitar greves. Continuamos fazendo greves onde é preciso fazer - disse Paulinho.

O deputado não se considera "no mesmo barco" dos demais políticos que receberam doações ilegais do dono da UTC.

- Não me sinto farinha do mesmo saco. Além do mais, a reforma política não mudou a legislação que permite doações de empresas para os partidos políticos - disse Paulinho da Força

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