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POLÍTICA

Ditadura quis ligar Mauro Borges à guerrilha

O ano, 1962. O presidente João Goulart, herdeiro do trabalhismo de Getúlio Vargas havia assumido após a renúncia do presidente Jânio Quadros em 25 de agosto de 1961. Em Goiás o governador Mauro Borges realizava uma experiência de governo planejado, com influência da Fundação Getúlio Vargas. Era o Plano MB, que criaria a Saneago, a Celg, a Iquego, o Idago e outras estatais que impulsionavam o desenvolvimento do Estado. A Revolução Cubana, ocorrida em 1959, animava sonhos libertário na America Latina, e em Goiás, intelectuais, estudantes e membros do “partidão” (PCB), se inspiravam no movimento caribenho para cooptar as massas.

É neste contexto que em 1962 Francisco Julião, o líder das Ligas Camponesas, movimento que organizava os trabalhadores rurais do Nordeste, tem a inspiração de criar focos guerrilheiros País afora. Em Goiás o líder estudantil Tarzan de Castro foi encarregado de recrutar membros para os campos de treinamento que foram construídos em fazendas em Dianópolis, no Nordeste de Goiás, na região do Rio da Conceição, e ainda focos na divisa de Goiás com o Mato Grosso, em Santa Fé, próximo a Alto Araguaia, na divisa de Minas Gerais e Bahia e em Toledo, no Paraná, próximo a Cascavel.

A experiência foi um desastre. Os campos de treinamento não tinham nada do que fora prometido. O escritor Antônio José de Moura, que participou da aventura no Mato Grosso, passados alguns meses de frustração com as condições do local fugiu com outros companheiros. Mais tarde relataria a experiência em um livro, assim como o publicitário Hugo Brockes.

O amadorismo da experiência baseada na experiência cubana de “focos guerrilheiros” acabou por se tornar um escândalo nacional. Tarzan de Castro procurou Julião e o coordenador do experimento, o jornalista Clodomir de Morais, para desativar os acampamentos. Levou a ambos informações de que o Exército, a polícia goiana e a Polícia Federal já tinham conhecimento do movimento, que foi denunciado por fazendeiros locais. “Não deram bola, e pior, Clodomir trouxe de jipe mais cinco elementos de Pernambuco para reforçar a segurança do acampamento de Dianópolis e fazer a resistência”, registra.

Tarzan procurou o embaixador cubano no Brasil, Carlos Antônio Bruguera, no sentido de que ele persuadisse os líderes da Liga Camponesa para desativar os centros de treinamento. Alarmado com os relatos, Bruguera escreveu um informe para Cuba, que deveria ser entregue ao comandante Fidel Castro, alertando sobre a gravidade da situação, pois os campos de treinamento estavam para ser “estourados” pela polícia brasileira, com graves consequências para a imagem de Cuba no País. Mas a sorte não estava ao lado deles. O jato da Varig, prefixo PP-VJR, que levava emissários cubanos, caiu próximo a Lima matando 97 pessoas. O memorando contando os planos das Ligas Camponesas foi descoberto, encaminhado à CIA e divulgado em jornais da América Latina e Brasil.

FOMENTADO

“Carlos Lacerda fez um discurso denunciado que o primo do Fidel Castro (no caso eu, por ter Castro no nome) estava fomentando guerrilhas em Goiás”, recorda Tarzan.

Os participantes da malfadada experiência seriam presos pelo Dops de Goiás, que não estava interessado na revolução cubana, mas em torturar cada um dos membros dos campos de treinamento para que confessassem que o governador Mauro Borges era o mentor do projeto.

O IPM (Inquérito Policial Militar) que o Diário da Manhã teve acesso com exclusividade trata deste momento histórico, onde a ditadura usou de todos os meios para depor Mauro Borges do poder. Assim como os procuradores de Curitiba utilizam até de power-point para acusar investigados pela Operação Lava Jato, os agentes da repressão em 1964 usaram de todos os artifícios para criar fatos que favorececem aos seus planos.

Tarzan narra este episódio no seu livro Tarzan de Castro, Vida, Lutas e Sonhos, Editora Kelps. Nesta entrevista, ele fala sobre o IPM e esclarece os motivos do fracasso do experimento guerrilheiro no Cerrado goiano.

