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POLÍTICA

A cultura que não sabe o que quer

PX  Silveira Especial para o Diário da Manhã

Não é só o governo de Goiás que tem problemas com a gestão da cultura. A cultura, por meio de alguns seus representantes, demonstra que também tem problemas em entender o governo. E estes parecem ser mais difíceis de resolver do que aqueles.
O pessoal que reclama da atuação do governo na área da cultura na verdade não tem nada para acrescentar ao que está aí e se perde em divagações. Mexem sem se mover, gritam sem sair do lugar. E vou dizer por quê.
Os editais (de fundos e leis), que dão origem às reclamações, vieram para ficar. Se consolidaram em todo o País. E muitas vezes, como é o caso de Goiás, se confundem com política cultural. Não são. Eles simplesmente repartem as verbas destinadas às ações culturais da maneira a mais democrática possível. E embora estejam longe de ser um procedimento perfeito, não há nada melhor que possa substituí-los.
O que o pessoal da cultura reclama é simplesmente do cumprimento do cronograma dos editais. E nisso tem toda razão. Os cronogramas têm que ser cumpridos a cada ano, custe o que custar, sob pena de se negar a lei, não honrar o estabelecido, retroceder, ignorar e desprestigiar uma área, a cultural, que de tão vital para a sociedade não deveria ser tratada na gestão governamental como um setor a mais, mas como uma dimensão, que é o que a cultura verdadeiramente é.
O problema é que por não ter mais nada a falar, o pessoal que reclama preenche suas frases de demandas com besteiras e agressões. Alguns chegam a xingar o governo de forma geral e infantil, sem buscar entender o processo histórico por que passamos, governo e sociedade. Outros fazem apelo ao drama e à mise-en-scène, quando a questão é pontual e como tal deve ser tratada.
Dizer que o atraso dos editais (do Fundo de Cultural e da Lei Goyazes) se deve à fusão da secretaria da cultura com as da educação, esporte e lazer, é querer simplificar a questão. E desviar o foco do problema. Ou melhor, dos problemas.
O que faltam para a cultura são ideias novas. O cumprimento do cronograma dos editais vem aí, de uma maneira ou de outra. Em nenhum momento da sua história, o governador Marconi Perillo deixou de honrar seus compromissos com a cultura. O que eu gostaria de realmente discutir e dar minha pequena contribuição é para saber o que mais a cultura vai ter, para onde vai evoluir esta administração, além do puro cumprimento do calendário de eventos e editais já existentes.
E mais. Quais as formas mais viáveis de repartir os bens culturais com a população? Como ir além de uma bem-vinda descentralização e avançar para desconcentrar a gestão e o incentivo, empoderando outras esferas? Como tornar o Estado de transversalidade da cultura, presente em todos os setores da nossa vida, em uma realidade absorvida e praticada em todos os segmentos da administração governamental?
Acredito que buscando estas respostas, avançaremos. Quanto às cobranças, elas são e sempre serão necessárias, mas com consciência e visão ampliadas. Com vigor e persistência, sim, mas, sobretudo, com inspiração.

(Px Silveira, [email protected])

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