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OPINIÃO

Não haverá glória sem cruz

Si­mão Ci­re­neu en­con­tra­va se bem dis­tan­te de Ci­re­ne, sua ci­da­de na­tal si­tu­a­da no nor­te da Áfri­ca, atu­al Lí­bia, por oca­si­ão da cru­ci­fi­ca­ção de Je­sus. Si­mão se di­ri­gi­ra a Je­ru­sa­lém, na­que­les di­as, pa­ra par­ti­ci­par das fes­tas de Pás­coa, e en­con­tra­va-se ali pa­ra cum­prir um ri­tu­al re­li­gi­o­so. E ob­via­men­te pa­ra apro­vei­tar um pou­co a vi­da.

Deus ti­nha pla­nos pa­ra Si­mão Ci­re­neu e sua fa­mí­lia, as­sim co­mo tem pla­nos pa­ra qual­quer pes­soa que cri­ou. Por is­so Je­sus sob o pe­so da cruz, caiu ao so­lo bem a fren­te do ho­mem de Ci­re­ne.

Mas Si­mão não que­ria se pre­o­cu­par com aque­le ho­mem que es­ta­va sen­do bru­tal­men­te cas­ti­ga­do. Pro­va­vel­men­te tra­ta­va-se de um mar­gi­nal qual­quer, e Si­mão que­ria se di­ver­tir e co­mer e be­ber e se ale­grar. Cru­ci­fi­car um ho­mem na cruz era al­go tri­vi­al na­que­la épo­ca...

Si­mão que­ria exer­cer a sua re­li­gi­o­si­da­de, e na­que­le ins­tan­te não en­ten­deu que o ver­da­dei­ro cor­dei­ro da Pás­coa es­ta­va à sua fren­te, ca­í­do e sub­ju­ga­do pe­los sol­da­dos de Ro­ma. O ver­da­dei­ro cor­dei­ro da Pás­coa es­ta­va pres­tes a ser imo­la­do... O mai­or sa­cri­fí­cio de to­da a his­tó­ria da hu­ma­ni­da­de es­ta­va se de­sen­ro­lan­do...

É pre­ci­so en­ten­der que se Je­sus qui­ses­se, po­de­ria sim­ples­men­te pe­dir a seu Pai que aca­bas­se com sua ago­nia e ex­ter­mi­nas­se to­do aque­le po­vo so­ber­bo e pe­ca­dor... Mas Je­sus não fez is­so... Ele su­por­tou a cruz até o fim, por amor a mim e a vo­cê!

Que se da­ne, is­so não é pro­ble­ma meu, pen­sou Si­mão ao ver o ho­mem ca­í­do a seus pés. En­tão, um sol­da­do o cha­mou em al­ta voz, e o obri­gou a aju­dar Je­sus a le­van­tar-se, e a car­re­gar com ele, aque­la pe­sa­da cruz.

No mo­men­to em que Si­mão o aju­dou a er­guer-se seus olha­res se cru­za­ram e o Ci­ri­neu fi­cou im­pac­ta­do... Aque­le ho­mem tão ma­chu­ca­do, tão ani­mal­men­te fe­ri­do, tem um olhar ex­tre­ma­men­te amo­ro­so. Não há ne­le ne­nhum si­nal de re­bel­dia. Co­mo é pos­sí­vel? Por­que se­rá que o cru­ci­fi­cam? Es­se ho­mem é só amor e bon­da­de... Is­so é vi­sí­vel ne­le...

E Si­mão obe­de­ceu, con­for­me le­mos em Mar­cos 15:21 : "E obri­ga­ram Si­mão Ci­re­neu, que pas­sa­va, vin­do do cam­po, pai de Ale­xan­dre e de Ru­fo, a car­re­gar-lhe a cruz."

Mui­tos anos de­pois da cru­ci­fi­ca­ção de Cris­to, o após­to­lo Pau­lo es­cre­veu no li­vro de Ro­ma­nos 16:13, "Sa­u­dai Ru­fo, elei­to do Se­nhor, e sua mãe, que tem si­do mãe pa­ra mim tam­bém."

Em 1 Ti­mó­teo 1:19 e 20 o mes­mo Pau­lo es­cre­veu que al­guns de seus dis­cí­pu­los re­jei­ta­ram a boa con­sci­ên­cia e nau­fra­ga­ram na fé, e den­tre es­ses se en­con­tra­vam Hi­me­neu e Ale­xan­dre, os qua­is fo­ram en­tre­gues a Sa­ta­nás pa­ra se­rem cas­ti­ga­dos, a fim de não mais blas­fe­ma­rem.

Em 2 Ti­mó­teo 4:14, Pau­lo ain­da es­cre­veu: "Ale­xan­dre o la­to­ei­ro, cau­sou-me mui­tos ma­les; o Se­nhor lhe da­rá a pa­ga se­gun­do as su­as obras."

Pre­za­do lei­tor, Ru­fo e Ale­xan­dre eram ir­mãos e eram fi­lhos de Si­mão Ci­re­neu. Am­bos fo­ram edu­ca­dos por seus pa­is sob en­si­na­men­tos e prin­cí­pios  cris­tã­os, to­da­via Ru­fo obe­de­ceu e foi fi­el a Pa­la­vra. Já, seu ir­mão Ale­xan­dre foi re­bel­de e se opôs for­te­men­te  a tu­do quan­to lhe era en­si­na­do.

Um se dei­xou le­var pe­lo Es­pí­ri­to... Ou­tro se dei­xou le­var pe­la car­ne... Quan­do op­ta­mos pe­la car­ne, is­to é, quan­do op­ta­mos em aten­der nos­sos pra­ze­res pes­so­ais, fa­tal­men­te cai­re­mos e per­de­re­mos a gló­ria de Deus.

Al­can­çar a gló­ria de Deus, de­fi­ni­ti­va­men­te não é pa­ra pes­so­as fra­cas e des­mo­ti­va­das e pre­gui­ço­sas. Al­can­çar a Deus exi­ge es­for­ço e de­di­ca­ção a Ele... E é uma de­ci­são que de­pen­de de ca­da um de nós.

Eu Jo­ão, lou­vo a Deus to­dos os di­as, por­que apren­di a se­pa­rar joio de tri­go. Ago­ra sei que pre­ci­so acu­mu­lar te­sou­ros no céu... Aqui, tu­do é fu­gaz e pas­sa­gei­ro... Co­mo um trem ba­la!

(Jo­ão An­to­nio Pa­gli­o­sa, ecri­tor)

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