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OPINIÃO

Só uma greve geral pode socorrer o Brasil

Es­ta­va no bo­te­co to­man­do um ca­fe­zi­nho com os ami­gos, mas ca­fe­zi­nho da­que­les, me­dro­sos, que vêm acom­pa­nha­dos. Ser­vi­dos com cu­bi­nhos de quei­jo, de pa­mo­nha fri­ta, de pre­sun­to, tor­ra­di­nha, e mui­to blá-blá-blá. Da­na­do de bom.

Co­mo sou fã de pia­da, de zo­a­ção! E nu­ma ho­ra as­sim, é o que ro­la. Cá pra nós, tem coi­sa me­lhor do que uma con­ver­sa de­bo­cha­da en­tre ami­gos? Pois é, ten­do jei­to não per­co uma, da mes­ma for­ma que ul­ti­ma­men­te cor­ro de um pa­po de ter­no e gra­va­ta (ao es­ti­lo re­sol­ven­do pro­ble­ma; que, ali­ás, de pro­ble­ma só que­ro a so­lu­ção).

Ago­ra, meu ami­go, quem não es­tá na ro­da do bo­te­co e pas­sar per­to de uma, quan­do já es­ti­ver um pou­co dis­tan­te, po­de es­pe­rar que as ore­lhas vão ar­der; e se pas­sar mu­lher bo­ni­ta ou ho­mem re­que­bran­do, ai ai ai.

De vol­ta ao que me trou­xe nes­te can­ti­nho ho­je. As ri­sa­das cor­ri­am sol­tas du­ran­te o ca­fe­zi­nho, até que a pau­ta do ba­te-pa­po me co­lo­cou em fo­co. Um gai­a­to en­ten­deu de dar so­lu­ção ao que vem se tor­nan­do qua­se im­pos­sí­vel por aqui.

- En­tão, -vi­ran­do-se pa­ra o meu la­do- de que jei­to po­dem ser eli­mi­na­dos tan­tos de­sa­jus­tes na edu­ca­ção, na sa­ú­de, na pre­vi­dên­cia, nas con­di­ções ge­ra­is do po­vo, se nem com a pre­sen­ça da La­va Ja­to es­tá adi­an­tan­do?

É um gai­a­to mes­mo -pen­sei com os meus bo­tões. Se a ca­deia não ame­dron­ta, lo­go eu achar a sa­í­da? Fiz si­lên­cio por se­gun­dos, e me veio um “es­ta­lo de Vi­ei­ra”.

- Mui­to sim­ples -ata­quei: só uma gre­ve ge­ral po­de so­cor­rer o Bra­sil.

- Tá lou­co, ca­ra! Ou­tro dia, os ca­mi­nho­nei­ros pa­ra­ram o pa­ís e deu foi um pre­jui­zão da­na­do e vo­cê pro­põe pa­ra­li­sa­ção de no­vo.

- Cal­ma! To­me um ca­fe­zi­nho. A mi­nha ideia é a se­guin­te: com a si­tu­a­ção de ze­ro pos­si­bi­li­da­de de mu­dan­ças nos qua­dros po­lí­ti­cos (não ocor­re­rá re­no­va­ção al­gu­ma, além de eles mes­mos te­rem con­sci­ên­cia de que na­da fa­rão pa­ra me­lho­ri­as), o úni­co ca­mi­nho se­rá uma gre­ve ge­ral dos po­lí­ti­cos em 2018, e ne­nhum de­les se can­di­da­tar. En­tre­guem pa­ra o po­vo a su­jei­ra que ele ra­pi­di­nho faz a fa­xi­na.

Fui aplau­di­do de pé. Taí por­que gos­to de to­mar ca­fe­zi­nho no bo­te­co.

(Iram Sa­rai­va, mi­nis­tro emé­ri­to do Tri­bu­nal de Con­tas da Uni­ão)

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