A ENTREVISTA

Diário da Manhã – O Inquérito Policial Militar (IPM) 83/65 aponta Tarzan de Castro como líder de uma organização que criou focos de guerrilha em Goiás e em todos os depoimentos os acusados são questionados sobre a participação do governador Mauro Borges neste movimento. Passados 51 anos, eu pergunto: Mauro fomenta esta ideia de guerrilhas em Goiás?

Tarzan de Castro – Este processo é uma farsa. Ele foi criado por elementos ligados à ditadura com objetivo de derrubar o Mauro Borges. Como a maior parte dos IPM’s da época, as pessoas eram julgadas sabendo que iria ser condenado. Havia a farsa do julgamento, que era feita pela Justiça Militar, com os juízes e promotores fardados, e você, preso, sabia que aquilo era uma piada. Eu não tinha advogado, e colocaram um dativo para me defender, e o sujeito, na defesa, começou a falar da história do Tarzan, o personagem de Edgar R. Burroughs: “O Tarzan é filho da selva, é um amante da natureza, que sobe nas árvores, sobe de cipó, ele não tem maldade...” Eu quase levantei e agredi o advogado. Ora, era uma piada, mas uma piada de mal gosto, que ao final eu fui condenado.

DM – Você tinha ido em Cuba, e isto o influenciou no projeto das Ligas Camponesas. E até que ponto Mauro Borges tinha conhecimento destas movimentações que você fazia durante o seu período como assessor do governo?

Tarzan – Eu tinha ido a Cuba como líder estudantil e fui ganho pelas aquelas idéias, e ajudamos a liga a fundar associações em vários municípios, como em Iporá, e a idéia com as ligas era criar a frente política. Este era o movimento legal que não tinna nada haver com os focos, mas seria uma cobertura de massas posterior para os focos. E nestes movimentos da liga a gente tinha apoio de intelectuais e de estudantes, como o Zacariotti, o Eudoro Pedrosa e alí eu tinha ambiente para recrutar. Mas o governador não tinha qualquer participação nisto.

DM – Você e o governador chegaram a falar sobre este episódio?

Tarzan – O Mauro Borges era coronel do Exército e governador. O comandante-geral da Polícia Militar de Goiás era um coronel do Exército, colega do Mauro. Era um homem muito conservador, o coronel Joel. Ele ajudou e estava por dentro da investigação em Dianópolis e da destruição do acampamento guerrilheiro. Ele fez uma operação da PM juntamente com a Polícia Federal e outros setores de informação das forças armadas que foram lá, desmontaram e prenderam os militantes e pegou aquele material todo e divulgou como sendo um foco guerrilheiro. As prisões foram decretadas pelo juiz João Moreira Marques, que segundo Clodomir, tinha sido militante integralista. E quando eu voltei de Dianópolis, pois havia ido lá pessoalmente ver a realidade, o governador me chamou ao seu gabinete. Ele disse: “Tarzan, eu quero ter uma conversa muito séria contigo, uma conversa de seu superior e de seu amigo”. E ele me abordou dizendo que eu estava metido numa aventura totalmente errada e absurda. Disse textualemente: “Estou informado pelo serviço de inteligência da PM que vocês estão com um campo de treinamento de guerrilha em Dianópolis?”. Eu quis retrucar, mas ele insistiu: “Tarzan, eu estou sabendo de tudo. Não aceito isso. Não posso aceitar. Isto é uma provocação. Vocês estão sendo de uma ingenuidade sem tamanho, vão ser massacrados e eu não posso tolerar você junto comigo. Ou você abandona isto, e abandona de uma maneira que eu possa perceber claramente, ou você não serva para trabalhar comigo no meu gabinete. “ Então isto foi concreto. O governador me advertiu e foi a polícia militar de Goiás, juntamente com as forças armadas, que destruiu o acampamento do Rio da Conceição em Dianópolis.

DM – Você foi preso nos primeiros dias do golpe ainda em 1964.

