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OPINIÃO

Dia dos netos

Che­gan­do o Dia da Cri­an­ça de no­vo e a mi­nha fi­lha­ra­da es­tá lon­ge, lon­ge, e não é fa­cil fa­zer a tra­ves­sia com fre­quen­cia. En­tão pas­sa­mos o Dia da Cri­an­ça so­zi­nhos, sem nos­sas cri­an­ças. Mas é a vi­da, a sa­u­da­de traz as pes­so­as que­ri­das pa­ra mais per­to da gen­te, os co­ra­ções dos pa­is es­tá on­de os fi­lhos es­tão. E as no­tí­cias que vêm d´além mar são fe­li­zes, mui­to fe­li­zes. No pró­xi­mo ano eu vou lá e mes­mo que não se­ja dia dos pa­is, dia das mã­es ou dia das cri­an­ças, se­rá co­mo se fos­se.

As fi­lhas se fo­ram, a ca­sa fi­cou enor­me, cheia de sa­u­da­de.  Xu­xu, a nos­sa Pins­cher que qua­se com­ple­tou vin­te anos de ida­de tam­bém se foi e a ca­sa fi­cou mai­or ain­da, mas fe­liz­men­te um ba­ru­lho de cri­an­ça per­man­ce­ceu,  pa­ra pre­en­cher um pe­da­ci­nho do dia, um pou­co da nos­sa vi­da. Fa­lo de Ga­bri­el, o so­bri­nho que ago­ra tem qua­tor­ze anos, mas des­de pe­que­no pas­sou a tar­de aqui co­nos­co. A mãe de­le tra­ba­lha o dia to­do, en­tão de­pois da es­co­la, ele vi­nha fi­car co­nos­co até que a mãe vi­es­se apa­nhá-lo no fi­nal da tar­de, à noi­ti­nha.

E Ga­bri­el tam­bém cres­ceu e fi­cou in­de­pen­den­te, não pre­ci­sa mais de nós. En­tão nós va­mos, sim, pa­ra Por­tu­gal, no pró­xi­mo ano, em ja­nei­ro e vol­ta­mos em abril. Sa­bem por­quê? Por que nos­so ne­to che­ga em abril, o ne­to por­tu­guês de Da­ni­e­la e Pi­er­re. E ne­to é fi­lho du­as ve­zes. En­tão lá va­mos nós, de ma­la e cu­ia, pa­ra pa­pa­ri­car o ne­to ou ne­ta que che­ga, que é a cri­an­ça que fal­ta em nos­sas vi­das.

E, de re­pen­te, lo­go che­ga tam­bém mais um ne­to, o ne­to fran­cês de Fer­nan­da e Ro­ma­in e se­rá fe­li­ci­da­de em do­bro.

Es­te se­rá, pois, um Dia da Cri­an­ça mui­to fe­liz pa­ra nós to­dos. Por que um ne­to ou ne­ta es­tá che­gan­do e vol­ta­re­mos a co­me­mo­rar o Dia da Cri­an­ça. Sim, os ne­tos co­me­ça­ram a che­gar. E eles são por­ta­do­res de uma fe­li­ci­da­de in­co­men­su­rá­vel, só com­pa­rá­vel ao pe­rí­o­do fe­liz quan­do nos­sas fi­lho­tas che­ga­ram e cres­ce­ram, uma épo­ca tão fe­liz que pas­sou tão rá­pi­do.

Se va­mos ser mais fe­li­zes? Ah, va­mos sim, por­que to­dos os di­as se­rão dos ne­tos que che­gam, to­do dia se­rá dia da cri­an­ça.

(Lu­iz Car­los Amo­rim, es­cri­tor, edi­tor e re­vi­sor, fun­da­dor e pre­si­den­te do Gru­po Li­te­rá­rio A Ilha, com 38 anos de tra­je­tó­ria, ca­dei­ra 19 na Aca­de­mia Sul­Bra­si­lei­ra de Le­tras.)

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