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OPINIÃO

Billy Graham: 1918 - 2018

Ja­mes Edwi­on Orr, pro­fes­sor da Fa­cul­da­de Whe­a­ton, le­vou al­guns de seus alu­nos a uma rá­pi­da vi­a­gem à In­gla­ter­ra, em 1940. Eles vi­si­ta­ram a an­ti­ga rei­to­ria de Epworth, on­de re­si­dia a fa­mí­lia de John Wes­ley, fa­mo­so te­ó­lo­go an­gli­ca­no.

Ao la­do da ca­ma de John Wes­ley via-se dois pe­que­nos cír­cu­los on­de o ta­pe­te es­ta­va bem des­gas­ta­do, mar­cas que seus jo­e­lhos dei­xa­ram após tan­to orar pe­la re­no­va­ção es­pi­ri­tual da In­gla­ter­ra.

Ao em­bar­car no ôni­bus pa­ra dei­xar o lo­cal, o pro­fes­sor no­tou que fal­ta­va um alu­no. Vol­tou, su­biu as es­ca­das e en­con­trou-o ajo­e­lha­do so­bre as mar­cas, oran­do: “Faz de no­vo, Se­nhor! Faz de no­vo!” O pro­fes­sor pôs a mão so­bre o om­bro do ra­paz e dis­se: "Va­mos, Billy, te­mos que ir em­bo­ra".

Billy Gra­ham se tor­nou o mai­or pre­ga­dor do evan­ge­lho de to­dos os tem­pos. Ao lon­go de seu mi­nis­té­rio de 60 anos, es­ti­ma-se que te­nha pre­ga­do a 210 mi­lhões de pes­so­as, em 185 paí­ses. Além dis­so, es­cre­veu de­ze­nas de li­vros e pro­mo­veu a evan­ge­li­za­ção atra­vés de pro­gra­mas de rá­dio, TV e pe­la in­ter­net.

Tor­nou-se con­se­lhei­ro pes­so­al dos pre­si­den­tes ame­ri­ca­nos, de Ei­se­nhower a Bush Fi­lho. Fa­lou e orou na pos­se pre­si­den­ci­al de to­dos eles. Foi ami­go pes­so­al e con­se­lhei­ro es­pi­ri­tual da ra­i­nha Eli­za­beth II e de inú­me­ros pre­si­den­tes, reis e man­da­tá­rios in­ter­na­cio­nais. Era re­ce­bi­do co­mo che­fe de Es­ta­do on­de ia, in­clu­si­ve nas du­as ve­zes em que es­te­ve no Bra­sil, em 60 e 74, sen­do re­ce­bi­do pe­los pre­si­den­tes JK e Gei­sel.

Com o Pa­pa Jo­ão Pau­lo II, for­mou a du­pla de lí­de­res re­li­gi­o­sos fun­da­men­tais pa­ra a der­ru­ba­da da Uni­ão So­vi­é­ti­ca e con­se­quen­te­men­te a der­ro­ca­da do co­mu­nis­mo no mun­do.

Seu le­ga­do fa­mi­liar se re­ve­la nos fi­lhos, ne­tos e bis­ne­tos que são ati­vos no mi­nis­té­rio em to­do pla­ne­ta. Seu exem­plo é se­gui­do, res­pei­ta­do e ad­mi­ra­do por pre­ga­do­res em to­do mun­do. Foi ca­sa­do com a mes­ma mu­lher du­ran­te 64 anos até a mor­te de sua ama­da Ruth. Ca­rá­ter ina­tin­gí­vel, sou­be ex­pres­sar co­mo nin­guém o ser dis­cí­pu­lo de Je­sus.

Os cris­tã­os evan­gé­li­cos não pos­su­em um lí­der cen­tral co­mo os ca­tó­li­cos tem na fi­gu­ra do Pa­pa, mas pou­cos con­se­gui­ram ta­ma­nha una­ni­mi­da­de en­tre as di­ver­sas cor­ren­tes te­o­ló­gi­cas e de­no­mi­na­cio­nais evan­gé­li­cas.

Cer­ta vez dis­se: “Al­gum dia vo­cê vai ler ou ou­vir que Billy Gra­ham es­tá mor­to. Não acre­di­te em na­da dis­so. Eu es­ta­rei mais vi­vo do que es­tou ago­ra. Eu ape­nas te­rei mu­da­do de en­de­re­ço. Eu irei à pre­sen­ça de Deus”. Wil­li­am Franklin “Billy” Gra­ham Jr, mu­dou de en­de­re­ço, no dia 21 de Fe­ve­rei­ro, far­to de di­as, fal­tan­do al­guns mes­es pa­ra com­ple­tar 100 anos.

(Fá­bio Sou­sa, de­pu­ta­do fe­de­ral, te­ó­lo­go, his­to­ri­a­dor e ges­tor pú­bli­co)

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