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OPINIÃO

O retorno triunfal de Maguito Vilela à pátria espiritual

Irani Inácio de Lima

“Há mistérios peregrinos nos mistérios dos destinos que nos mandam renascer.” Esta mensagem advinda através do lápis fenomênico de Chico Xavier e que nos fala da vida além da vida é da fulgurante lavra além-tumba do imortal poeta pátrio Antônio Castro Alves.  Os insondáveis mistérios da Divina Misericórdia do Criador induzem-nos a imaginar que a Sua Soberana vontade pairando muito acima dos interesses humanos há de ser feita sempre, como preconizou o Cristo na oração dominical.

Irani Inácio

Ao aportar a este orbe para mais um estágio no ergástulo corporal o conterrâneo Luís Alberto Maguito Vilela, o irmão e amigo dileto do nosso coração, companheiro de tantas jornadas compartilhadas veio a lume ao nascer no solo fértil e generoso de Jataí, incrustada nas barrancas do rio Claro no Sudoeste de Goiás. Seus ancestrais cortando a imensidão dos campos infecundos demandaram o Centro Oeste do Brasil e se transformaram em pioneiros e fundadores da cidade apiária, hoje uma doce, acolhedora e portentosa colmeia de amor, de luz e de prosperidade.

Oriundo de núcleos parentais de mineiros e libaneses ao revestir-se na indumentária física masculina Maguito veio à luz na condição de filho biológico de Joaquim de Morais Vilela e Nazime de Moraes Vilela. Ao fazê-lo em um ambiente relacional de fraterna convivência, a voz silenciosa da sua intuição sugeria que a sua haveria de ser, uma trajetória de vida missionária e permeada de acerbas dificuldades, de tristezas e alegrias, de lutas e vitórias, e de muitas conquistas consolidadas.

O vaticínio de seus anjos protetores e o destino que ele mesmo esculpiu com a força vibrante do seu pensamento, conspirando em seu favor reservou-lhe a tarefa de percorrer com serenidade, equilíbrio e passos estugados e firmes os caminhos pedregosos, escorregadios e abençoados da vida pública. Revestido de serena coragem e muita humildade matriculou-se cedo na universidade da vida e aprendeu transpor obstáculos, administrar conflitos, superar desafios, quebrar paradigmas e enfrentar, combater e vencer as adversidades interpostas em seu caminho.

Ao abrir seus olhos físicos aqui no mundo das formas começou apreciar e contemplar as blandícies da natureza exuberante e bela. O aroma suave das flores vindos da mata verdejante, o murmúrio das águas do córrego mateiro, o mugir do gado, o perfume da relva molhada e o cantar melodioso dos passos voando em arrebol. Em plena infância trazia em sua bagagem os nobres e puros sentimentos da solidariedade humana e da fraternidade universal, marcas indeléveis de sua personalidade em formação. Estas inatas virtudes que emergiam do seu “eu de dentro,” muito cedo foram detectadas pela alma sensível e generosa que outrora animou a indumentária física de sua amorável e generosa genitora.

Em poucas palavras ela descreveu a postura afetuosa daquele menino que, pela magnanimidade de seu coração e pela generosidade de suas ações, cativava o próximo e seduzia a todos com o seu contagiante sorriso. “O Luiz sempre foi um menino diferente.” Alegre, sorridente, irrequieto, afetuoso e muito preocupado em querer ajudar as pessoas. Ela revelou-nos que “certo dia fazia muito frio aqui em Jataí e ao findar as aulas ele retornou para casa sem o agasalho.” Indagado sobre o paradeiro de sua “blusa de frio” ele sentindo-se vitoriosos assim respondeu: “Ah mamãe eu encontrei um menino que estava morrendo de frio e dei o agasalho a ele.”

Assim cresceu material, intelectual e espiritualmente em estatura, graça e sabedoria, aquele garoto campesino que muito cedo procurou agregar à sua brilhante personalidade em formação excelentes virtudes morais. Da infância aos dias que correm passou pela vida urdindo o bem, esparzindo alegria, solidariedade, carinho, esperança e amor.

E na leira deste raciocínio, adepto fervoroso da Lei Universal do Trabalho iniciou suas atividades laborais na lida rude do campo para ao depois exercer com sabedoria, rara competência e muita responsabilidade as seguintes atividades: engraxate, feirante, agricultor, estudante, pracinha do Exército Brasileiro e guardião do Palácio da Alvorada, professor, jogador profissional de futebol e advogado.

Consagrado como líder estudantil audacioso e ousado ingressou na vida pública por vocação e acabou por abrilhantar com intenso fulgor, o turvo cenário do universo político de Goiás e do Brasil. Agraciado com uma indescritível empatia, reconhecida capacidade de saber articular com humildade e sabedoria, esteve sempre consciente de sua sublime e impostergável missão de aprender a amar e a servir ao próximo. O cargo inaugural de suas atividades políticas partidárias foi de vereador e presidente da Câmara Municipal de Jataí. A seguir foi eleito Deputado Estadual e líder do Governo Iris Rezende na Assembleia Legislativa de Goiás, Deputado Federal Constituinte, Vice- Governador e Governador do Estado de Goiás, Senador da República, duas vezes Prefeito Municipal de Aparecida de Goiânia. Sábio, inteligente e responsável ocupou com habilidade e raríssima competência relevantes cargos em outras áreas públicas e privadas. Senão vejamos: Presidente da Associação Esportiva Jataiense, Vice-Presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Vice-presidente do MDB Nacional, Vice-Presidente da Associação Brasileira dos Municípios e Vice-Presidente do Banco do Brasil.

