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OPINIÃO

A desonestidade assumiu a direção do País

Uma das caracterizações de que o chamado impeachment serviu como instrumento para se colocar o Brasil sob o comando de um aglomerado composto em sua esmagadora maioria pelos maiorais da desonestidade da atual classe política brasileira, é o esforço ostensivo de grande número de deputados e senadores no sentido de impedir a perda do mandato do deputado Eduardo Cunha.  Primeiro os fariseus do golpismo ambicioso de abarcar o governo da República por vias antidemocráticas, sem disputar eleições, utilizaram o presidente da Câmara Federal (cuja eleição para tão importante cargo já fora uma vergonha) a fim de alcançar os seus propósitos, Eduardo Cunha.  Político que disputa o título de mais inescrupuloso do Brasil (disputa acirradíssima entre milhares), cumpriu com perfeição o seu papel tão historicamente indigno. Ficou à vontade para compor a Comissão do Impeachment.  Escolheu os seus integrantes, indicou o relator (um goiano que é do PSDB mas entrou no PT, a fim de ser um dos mandantes em Goiás e um falso apoiador do governo Lula e depois o de Dilma, com o que atingia seus objetivos pessoais e os dos tucanos...)  Mais: o indecoroso Eduardo Cunha, com o mandato e a presidência da Câmara dos Deputados mantidos por quase trezentos picaretas da Casa, presidiu os trabalhos desta até o final do criminoso processo e mesmo depois de denunciado pelo STF contínua deputado federal.  E se depender dos   seus colegas também corruptos, a corrupção dele continuará impune e o seu mandato preservado.  Nada mais vergonhoso no triste quadro da política nacional de hoje.  O deputado pelo Rio de Janeiro, que um grande número de adeptos   de determinado segmento religioso nele votou, é autor de vários gravíssimos atos de enriquecimento ilícito, concretizados muitos deles em depósitos clandestinos em bancos da Suíça, cujas autoridades comunicaram por escrito vários desses fatos à Justiça brasileira. Mesmo assim, desonestos de quase todos os partidos vêm protegendo o deputado. Já faz mais de 11 meses que todas as formas de procrastinação antirregimental vêm sendo postas em prática em todos os âmbitos da Câmara Federal, com o objetivo de salvar Eduardo Cunha.  É o máximo de falta de decoro e de desrespeito ao povo brasileiro. O império do banditismo político.

O esquema formado por cerca de oitenta por cento do quadro partidário nacional tem nas suas fileiras grande número de parlamentares, chefes de Executivo e outros tipos de representação política, que não resistem a uma aprofundada análise de cunho moral. A absoluta impunidade de Paulo Salim Maluf, que, se não me engano, ainda é presidente do PP (quanto desprezo à opinião pública), ele que de há muito vem contando até com proteção de elementos do Poder Judiciário, tem as boas graças do poder transferido ao PMDB primacialmente – Michel Temer não ganhou a Presidência da República? – e a tantas outras agremiações partidárias da pior ideologia. Maluf e centenas de outros. São os casos de Renan Calheiros, Cássio Cunha Lima (que fantástico dossiê negativo!), Jair Bolsonaro e seus filhos e tantos outros que formam a pior casta da política brasileira, tudo isto e muito mais são motivo para desolação e análise. Esta será motivo de outros artigos.

(Eurico Barbosa, escritor, membro da AGL e da Associação Nacional de Escritores, advogado, jornalista. Escreve neste jornal às terças e sextas-feiras)

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