Tarzan – Eu fui preso logo após o golpe e passei a ser alvo de torturas. Eu fui preso pela política do Mauro, torturado no 10 BC e fiquei preso no Cepaigo durante meses e meses. No fim do ano, quando fechou o tempo contra o Mauro, eles queriam derrubá-lo, então montaram uma farsa de um inquérito contra o Mauro, dizendo que ele era comunista, que dirigia um grupo de espiões poloneses e chineses que roubava areia monasítica e levavam para China para fabricar a bomba atômica. Eram coisas loucas, fantasiosas. Está nos IPM’s da época. E que o Mauro era o responsável pelos campos de treinamento de guerrilha das Ligas Camponesas.

DM – Os IPM’s eram o power-point da ditadura?

Tarzan – (risos) Exatamente. Eles faziam a montagem destes inquéritos para derrubar os adversários da ditadura, e eu fui preso, torturado com o objetivo de assinar uma confissão que incriminasse o Mauro.

DM – Mauro foi solidário em algum momento?

Tarzan – Eu lembro que Mauro mandou falar para mim que estava pressentindo que haveria em Goiás a intervenção da revolução (ele chamava o golpe de revolução). E ele não podia me soltar, porque eu estava marcado demais e por isso havia a exigência de me manter preso, e por isto não poderia me soltar. Mauro soltou todos os outros, e só eu fique preso no Cepaigo. Aí depois do golpe, eles prenderam o Hugo Brockes o João Batista Zaccati, que era chefe do gabinete Civil, o Hugo, o professor Simão Kossobuski, que era polonês e o Paulo Guko, que fomos levados a Brasília. Nós eramos torturados e reconhecia as vozes do Capitão Aníbal e o Tenete Marcus Fleury e eles trouxeram torturadores do Rio de Janeiro que batiam, davam choque, punham água para aumentar o choque, punham de cabeça para baixo. E eles batiam e diziam: “Tarzan, só queremos uma coisa, foi o Mauro. O Mauro é que foi o comandante”. Eu retrucava, falava que era da Ligas Camponesas e apanhava mais. E aí eu escutei o Aníbal falando para mim e para os torturadores: “larga de ser babaca. Você fica aí defendendo este filho da puta deste Mauro. Ele mandou te prender, você está preso por causa dele, e fica defendendo ele”? Eu não admiti, assim como os presos que estavam lá comigo, o Zacarrioti, o professor Simão e o Paulo Gutko, fomos colocados numa sala, e aí o coronel Danilo chegou de madrugada e disse que seríamos transferidos para uma unidade militar, e disse que “para nossa saúde física e mental, que esquecêssemos tudo o que nos aconteceu”. Fomos levados para o Batalhão da Guarda Presidencial em Brasilia na véspera da intervenção contra o Mauro. E lá começou a sair o boato que tinha tortura em Goiás e um belo dia abriram para visita de jornalista, e eu fiquei sabendo que eles viam, e escrevi num pedaço de papel a denúncia dass torturas em Goiás. E quando os jornalistas entraram eu consegui colocar no bolso de um dos jornalistas, que era do Correio da Manhã, e ele publicou denunciando as torturas em Goiás. O Pedro Ludovico era senador e fez a denuncia que as torturas eram parte do plano para derrubar o Mauro e isto foi um escândalo.

DM – A experiência guerrilheira das ligas foi mesmo uma aventura, como você relata no IPM?

Tarzan – Faltava tudo tudo: formação teórica, formação militar e também organização política. O Mourinha (escritor Antônio José de Moura) e o Hugo Brockes (publicitário) têm livros sobre esta experiência no campo de guerrilha do Mato Grosso. O livro do Mourinha é “Fogo sob o morro” Eles falam da experiência, que também contou com o James Allen, Ataualpa Alves de Lima, que foram personagens que eu recrutei. Haviam mais os recrutados por José Porfírio e elementos do partidão, que lá estavam para ver os acontecimentos. Mas o Porfírio tinha sido ganho pelas Ligas Camponesas. Nós eramos amigos, fomos a Cuba juntos

DM – Quem foi Francisco Julião, líder das Ligas Camponesas?

Tarzan – Julião foi um líder idealista, um socialista utópico. Era um homem de um carisma muito grande, era quase um carisma mítico, quase religioso. Todo mundo se sentia tocado pela presença de Julião e ele cultivava isso.

DM – Julião era pernabucano e o Nordeste tem esta tradição de líderes messiânicos.

