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OPINIÃO

A paz passa pelo diálogo

Em fevereiro de 2015, tive a grata oportunidade de participar de uma audiência pública com o papa Francisco, na Praça de São Pedro, no Vaticano. Acompanhado por minha mulher, Maria Célia, e ao lado do governador Marconi Perillo e da primeira-dama Valéria Perillo, pude ouvir as bênçãos do sumo-pontífice para Goiás. Naquele momento, absorvi a mensagem de que o diálogo é a arma cristã para superar as divergências.

Com o espírito tomado por essa orientação, iniciei formalmente meu mandato como presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás para o biênio que ora se encerra. Pude gerir o Parlamento goiano com o suporte de todos os deputados, diretores e servidores em um contexto de turbulência e dificuldades. Não foi fácil. Enfrentamos grandes desafios, mas vamos entregar uma Casa de Leis mais transparente e com maior segurança jurídica.

Sob o sol do agradável clima do Vaticano, talvez eu não imaginasse a dimensão dos desafios reservados ao Parlamento goiano. Os cenários político e econômico no país naquele momento não indicavam que teríamos tantas dificuldades. A opinião pública, cada vez mais informada, cobrava reformas estruturais profundas na gestão do Poder Legislativo. Tivemos de enfrentar denúncias, críticas e ataques com serenidade para buscar soluções que aumentassem a credibilidade da Assembleia.

Entendo que a gratidão é uma consequência do diálogo aberto. Sou muito grato à dedicação dos deputados e dos servidores ao longo do biênio, especialmente nos últimos dois meses. Todos entenderam a necessidade do pacote de ajuste fiscal. Dedicaram-se com afinco ao trabalho. Quem ganha com isso é toda a sociedade. Agradeço a todos pelo compromisso e pelo constante apoio.

Em meus pensamentos, o diálogo era o único caminho possível para que o Parlamento pudesse avançar. Tivemos que debater projetos de lei impopulares, mas absolutamente necessários para que Goiás continuasse no caminho do desenvolvimento. Há poucos dias, o plenário concluiu a apreciação do chamado pacote fiscal. Com certeza, as duras medidas serão vistas no futuro como um marco na administração pública.

Vivemos um ano que testou a maturidade de nossa democracia e a solidez de nossas instituições. O Poder Legislativo goiano abriu-se ao diálogo com os demais Poderes e com a sociedade de maneira plena. Diariamente recebemos mais de mil visitantes, que vem à Assembleia acompanhar as atividades parlamentares. Somos mais transparentes, com uma TV aberta ao povo e informações acessíveis. Abrimos espaço para a manifestação popular por meio do Opine Cidadão. Com certeza, passamos no teste.

O papa Francisco disse que “apenas os que dialogam podem construir pontes e vínculos”. O sumo-pontífice afirmou que, para vencer, é necessário que todos ganhem; o tamanho da vitória é questão de tempo. São orientações que nos levam a uma vida melhor. Precisamos aprender a superar as dificuldades sem lançar mão de qualquer tipo de violência. O diálogo foi o fundamento de minha gestão à frente da Assembleia Legislativa.

Hoje, entendo que cumpri meu dever. Pude oferecer minha dedicação e integral compromisso com o povo goiano. Não tenho em meu coração espaço para o ódio ou o rancor. Nada farei para reativar feridas que estão cicatrizadas. Guardar mágoa no coração é um gesto autodestrutivo. Mantenho o olhar em direção ao futuro. As histórias do passado trazem a experiência e o aprendizado, no sentido de sempre buscar por meio do diálogo a paz, o amor, a justiça e o bem-estar da população. Que o legado positivo que pudemos construir seja duradouro como os nobres valores da democracia.

(Helio de Sousa, médico, presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás)

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