Líder incontestável, de um carisma sem precedentes no cenário político brasileiro, amigo fiel de seus amigos Maguito Vilela, sob o pálio generoso da Divina Providência, o apoio incondicional da dos segmentos mais representativos da sociedade, de seus pares e com a vontade livre e soberana do povo em 1.994, elegeu-se Governador do Estado de Goiás. Realizou um trabalho primoroso e um excelente governo, com os olhos voltados para as classes mais humildes da sociedade. Do seu “eu interior,” nasceu a inspiração para criar a Secretaria Estadual da Solidariedade Humana, destinada a levar o socorro emergencial aos pobres e deserdados e que exerceu forte influência na elaboração dos programas sociais do país. Ao final de seu mandato exercido de braços dados com povo, sobretudo os mais humildes, sua gestão foi com um extraordinário índice de aprovação pelos melhores Institutos de Pesquisas e ele considerado o Governador mais popular do Brasil.

Ao avizinhar o pleito eleitoral de 2.020, ávido por consolidar um sonho desde há muito acalentado Maguito foi conclamado por seus pares e pelo povo a sair candidato a Prefeito de Goiânia. Legalmente credenciado a disputar o pleito foi ao encontro povo. Gravou alguns programas e começou a percorrer os bairros da cidade. Em dado momento testou positivo para a COVID 19, e foi compelido a enfrentar a preciosa lição da dor e do sofrimento. Devastadora e impiedosa, esta doença grassou por todos os rincões do planeta dizimando preciosas e incontáveis vidas físicas. Começo ali a sua odisseia. Foram quase três meses de internação hospitalar visando recobrar a saúde física. Goiás inteiro vibrando em uma mesma sintonia de fraternidade, solidariedade, amor e luz, quedou-se genuflexo diante da misericórdia de Deus para suplicar a bênção da sua cura. Irmanados em um só sentimento goianos e brasileiros de todos os credos, dobraram os joelhos diante da Divina Misericórdia suplicando aos céus pela recuperação da saúde do futuro prefeito da Capital.

Embora fisicamente distante em 29 de novembro de 2.020, em segundo turno de um pleito memorável Maguito Vilela logrou êxito eleitoral e alcançou retumbante vitória sobre o seu oponente quando a cidade já vivia um sentimento místico de tristeza e alegria. A lei natural nos induz a imaginar que quando da urdidura do seu projeto reencaratório, envolto no pálio generoso da Divina Providência, ele tenha escolhido passar por esta grande provação ornada com a bênção preciosa do sofrimento atroz que faz crescer. Maguito dizem outras vozes estava credenciado, por merecimento, a dar um salto de qualidade em sua escala evolutiva.

E em dato momento baldados todos os esforços dos profissionais da saúde, da família, de correligionários políticos, de seus amigos mais próximos, e as preces fervorosas de goianos e brasileiros de todos os rincões do país verde amarelo, os mistérios peregrinos dos insondáveis mistérios dom destino prenunciavam o fim de sua abençoada jornada pelos caminhos deste orbe de provas e expiações, de incoerências, contradições e paradoxos.

Findou-se a tarefa e exauriram-se seus compromissos de bom filho, excelente pai de família, marido compreensivo e generoso, amigo incondicional dos seus amigos, desportista nato, político exemplar, avô coruja e líder incontestável aqui na face escura do planeta formoso. O Senhor dos mundos e Inteligência Suprema do Universo houve por bem convidar seu amorável filho a retornar ao lar paterno. Maguito que passou pela vida física urdindo o bem, aceitou o convite paternal e decidiu alçar voos mais altos nas asas do amor e da sabedoria e retornar à pátria da Verdade das verdades e da justiça. Altaneiro e soberano demandou o país da luz para naturalmente habitar uma das muitas moradas da casa do Pai. Eram quatro horas e dez minutos da madrugada desde dia 13 de janeiro de 20.21, quando ele deixou o corpo físico, saiu desta vida para entrar na história e partiu para a eternidade. Além da grande comoção popular deixou em cada coração uma saudade enorme.

Pelos caminhos de sua vida temporal ficou um rastro fulgurante nimbado de plena luz e pegadas de amo. A leveza e serena coragem cívica e espiritual de quem “combateu o bom combate, terminou a carreira e guardou a fé”. O seu precioso legado servirá de exemplo para as futuras gerações. Ousamos nesta singela e derradeira homenagem tributar o preito do nosso reconhecimento e da nossa eterna gratidão.  A audácia e ousadia induzem-nos, mais uma vez a plagiar o douto e renomado poeta baiano Castro Alves: “Vai Guerreiro, rompe os ares, os céus, os mares, Deus ao chão não te amarrou.”

Irani Inácio de Lima é advogado e escritor

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