Tarzan – Sim, de certa forma em torno de sua figura havia um messianismo, que ele transmitia naturalmente. E em torno de Julião haviam as pessoas que se aproximavam dele pelo seu carisma, outras por suas ideias, e outras que se aproximavam querendo aproveitar disso para defender suas idéias; muitos de formação socialista, que tinham saído do ‘partidão’ (Partido Comunista Brasileiro) e de de outras matizes como os trotskistas, que tinham um núcleo no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo e Brasília. Um destes grupos que se aproximaram de Julião foi a Polop.

DM – Havia uma disputa pela liderança de Julião e das Ligas Camponesas?

Tarzan – Havia esta disputa e ele teve atrito com o PCB, porque o partido via nele um radical inconsequênte, e, além disso, Julião não enquadrava na visão do partido. Havia naquele período, duas visões sobre o campo brasileiro. O PCB achava fundamental acreditava que o captalismo era muito recente no Brasil, estava indo para o campo e era necessário adequar as organizações sociais, a luta social àquele momento concreto que vivia a política brasileira. Havia uma corrente de grande influência neste capitalismo com ideias social-democratas, que era a corrente trabalhista, representada por Getúlio Vargas, João Goulart, Leonel Brizona, Almino Afonso, Darcy Ribeiro e outras figuras importantíssimas espalhadas Brasil afora. E havia a corrente chamada revolucionária, que se identificava com os ideias da revolução cubana, da criação de focos guerrilheiros.

DM – O PCB defendia uma aliança de classes e Julião apostava na ruptura através das Ligas?

Tarzan – O partidão tinha uma consciência mais profunda da realidade brasileira, avaliando que não era um momento de revolução, talvez pelos erros do passado, como na inssurreição de 1935 e outros radicalismos. Havia ainda um grande debate no mundo comunista com a experiência do Eurocomunismo, do Partido Comunista da Itália, o PCI, através de Enrico Belinguer e outros líderes, como os sociais democratas Willy Brant na Alemanha e Olof Palme na Suécia. Neste momento ocorre também a Revolução Cubana, e a América Latina, naquele momento muito explorada e muito vítima de uma prática de capitalismo selvagem por parte dos Estados Unidos e da Europa, viu na experiência cubana uma saída contra esta prática de espoliação das riquezas nacionais por parte da metrópole capitalista. É deste período a expressão “repúblicas de bananas”, pois os países da América Central em tutelados por empresas norte-americanas, voltadas para produção de bananas e outras frutas tropicais.

DM – De que forma a revolução cubana influenciou as Ligas?

Tarzan – A Revolução Cubana lançou uma chama libertária, numa tentativa de achar um novo rumo para América Latina sair de ditaduras como a do general Alfredo Strossener, no Paraguai. Naquele momento, no entanto, o Brasil passava por uma modernização do capitalismo, nos governos de Juscelino Kubitschek e João Goulart. Mas, a par disso, Cuba estava lá, havia se ligado à União Soviética para se defender de uma possível invasão dos Estados Unidos e isto gerou as pressões que todos conhecemos neste perído da chamada Guerra Fria. Mas Cuba não era soviética, tinha um ideário romântico ou simplista de que o que aconteceu lá era factível em qualquer país da América Latina que tivesse gente disposta a fazer a revolução.

DM – Era a ideia dos focos de guerrilha?

Tarzan – Sim. A Revolução Cubana estimulava a ideia de que criação de grupos, em que, indepedente da vontade de setores expressivos da população, ainda era possível que alguns elementos, homens e mulheres decididos, que vestiam a camisa, aceitam aquele ideário, partem para luta. E este foco pode ser pequeno mesmo, e isto ganhou muita transcendência na América Latina e o Brasil não ficou de fora.

DM – As Ligas Camponesas é que vão estimular os focos guerrilheiros. Como eles chegam em Goiás?

Tarzan – A Liga Camponesa tinha divergências com o Partidão e não era do grupo dos remanescentes do getulismo popular, e a liga foi naturalmente o aliado deste pensamento revolucionário.

