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OPINIÃO

Uma análise psicológica de pessoas que escolhem a infelicidade

Durante trinta anos trabalho com pessoas com dificuldades diversas que vão ao meu consultório, ou discutem questões pessoais em lugares outros que não o consultório e, normalmente, levantando a questão sobre a felicidade e, não raro, se acham infelizes e querem uma explicação porque não conseguem a felicidade que veem em outras pessoas.

Em primeiro lugar devemos dizer que ninguém sabe exatamente ao certo o que se passa na vida íntima de cada um e, muitas vezes as aparências engam. Conheci muitas pessoas que pareciam, numa visão comum, pessoas resolvidas e felizes até o dia que foram parar dentro do meu consultório.

Sabemos que todos nós temos o que denominamos de Livre Arbítrio ou livre escolha e que toda escolha gera uma consequência: boa ou má, não existe meio terno. Assim como temos que compreender que nem tudo que parece um mal e um mal e nem tudo que parece, a priori, bom á realmente bom.

Às vezes fazer uma escolha errada é menos sofrido do que não fazer escolha alguma, pois a escolha quando errada podemos corrigir; enquanto a não escolha nos paralisa e nos faz sofrer ainda mais.

Todo o sofrimento da vida provém da não aceitação de uma determinada escolha ou situação, que também não deixa de ser consequência de nossas escolhas: “Eu não aceito ter sido demitido”; “eu não aceito que fui traído(a)”; “eu não aceito que essa pessoa morreu”; “eu não aceito que tenho esta doença”, “não gosto do meu trabalho”, “ganho muito pouco”, etc. Enquanto você continuar não aceitando, continuará sofrendo – e veja só, está escolhendo ser infeliz! Para mudar isso, compreenda e procure uma maneira de modificar a situação, se isso for possível ou tente aceitar caso a mudança seja impossível, pois tudo que passa pelo crivo da compreensão torna-se mais fácil de lidar. A vida não é um mar de rosas e nem tudo sai como o planejado. Mas só quando compreender sua situação poderá dar o próximo passo.

Escrevemos nesse conceituado jornal no dia 26/09/13: Uma análise sistemática da tríade: comodismo/indiferença, medo e “síndrome de vitimismo”.

Não se conformar é mudar; mas quando nos acomodamos ou temos medo da mudança, fazemos de nós vitimas do mundo e das pessoas, novamente escolhemos se infelizes.

Você deve compreender sua situação, mas nunca se conformar com ela, caso ela esteja provocando sofrimento e infelicidade em sua vida. A não conformidade oferece a força para mudar. Se você se conforma com sua vida, o ceticismo matará a vontade de mudança e sempre dirá que “não vale a pena”, “não vai dar em nada”, “é melhor deixar como está”.

Cada pessoa com toda certeza sabe onde a “vida” está lhe pregando uma peça que o torna infeliz. Manter-se na mesma situação é manter o sofrimento. Somos o que pensamos. Quando conspiramos a favor do universo, o universo conspira a nosso favor, escreve Paulo Coelho no livro O Alquimista.

Ao não se conformar, surge a vontade de mudar e sair da situação geradora de sofrimento. E com a vontade vem o olhar mais atento a oportunidades, onde a criatividade busca maneiras de inovar e viver a vida que você deseja. Ver bem não é ver tudo; é ver aquilo que os outros não veem. Jesus – O Homem – disse: “vocês tem olhos e não vê; tem ouvidos e não ouvi”. Mas mudar não é fácil. Na verdade para muitas pessoas é doloroso, mesmo sabendo que a mudança é para melhor. E alguns escolhem ser infelizes em vez de arriscar a incerteza da mudança. São pessoas aniquiladas pelo medo de ser feliz! Ser feliz é uma permissão da pessoa dentro dela mesma.

Tanto faz se é uma escolha consciente ou inconsciente. Será sempre uma questão de escolha, não de fatores externos. Você pode ter que trabalhar na mina de carvão porque perdeu o emprego. Mas precisa ser assim até o fim dos seus dias? Você vai escolher ficar na mina por que pelo menos lá é certo e seguro? Sério? Você teve que ir morar na casa de um parente (e isso não é nada confortável), muitas vezes, por consequências de escolhas anteriores; porém você não precisa morar lá o resto de sua existência. Você acha essa situação constrangedora; mas cabe a você tomar novas decisões e refazer sua vida diante de escolhas mais aprimoradas, até mesmo com base nos erro do passado.

