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Anápolis na era da mobilidade humana

Anápolis está focada na mobilidade humana e se transforma para garantir a toda pessoa a possibilidade de chegar facilmente aonde, quando e como quiser. A edificação de uma cidade que harmonize os seres humanos com o meio ambiente, vai além da mobilidade urbana, cujo conceito é restritivo em relação à extensiva concepção de mobilidade humana. Cidade feita por pessoas para pessoas. Anápolis caminha para o futuro na rota do desenvolvimento econômico, predestinada e determinada a consolidar um polo logístico de expressão nacional e projeção internacional, a par da sua estratégica localização geográfica e dos seus referenciais e diferenciais competitivos e atrativos, sem deixar de priorizar a sustentabilidade.

Na segunda metade dos anos 1970, ao ingressar na era da industrialização para fugir da estagnação no meio de duas grandes capitais, que sugavam a sua economia, Anápolis apostou na atração de indústrias e alcançou superação além da imaginação. De cidade dormitório à beira da estrada tornou-se protagonista do segundo maior corredor de investimentos do País, com imenso mercado de US$ 260 bi ano e 7,5 milhões de consumidores. O melhor lugar para se viver e investir na região que mais cresce no Brasil (pesquisa revista Exame).

Sob a égide do Plano de Diretor em conexão com o Plano de Mobilidade, Anápolis preconiza agora desenvolvimento com sustentabilidade, conduzido por políticas públicas voltadas para a organização e democratização do espaço e das oportunidades que a cidade oferece. Ações para a melhoria da qualidade de vida, como a implantação de corredores de ônibus e modernização do sistema de transporte público, por exemplo, objetivam mais que a otimização da mobilidade urbana. Transporte público sustentável vai muito além de ônibus novo, tarifa justa e viagens confortáveis. A mobilidade humana, acima da mobilidade urbana, deve pensar e atuar para o bem estar das pessoas envolvidas pelo universo do transporte coletivo e da cidade. Mobilidade humana é entender que uma cidade é, primeiramente, imaginada por pessoas e deve, antes de tudo, ser concebida para pessoas.

Quando a jovem Urban iniciou suas atividades, Anápolis enfrentava grave crise de mobilidade urbana provocada pelo aumento da frota de veículos particulares e pelo congestionamento do trânsito nas vias centrais da cidade, determinantes da superlotação do Terminal Urbano e dos atrasos das viagens do transporte coletivo nos horários de pico. Desde a demolição da ala sul do terminal, por decisão judicial, a crise de mobilidade sem precedentes na história da cidade caminhava para o caos.

Com o estrangulamento do coração do sistema, sem espaço para a integração total das linhas, milhares de trabalhadores e estudantes, que se dirigiam ao mesmo lugar, na mesma hora, vivenciavam a falta de mobilidade. Como o sangue percorre o corpo através das veias, o trânsito flui pelas vias da cidade. Quando o trânsito não anda a cidade para. Queda da qualidade da vida e da produtividade. Neste cenário, a Urban assumiu, no final de 2015, a mobilidade urbana de Anápolis.

Na trilha do Expresso São José do Tocantins, nascido em Anápolis, nos anos 1950, quando o pioneiro Vandir Lopes iniciou sua trajetória épica com um único ônibus, adaptado a partir de uma jardineira, a nova concessionária foi implantada às pressas para enfrentar o maior desafio do Grupo São José, que hoje gera 2,8 mil empregos diretos e opera mais de 1.200 veículos, que percorrem mais de 5 milhões de quilômetros por mês nos estados de Goiás e Tocantins e no Distrito Federal.

A bordo da experiência de mais de seis décadas da São José e da determinação herdada do pai para romper a estrada esburacada e lamacenta da linha Anápolis-Niquelândia, no meio do nada, muitas vezes sem um passageiro sequer, nos primórdios da empresa de um único ônibus, cujo proprietário era seu motorista, cobrador e mecânico, os empresários Luciano Lopes e Vandir Júnior assumiram o desafio de superar imensas dificuldades, a curtíssimo prazo, com a missão de consolidar um sistema eficiente e sustentável para atender ao contrato com o poder concedente e satisfazer aos anseios da população.

Ao amanhecer do dia 22 de novembro de 2015, aproximadamente mil funcionários e 204 ônibus (novos e semi-novos) operavam o novo sistema. Em 90 dias, implantada a grade operacional da integração informatizada no terminal, a bilhetagem eletrônica de última geração e a integração temporal (fora do terminal), em caráter experimental, a Urban venceu os desafios da fase de implantação. O diretor operacional Humberto El Zaiek trocava o pneu com o carro andando, tamanhas demandas que exigiram a transferência de seu escritório para dentro da Estação Central de Embarque.

O novo desafio era encontrar solução para a falta de espaço para a integração e para as filas intermináveis de ônibus na vala comum do trânsito entupido, nas imediações do terminal mutilado por uma lei injusta e uma sentença burra, que renegaram o direito de mobilidade a milhares de trabalhadores e estudantes, em benefício da visibilidade de um prédio histórico. Até porque promotor e juiz de direito não viajam de ônibus e, portanto, desconhecem o impacto negativo de longos e consecutivos atrasos nas viagens do transporte coletivo.

Neste calvário que afligia a população e provocava a queda no PIB da cidade, quando a tecnologia de ponta e a experiência eram neutralizadas pelo estrangulamento da Estação Central de Embarque, entra em cena a terceira geração do fundador do Expresso São José do Tocantins. Como num passe de mágica, simplesmente a abertura de uma porta para o futuro, a crise desaparece. Se o espaço interno é insuficiente por que não operar a integração do lado de fora? Simples como fazer uma roda. Difícil foi inventar a roda.

A solução mágica simplesmente zerou os atrasos das viagens e os congestionamentos de trânsito, com reflexos positivos na qualidade de vida da população e na produtividade da economia do município. Os benefícios incalculáveis melhoraram a vida de mais de 20 mil trabalhadores do Daia e de outros 30 mil fora do polo industrial, além de cerca de 20 mil estudantes, um universo de 70 mil pessoas penalizadas diariamente pela crise de mobilidade herdada pela Urban.

Absolutamente, a solução encantada esconde a identidade da neta de Vandir Lopes, mas revela o talento da nova geração de especialistas em mobilidade de vidas e sonhos. A Urban embarca para o futuro, a bordo do laboratório criado por Luciano Lopes e Vandir Júnior na terra onde nasceu a São José e onde agora se desenvolve um novo conceito de mobilidade.

(Manoel Vanderic, jornalista)

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