DM – O IPM no qual você é indiciado pelo AI-1 (Ato Institucional n. 1) denuncia a existência de focos guerrilheiros em Goiás, em Dianópolis, e também na divisa do Estado com Mato Grosso, na região de Alto Araguaia, na divisa de Minas Gerais e Bahia e no Paraná, em Toledo, próximo à Cascavel. Os focos foram criados em 1962, após a posse de Jango. A ideia era criar guerrilhas para resistir a um possível golpe contra Jango, ou apenas seguia a orientação de Cuba?

Tarzan – Havia um personagem nesta história toda que era o chamado operador, o homem que executava. Mas ele era mais do que isto, era também o formulador de políticas internar na Liga Camponesa, que era Clodomir Morais.

DM – No seu depoimento, você faz sérias críticas a Clodomir...

Tarzan – Este senhor era de fato o comandante das ações de natureza revolucionária ou de conflito armado. Ele era o responsável, e era tão poderoso na operação disso que Julião deixou a cargo dele. E na verdade Julião fez isto como uma omissão tranquila, e até meio oportunista.

DM – Julião não se sentia atraído pela ideia da luta armada?

Tarzan – Ele deixou Clodomir organizar a opção armada. Acho que no fundo Juilão não queria isso. Mas de uma maneira mais ou menos oportunista, ele se incumbia de cuidar dos grandes assuntos políticos, das massas, e deu a Clodomir a incumbência de cuidar destes focos. E por isto penso que Julião não tinha preocupação com isto. Uma vez conversei com Julião sobre isso. Eu era muito jovem mas era membro da executiva do Movimento Revolucionário Tiradentes, e era lá que se tratava dos dois temas: política de massas, política geral e a organização dos trabalhadores, principalmente do campo. Discutia-se a reforma política “Na lei ou na Marra”, como eram as palavras de ordem da época. Mas eu sentia que quando se falava de uma possível luta armada, tudo comandado pelo Clodomir. Ele tinha os seus auxiliares e Julião, ou por razões de segurança, ou por razões de tarefa, não aparecia neste campo. Mas eu acho que um comodismo dele. Para ele era cômodo ter esta postura, ele ficava no messianismo, nas grandes palavras de ordem, nos confrontos com o partidão.

DM – Clodomir era membro do PCB?

Tarzan – Ele era jornalista, foi deputado pelo Pernambuco, era originário do PCB. Um intelectual muito ativo, inteligente, dinâmico, mas muito personalista.

DM – No IPM você faz críticas muito duras aos focos guerrilheiros comandados por Clodomir. Onde ocorreu a falha?

Tarzan – Eu digo que foi uma experiência inadequada à realidade. A experiência cubana estava fora da realidade brasileira. Completamente isolada do que se passava aqui. A realidade brasileira naquele momento era de um novo modelo de desenvolvimento do capitalismo, onde houvesse a inserção dos trabalhadores. Era momento de trabalhar para que neste desenvolvimento capitalista houvesse políticas de inserção dos trabalhadores nos benefícios deste desenvolvimento. E como disse, havia duas correntes, a do trabalhismo e a do partidão, e nós na paralela, com a influência de Cuba. E naquele período, as Ligas Camponesas não tinham uma organização nacional, e é por isto que foi criado o Movimento Revolucionário Tiradentes.

DM–As ligas eram frágeis, politicamente?

Tarzan – O PCB entendia que a existência de uma lei trabalhista no Brasil, como a CLT aprovada por Getulio Vargas, mostrava que havia legalidade orgânica, institucional que era o sindicato. O PCB entendia que os sindicatos eram mais avançados que as ligas, que eram mais simples, mais fáceis de serem feitas, porém não tinham conteúdo de durabilidade e de representação na sociedade de maneira formal e orgânica. Os sindicatos eram considerados mais avançados e permanente do que uma associação, pois as ligas eram associações. Se fazia uma reunião com 40 pessoas e se criava a associação e era feito o registro. O sindicato não, necessitava de uma série de exigências, uma série de situações concretas em relação ao segmento (se era do setor produtivo ou de serviços).


Eu tinha ido a Cuba como líder estudantil e fui ganho pelas aquelas ideias” Havia um personagem nesta história toda que era o chamado operador, o homem que executava” Quando fechou o tempo contra o Mauro, eles queriam derrubá-lo, então montaram uma farsa de um inquérito”

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