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OPINIÃO

Guerra e Paz, de Portinari, na visão de Marli Franzoni de Sousa

“A paz Universal é possível.” “Dia virá em que a humanidade desfrutará da paz sem limites.”

Cândido Portinari, Agência Reuters, 1957.

GUERRA E PAZ é o nome dos dois últimos e mais importantes painéis criados por Cândido Portinari um dos mais laureados artistas da pátria brasileira em todo o planeta.  Renomados biógrafos já trouxeram a lume a rica, luminosa e extensa biografia do político, poeta, professor e desenhista Cândido Portinari, cujas telas engrandeceram a cultura artística de São Paulo, do Brasil e do mundo.

Cumpre-nos, todavia informar que Cândido Portinari descendente de humilde família de imigrantes italianos, aportou ao mundo físico em 30 de dezembro de 1903 na bela e hospitaleira cidade paulista de Brodowski. Trazendo em sua bagagem fortes pendores artísticos nasceu vocacionado para a sublime arte de pintar.

Embora pouco aculturado e apenas com instrução primária o esbelto garoto, de origem católica, com apenas quinze anos deixou a terra natal e demandou a cidade do Rio de Janeiro então capital do país, onde foi estudar e aprender pintura na Escola Nacional de Belas Artes.  Em 1928 viajou para Paris e de lá saudoso e amorável não tirava da lembrança os instantes felizes vivenciados, com alegria, no doce cenário da infância campesina no interior paulista.  “Daqui fiquei vendo melhor a minha terra, fiquei vendo Brodowski como ela é. A paisagem onde a gente brincou a primeira vez não sai mais da gente, e eu quando voltar vou ver se consigo fazer a minha terra.” Afirmava ele em Paris no ano de 1.929.

De volta ao solo pátrio “fez de sua arte um registro profundo, completo e apaixonado, transformando Brodowski em pintura e poesia. Ele nunca se desligou de sua terra natal seu santuário e refúgio, para onde sempre retornava em busca de força e inspiração.”

O tempo passava celeremente e em dado momento o jovem humilde e franzino do interior paulista, pequeno em estatura cresceu e tornou-se grande com a genialidade de sua sabedoria artística.  Saiu do ostracismo e ganhou o mundo para imortalizar-se na figura magistral do incomparável pintor Portinari que deixou às futuras gerações um preciosíssimo legado de quase cinco mil obras de inestimável valor.

Vitimado por uma invencível intoxicação pelas tintas que utilizava, Portinari que tivera apenas um filho e se preparava para uma grande exposição em Milão na Itália foi compelido a deixar a vida física em 6 de fevereiro de 1962 e regressar á pátria espiritual.

Anelamos com estas singelas e descoloridas considerações tão somente exalçar a vida artística do inigualável e internacionalmente conhecido Cândido Portinari. Vale lembrar que este valoroso artista brasileiro que ao longo de sua trajetória consolidou várias conquistas memoráveis, passou pela vida física deixando pegadas de amor e um rastro de luz pelos caminhos por ele percorridos com passos estugados e firmes. Através de sua arte sublime ele retratou com fidelidade e fez conhecida a sua Brodowski, engrandeceu o Estado de São Paulo e projetou o Brasil para além-fronteiras do país. Por este e outros motivos Cândido Portinari é respeitado, querido e amado pela gente simpática e hospitaleira de sua terra natal.

A mais laureada e mais importante obra da arte monumental é os painéis GUERRA e PAZ criados em uma tela de quatorze metros de altura por dez de largura, entre os anos de 1952 a 1956, doado pelo Governo Brasileiro a ONU e que hoje emolduram a sede da Organização das Nações Unidas em Nova York.

É indispensável ressaltar que estes painéis foram restaurados em São Paulo em 2011, no Palácio Gustavo Capanema em ateliê aberto ao público.  E foi nesta ocasião que a Professora Marli Franzoni de Souza, conterrânea de Portinari e que reside a poucas quadras do Museu Casa de Portinari em Brodowski visitou a exposição e adquiriu as réplicas dos painéis que hoje enfeitam a sala de visitas de sua acolhedora residência.    Contemplativa e envolta na sintonia vibracional daquela obra monumental e de elavada magnitude Marli Franzoni de Souza, casada com Mário Luiz de Souza e mãe do Mário Rubens e do Luiz Henrique emocionada fez sucinta e inteligente abordagem sobre aquela obra, vazada nos seguintes termos:

“O planeta terra apresenta o milagre da vida num universo de contrastes.” Nasce o sol e a lua, a água e o fogo, o verão e o inverno...  Entre a grandeza e a beleza das matas, rios, mares e bichos, nascem o Homem e a Mulher.  “Com eles brotam os sentimentos opostos: alegrias e tristezas, amor e ódio, bondade e maldade, honestidade e desonestidade...”

GUERRA E PAZ

A Guerra se desencadeia pela falta de paciência, humanidade, respeito, generosidade, perdão... Na conquista desenfreada do poder temporal sobre o espiritual tão bem representado nesta tela pela cavalgada apocalíptica de Portinari, numa cena entre o ser humano em grupos opostos, genuflexos, braços levantados, e rostos voltados para o Céu, mostra toda dor e sofrimento pelas perdas, fome e morte.

“A PAZ, no painel do autor, é o fio condutor da alegria, da liberdade de expressão, da arte, da música, da dança da ordem no trabalho digno em busca de melhores condições de vida do desenvolvimento que nos invade e nos emociona.” São Paulo, 8 de março de 2012.”

“Excursão a São Paulo para ver de perto a obra magnífica de nosso ilustre filho Cândido Portinari, e que doada pelo Governo Brasileiro à ONU - Organização das Nações Unidas, por ocasião da pós-restauração e exposição no Memorial da América Latina - SP, onde o autor nos encantou pela grandiosidade das telas pela belíssima mensagem de PAZ.”

E em perfeita sintonia com o pensamento e a emoção vibracional de sua conterrânea e confessa admiradora, Portinari comparece para confirmar com simplicidade e serena coragem importância da mais importante obra extraída de sua incomparável genialidade artística: “Os painéis GUERRA E PAZ representam sem dúvida o melhor trabalho que eu já fiz”... “Dedico-os à humanidade...”

O escopo deste singelo e descolorido artigo de nossa humilde lavra é o de trazer a lume e fazer bem presente às nossas memórias fragmentos da veneranda trajetória de vida desta alma cidadã do universo e viajora da eternidade. A nós nos parece que o grande objetivo por ele perseguido através de sua genial sensibilidade artística, audácia e serena coragem foi o de esparzir mundo a fora uma cultura de paz e plantar o amor e luz no coração da humanidade.

(Irani Inácio de Lima, presidente da Associação Jurídico Espírita de Goiás)

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