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OPINIÃO

Conselho dado, erro evitado

Pela movimentada rodovia Anápolis-Brasília, o carro corria excessiva e perigosamente, em completo desrespeito à vida humana.

– Não corra tanto, querido. É perigoso. Pode haver um acidente. Dizia a mulher amedrontada, ao que o esposo respondia:

– Quem pode mais, chega primeiro…

– Chega primeiro ao cemitério, isso sim. Retrucava aborrecida.

– Vire essa boca p’ra lá, mulher...

– Correr tanto não é coragem... É imprudência.

E o homem sorria, dirigindo o carro. A esposa:

– Quem tem pressa não quer chegar...

Ele parecia nada ouvir.

– Antes perder um minuto na vida do que perder a vida em um minuto.

– Como o marido demonstrasse completa indiferença aos seus avisos, a mulher preferiu recolher-se ao silêncio da prece.

Mas, ao cruzar um carro que ia à sua frente, o sr. Maurício não pôde ver além de um aclive forte, que outro carro vinha em direção contrária, resultando, daí, o acidente fatal: os carros se chocaram indo o outro cair numa vala profunda, às margens da estrada.

Maurício e sua esposa desmaiaram, por forte pancada sofrida na cabeça, e foram urgentemente conduzidos para o hospital, onde, depois de acordarem, tomaram conhecimento de tudo:

– O rapaz que dirigia o outro carro, faleceu.

Maurício sentiu inexplicável angústia.

E ao indagar o nome do jovem acidentado, ficou sabendo tratar-se do seu próprio irmão.

“Se conselho fosse bom, ninguém o daria de graça”, dizem os menos esclarecidos, repetindo velho refrão popular.

Isso de conselho ser bom ou ruim depende muito de quem o qualifica. Quanto a dá-lo de graça, é dever de consciência de toda pessoa dotada de bom senso.

Os “cabeçudos” é que acabam pagando caro por não recebê-lo nem de graça…

“Quem avisa amigo é.”

“Quem é prudente, evita acidente.”

“Quem dirige com atenção, evita colisão.”

O povo diz que “quem corre, alcança”. Só não diz o que alcança...

(Iron Junqueira, escritor)

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