A greve dos caminhoneiros que começou no dia 21 de maio e se estendeu até o dia 1º de junho, travou o escoamento da produção e afetou o abastecimento no país, trouxe prejuízos para as indústrias como eu havia previsto e dito em algumas entrevistas que concedi na época e infelizmente se concretizou.
Os efeitos sobre a atividade econômica ainda estão sendo medidos, mas os indicadores divulgados desde a greve já refletem as perdas. De maio a junho, a indústria, o comércio e os serviços apresentaram queda. A inflação disparou, a arrecadação desacelerou, a prévia do PIB veio negativa.
Num efeito cascata, com a paralisação do transporte, os preços foram pressionados. Em junho, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) teve o maior resultado para o mês desde 1995.
Os alimentos e os transportes foram os que mais sentiram o choque de preços. O grupo Alimentação e Bebidas subiu 2,03% no mês. Já nos Transportes houve alta de 1,58%, puxada pelo aumento nos preços dos combustíveis.
Dados divulgados pelo IBGE em julho mostraram que o setor industrial teve a 2ª maior queda mensal da série histórica. Em abril, a indústria havia crescido 0,8% em relação ao mês anterior.
No mês, 24 dos 26 ramos industriais apresentaram resultado negativo. As quedas mais significativas foram registradas em veículos (-29,8%) e alimentos (-17,1%).
O saldo entre as exportações e importações brasileiras também foi afetado pela paralisação. Em maio, a balança comercial fechou o mês com superavit de US$ 5,98 bilhões. O resultado é 20% menor do que o observado no mesmo mês do ano anterior.
Segundo a Receita Federal, a queda na produção industrial foi o principal fator que prejudicou a arrecadação no mês. No período, os ganhos com o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) caíram 14,28% em relação ao mês anterior.
Mas acredito eu que os efeitos colaterais sobre a economia a curto prazo foram sugados pelo PIB. Depois do vendaval, agora é hora de colocar a casa em ordem pois deve começar a aparecer os resultados de recuperação nesses próximos meses. Vamos confiar que o pior já passou.
(Sandro Mabel, presidente do Sindicato das Indústrias da Alimentação do Estado de Goiás (Siaeg))