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POLÍTICA

Mídia internacional vê protesto de ricos

BBC, El País, Guardian e NYT dizem que ricos e brancos tomaram as ruas do Brasil

Marcus Vinícius Da editoria de Política&Justiça

Os grandes protestos contra o governo, realizados neste domingo, em várias partes do Brasil ganharam destaque na imprensa estrangeira ontem. Muitos jornais enxergaram um "protagonismo da classe média branca" nas manifestações.
"Centenas de milhares de brasileiros predominantemente brancos e de classe média tomaram as ruas ontem (domingo) para pedir o impeachment da presidente e, alguns, um golpe militar", publicou o britânico The Guardian.
No argentino Clarín, destacou-se que o deputado federal Paulinho da Força (SD-SP) foi "o único que levou grande número de manifestantes que não são nem brancos nem ricos para a manifestação".
O diário destacou, porém, que Paulinho – líder da Força Sindical e um dos únicos a defender abertamente o impeachment da presidente – foi hostilizado por manifestantes que apenas "toleram" a camada social de trabalhadores representada por este político.
Já o espanhol El País noticiou, na capa do periódico, que "os protagonistas das marchas pertencem às classes médias mais educadas". Foram, segundo o jornal, "médicos, professores, advogados e estudantes bem preparados e informados".
Os jornais noticiaram também a baixa popularidade da presidente e associaram o fato à crise econômica e à Operação Lava Jato, entre outros.
O New York Times seguiu esta linha e destacou os desafios que o governo enfrenta com a "estagnação da economia, um escândalo de corrupção e uma revolta de algumas das figuras mais poderosas de sua coalizão".
No domingo, diversos manifestantes protestaram com cartazes em inglês com o objetivo de obter atenção da mídia internacional

Carnavalização
Oscar Maroni também participou do protesto na Avenida Paulista, dono da Boate Bahamas (nome chique para uma das casas de garotas de programa mais famosas de São Paulo), ele ironizou a passeata:
– “Estou aqui como candidato a presidência da república porque é uma putaria o que está aí e ninguém entende mais de putaria do que eu. Claro que estou brincando, mas não suporto mais ver o meu País nessas condições. O nosso País é muito mais sério e essa ideologia que aí está é superada, não tem como dar continuidade.” Impeachment? “A pergunta é delicada, andei pensando nisso. Agora eu pergunto: Aécio fez oposição? Não sei quem eu colocaria no lugar, só sei que eu não tenho condições”, disse Maroni.

Inimputável
Jorge Pozzobom é um deputado estadual do PSDB do Rio Grande do Sul. Foi o mais votado de Santa Maria nas últimas eleições. É advogado criminalista formado pela UFSM. Líder da bancada tucana na Assembleia Legislativa, ele tem batido duramente no governo Dilma.
“A cada dia fica mais claro aos brasileiros que a corrupção da Petrobras se institucionalizou no governo Lula e foi ampliada ao longo do primeiro mandato de Dilma, com o objetivo de financiar a manutenção de um projeto de poder hegemônico no País”, diz. Essa é a toada que faz sucesso entre sua turma.
Mas Jorge Pozzobom é também o símbolo escarrado de uma doença nacional: a sensação de que se pode falar qualquer coisa, desde que contra os alvos de sempre.
Em sua conta no Twitter, o doutor Pozzobom deixou escapar o que é comentado nos corredores de seu partido, mas nunca foi dito publicamente.
Durante um bate-boca relativamente civilizado com militantes petistas, afirmou esperar que “alguém que não seja ameaçado de morte ou morto como o Celso Daniel possa trazer por delação a mega lista do PT”. Foi advertido de que calúnia ainda é crime no Brasil.
Sua resposta: “Me processa. Eu entro no Poder judiciário e por não ser petista não corro o risco de ser preso”.
Repetindo: “Eu entro no Poder judiciário e por não ser petista não corro o risco de ser preso”.
Não é que Pozzobom saiba de algo que você não sabe sobre a Justiça. Não é apenas pelo fato de ele ser advogado que ele diz esse tipo de barbaridade.
É que ele pode. É senso comum. Apenas não havia sido vocalizado dessa maneira.
Num País em que se toleram manifestações de ódio explícitas e acusações sem provas, em que um juiz sugere que a presidente iria sancionar a Lei do Feminicídio por que estava advogando em causa própria, em que se prega a volta da ditadura numa boa – o que isso tem de mais?
Pozzobom, um sujeito inteligente, tem ciência de que, sendo do PSDB, não corre risco algum. Essa é a contribuição de homens como ele para a democracia. Está longe de ser exceção num partido que adotou uma retórica golpista histérica. Apenas foi o primeiro a sair do armário.
Não há hipótese de que isso desemboque em algo de bom para a sociedade, mas a quem apelar (Fonte: BBC, The Guardian, Clarin, El Pais e DCM – Diário do Centro do Mundo)

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