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OPINIÃO

Os fatos por detrás dos números

Os números da pesquisa do Instituto Directa, divulgados ontem aqui no Diário da Manhã, revelam muito mais do que simples relações de razão e proporção. Por trás dos números há um quadro que, mantidas as atuais condições de temperatura e pressão, indicam com clareza os rumos que tomarão o processo político-eleitoral, já iniciado de velho.

A pesquisa mostra Ronaldo Caiado em primeiro lugar, oscilando entre 30,10% a 28,80%, dependendo do cenário. José Eliton aparece em segundo lugar, oscilando, dependendo do cenário, entre 19,30% a 23,30%. Daniel Vilella, a esperança “jovem” do PMDB maguitista, oscila entre 11,20% a 14,10%. Nulos e indecisos somam mais de 30%.

A pesquisa em questão repete, no essencial a do Instituto Paraná, divulgada dias atrás pelo Diário da Manhã.O que se destaca aqui é que, de todos os postulantes, o nome que vem demonstrando vigor é o de José Eliton. Ele entrou em uma trajetória de ascenção, enquanto Daniel mostra tendência de queda e Caiado parece estagnado.

Nesta faze, o importante é para cada candidato é crescer. Os candidatos devem procurar desenvolver estratégias que inflem sues números. Há muito espaço para crescer. O elevado índice de indecisos e e de eleitores que pretendem anular votos indica que é neste campo que os candidatos devem lavrar. Ainda não temos pesquisas que tracem o perfil desses eleitores. Por quê eles ainda não têm preferência formada? O candidato que obtiver respostas consistentes a tal questões estará apto a conquistar os votos desta fatia do eleitorado.

Também é importante conhecer os índices de rejeição. É um índice que indica as condições de possibilidade de cada concorrente. Demarca o limite do ponto onde podem chegar. Com base em pesquisas anteriormente publicadas, relativas a outras eleições, tem-se que Ronaldo Caiado é um nome com alto índice de rejeição. O fato de seu nome já estar no mercado eleitoral há anos deveria funcionar como fator de crescimento. Desde que se elegeu senador, em 2014, seu nome frequenta todas as rodas de especulação, aparece em todas as pesquisas. Ele já foi candidato a governador, no passado. Está há muitos anos na praça. Não tendo responsabilidades administrativas, liberado que está para fazer apenas proselitismo, era de se esperar que ele já estivesse no patamar dos 50%. Bão está.

Se tivéssemos eleições, hoje, haveria segundo turno entre José Eliton e Caiado, segundo indicam as pesquisas. As chances de uma vitória de José Eliton seriam maiores do que as de Caiado. Por uma simples razão: a vinculação do nome de José Eliton ao de Marconi Perillo.

A pesquisa divulgada na última terça indica Marconi liderando a corrida para o Senado, com 41,40%. Este índice reflete a boa avaliação que o governo por ele chefiado tem na sociedade goiana. O eleitor de Marconi ainda indeciso, quanto a em quem votar para governador, tenderá naturalmente a escolher José Eliton.

O colapso de Daniel

O fraco desempenho de Daniel demonstra a inconsistência das bases estratégicas do PMDB. O discurso da “renovação”, do “novo da política” e de outras bobagens deste gênero revela apenas o quanto o PMDB se alienou politicamente. O PMDB atual concebe a política como uma risonha competição esportiva em que vence os que se enquadram nos critérios estabelecidos pelos marqueteiros, esses mascates de sabedoria barata.

Renovação e “o novo” só funcionam quando expressam um anseio profundo da sociedade por mudanças radicais. Não há um sentimento de mudança na sociedade goiana no que tange ao governo estadual. Não há na sociedade goiana um oposicionismo manifesto, um inconformismo irredutível a exigir a troca de comando da administração regional. Ainda que o governo de Marconi tenha seus defeitos – e que governo não os tem? -, de um modo geral a sociedade o aprova e reconhece seus avanços.

Como desenvolver um projeto oposicionista diante de um quadro assim? Seria preciso que a oposição tivesse uma capacidade crítica – que não tem, diga-se – para detectar as deficiências deste governo e, com base em um diagnóstico científico, formular um projeto alternativo que fosse facilmente compreendido pela sociedade goiana. Um projeto que empolgasse a população, arrastando-a para a direção oposta daquela que o govento segue. Isto não existe.

O pior não é sequer a inexistência deste anseio geral por mudança? Para a oposição, o pior é a sua congênita incapacidade de criá-la. A oposição aguarda uma oportunidade histórica, uma virada da maré. Espera sem nada fazer para construir esta oportunidade, para apressar a virada da maré. Ou seja, a oposição é oportunista. Ainda não apareceu ali alguém quem saiba fazer a hora e que não espera acontecer.

Os peemedebistas, longe de tentarem fortalecer Daniel, comportam-se como quem está louco para livrar-se dele. Os principais detentores de mandado dentro do PMDB – que são os que, afinal, decidem os rumos do partido – já vem se manifestando publicamente pró Caiado. O próprio Caiado, percebendo a fragilidade da pretensão de Daniel, já se sente à vontade pra dar ultimatos ao PMDB.

O presidente do DEM vem pressionando os peemedebistas a enterrarem de vez a pretensão dos maguitistas. Aos seus interlocutores costumeiros, ele vem dizendo que a oposição deveria ter apenas um candidato, um “candidato de unidade”, e que este candidato deveria ser o mais forte deles em termos eleitorais, ou seja, Ronaldo Caiado. E vem insinuando que, se a unidade não for alcançada, ele, Ronaldo, cruzará os braços ou vai cuidar apenas de si próprio. Ou seja: deixará o PMDB se afogar nos próprios erros.

Helvécio Cardoso, jornalista

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