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Goiás e os 80 anos da Segunda Guerra Mundial

Sabemos que em períodos de grande crise, como a que acontece no Brasil agora, surgem profetas da politicagem oferecendo a salvação do País. Isso aconteceu a exatos 80 anos na Alemanha nazista. Hitler era um homem sem nenhum carisma, mas num cenário de humilhante perda da Alemanha na Primeira Guerra, turbulências políticas e crise econômica se forja um líder populista. Nesse contexto, as pessoas estavam apostando em dar a vida por esse homem, vendo nele a única salvação para o soerguimento da grande Alemanha.

Primeiro de setembro de 1939 marca o início da Segunda Guerra Mundial(1939-1945) com a invasão da Polônia. Um episódio que marcou todo o planeta, mudando a vida de milhões de pessoas. Muitos foram os goianos que lutaram como “pracinha” na guerra. Mas, além disso, o que tem Goiás a ver com a Segunda Guerra Mundial?

Para começar vamos conhecer o Marechal Josip Broz Tito(1892 - 1980), militar, revolucionário comunista e estadista iugoslavo, líder dos “partisans”, guerrilheiros da resistência heroica em seu país durante a Segunda Guerra Mundial. Tito e os partisans foram os maiores responsáveis pela resistência armada às forças do Eixo (Alemanha, Itália e Japão) e aos nazifascistas croatas e sérvios, mesmo sem apoio político e material dos Aliados(EUA, URSS e Europa não nazista). Posteriormente, Tito se tornaria presidente da extinta Iugoslávia, cargo que exerceu de 1953 até 1980, ano de sua morte. Faziam parte da antiga Iugoslávia seis repúblicas socialistas que constituíram o país: Bósnia, Croácia, Macedônia, Montenegro, Eslovênia e Servia, hoje lamentavelmente famosas pelas guerras que se sucederam depois da morte da liderança incontestável de Tito, que uniria numa só nação, esses povos logo em seguida ao termino da Segunda Guerra Mundial.

Pois bem, segundo consta Tito e sua esposa, a igualmente heroína Jovanka, teriam provado do pequi goiano. Essa história foi confirmada pelo próprio ex-governador Mauro Borges no começo dos anos 2000 quando eu frequentava a sua casa. Sentado em sua sala de estar, no apartamento em que morou em seus últimos anos de vida próximo à Praça do Sol, Mauro Borges, ainda lúcido, me presenteou com essa história confirmada agora no livro recém lançado de Wagner Willian “Uma Mulher Vestida de Silêncio — A Biografia de Maria Thereza Goulart” (Record, 643 páginas).

O fato de deu comigo ao reconhecer uma pequeno foto de Tito, assinada pelo mesmo, sobre a escrivaninha. Estudioso da vida do Marechal Tito, aquilo me foi de grande surpresa e interesse, perguntado de imediato sobre o assunto ao ex-governador. A foto havia sido presente do herói.

Tito visitou o Brasil em setembro de 1963 aos 71 anos no sentido de aumentar o intercâmbio comercial entre os dois países. Foi recebido pelo então presidente João Goulart que, diga-se de passagem, levou “chumbo grosso” no golpe que se sucederia contra ele, acusado de ter recebido em terras brasileiras um notório comunista. Segundo o livro, Tito teria se encantado com a beleza da primeira dama do Brasil, Maria Thereza Goulart. Os governadores da época, na sua grande maioria de direita, não queriam receber o líder comunista. “O governador Mauro Borges, de Goiás, tornou-se a exceção e aceitou receber o iugoslavo. Os casais iriam de automóvel até Anápolis para inaugurar a estação de tratamento de água da cidade, acompanhados pelo governador”, narra o livro de Wagner William. Reza a lenda que o Presidente da Iugoslávia teria estado em Catalão também. Segundo consta teriam tomado uma cachaça em Alexânia com os casais amigos. Mauro Borges afirmou em longos e agradáveis “papos” na sacada de seu apartamento, que a amizade com um dos grandes heróis da Segunda Guerra Mundial, o intrépido Marechal Tito, se estendeu até a sua morte em 1980.

Douglas Bucalem, Empresário da Área de Comunicação e Engenharia Civil

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