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OPINIÃO

Alta performance no SUS

Com o panorama de reajustes financeiros devido uma recessão econômica internacional, os esforços para proporcionar uma qualidade digna aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) estão ainda mais concentrados para uma adequada gestão de recursos. Em 2015, apesar das dificuldades, o Hospital Alberto Rassi – HGG conseguiu resultados extremamente satisfatórios no Centro de Terapia Intensiva, que, como todos sabem, tem um custo elevado de manutenção.

Para se ter uma ideia do perfil do CTI do HGG, unidade pública do Governo de Goiás, suas unidades clínicas foram responsáveis pelo atendimento de 9.570 pacientes/dia no ano de 2015, com uma taxa de ocupação média acima de 90%. Como exemplo do elevado grau de eficiência, das altas realizadas houve apenas oito reinternações em 24 horas (0,9% dos pacientes).

Lembramos que se tratam de pacientes de elevadíssima gravidade, com 51,8% dos mesmos necessitando de ventilação mecânica durante a internação (duração média de 5,93 dias de ventilação mecânica por paciente); 42,4% necessitando de uso de aminas vasoativas; 24,2% necessitando de hemotransfusões; e 27,4% dos pacientes necessitando de hemodiálise.

As principais categorias diagnósticas encontradas foram: Infecção/sepse (28,8%); cardiovascular (17,6%); respiratória (13,1%); e neurológica (11,3%). De todos os pacientes internados, 685 apresentavam alguma comorbidade, sendo as mais comuns: hipertensão arterial (54,2% dos pacientes); diabetes (17,7%); alcoolismo (14,8%); e tabagismo (14,2%).

A qualidade do trabalho do CTI do HGG é comprovada por meio de comparações com outros 400 hospitais públicos e privados de todo o Brasil. Com o Sistema de Monitorização Epimed (SME), é possível conferir um banco de dados com 800 UTIs e 11 mil leitos monitorados, totalizando mais de um milhão de pacientes em sua base. É a maior base de dados clínicos e epidemiológicos da América Latina.

Quando comparamos os dados do HGG somente com hospitais da base SME em hospitais públicos do Brasil, percebemos que a mortalidade no HGG ficou 20% abaixo da média, já com os números ajustados pelo grau de gravidade dos pacientes. Seguindo a comparação percebemos ainda uma mortalidade no HGG 8% abaixo da encontrada na região Centro-Oeste (incluindo hospitais públicos e privados) e 31% abaixo da encontrada na mesma região para os hospitais públicos.

Analisando estes dados, percebemos que, por meio da gestão inteligente, os recursos destinados ao Centro de Terapia Intensiva do HGG foram empregados de forma eficiente para o atendimento de pacientes de elevada gravidade, com resultados que superam em muito os demais hospitais públicos da região Centro-Oeste. A alta qualidade na assistência prestada aos pacientes críticos, com resultados equiparados à média da América Latina, sinalizam com clareza a possibilidade de um atendimento público pelo Sistema Único de Saúde (SUS) com alta performance, dignidade e respeito aos pacientes.

(Marcelo Rabahi, diretor de Ensino e Pesquisa do Hospital Alberto Rassi - HGG e professor emérito da Universidade Federal de Goiás - UFG)

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