Embora eu goste de me imaginar uma pessoa que se arrisca e segue seus sonhos, um olhar mais atento me fez ver como a incerteza me paralisou em vários momentos de minha vida, evitando mudanças e sofrendo “porque o mundo é assim, mesmo”. Isso me impediu de fazer as coisas de uma maneira diferente.

Existe um monte de contradições dentro de nós, vejo isso o dia todo ao trabalhar com meus clientes no consultório. Pessoas querem emagrecer - (Texto sobre obesidade no DM do dia 22/11) – mas não querem fazer nenhuma mudança que leva a perda de peso; uns querem parar de beber, mas não mudam seus hábitos; outros querem e sonham em passar num concurso público, mas não querem se dedicar aos estudos como precisa. Essas pessoas com certeza estão escolhendo serem infelizes.

A maioria de nós deseja e teme a mudança ao mesmo tempo. Parece que com o desenrolar da vida vamos criando aversão a riscos. E apesar de fazer sentido se olharmos a economia atual, fugir do risco também não nos torna mais felizes ou completos. De fato, isso tem causado o efeito oposto.

Tenho percebido que muitos de meus pacientes tentavam provar a si mesmo que a vida apenas lhes reservou a infelicidade, e tentam a qualquer custo provar isso; mas tive como psicoterapeuta de ajuda-los a ver que estavam errados e que não temos que provar essa tese absurda e infantil. Encontraram o que tanto sonhavam, embora fizesse tudo o contrário, a felicidade que estava dentro de cada um e não no mundo externo ou nas pessoas. Uma pessoa ou uma situação pode aprimorar nossa felicidade; mas não poder ser causa primeira de sermos felizes.

Todos já tivemos experiências com riscos, mudanças e incertezas. E apesar de preferirmos lembrar só dos momentos em que falhamos (e usar a experiência negativa para não fazer as coisas de forma diferente), a maioria das pessoas tem mais sucessos do que fracassos quando se trata de mudar.

Pense nas coisas arriscadas e incertas que já fez na vida, mas que hoje você se alegra por ter feito (por ex.: o casamento, uma viagem, ter um filho, aceitar um trabalho sem ter experiência). As coisas não parecem assustadoras quando vistas no passado. Olhar para trás e ver os riscos, sucessos e fracassos pode dar a confiança necessária para seguir em frente. Como diz o dito popular: “o que não me mata, me fortalece“.

Eu posso compreender que você tenha medo. Eu compreendo que você diga que é difícil mudar. Compreendo ainda que algumas pessoas estejam tão decepcionadas com fracassos que acham melhor ficar onde estão, pois se machucam menos. Mas nunca, JAMAIS, vou me conformar com essas situações. Ei de morrer a muito desejar; a viver na indiferença!

Neste exato momento várias pessoas em todo o mundo estão dando um passo consciente para fora de suas zonas de conforto, arriscando mais e escolhendo a incerteza em vez da infelicidade.

As mudanças não ocorrem de uma vez. Elas começam com um único passo e se desenrolam ao longo da vida. Para o trabalhador da mina de carvão, tornar-se o balconista de um café já será uma mudança incrível. E o balconista pode querer ser designer. E o designer sonha em sair do país e tocar na orquestra sinfônica da Alemanha. O que os impede de realizar seus sonhos? A escolha da infelicidade sobre a incerteza dos riscos.

Correr riscos é assustador? E toda escolha tem lá os seus riscos; mas o pior é não arriscar nada; pois a pessoa que não arrisca nada pode até evitar algum sofrimento; mas não tem nada, não é nada e vive infeliz, simplesmente pelo medo de SER FELIZ.

(Dr. José Geraldo Rabelo. Psicólogo holístico. Psicoterapeuta espiritualista. Parapsicólogo. Filósofo clínico. Artista Plástico. Prof. Educação Física. Especialista em família, depressão, dependência química e alcoolismo. Escritor e Palestrante. Watsapp – 984719412 – Cons. 30937133, Email: [email protected] e/ou [email protected])

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