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Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais(...) Correria mais riscos, viajaria mais, comtemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios. Iria a mais lugares onde nunca fui. Tomaria mais sorvete e menos lentilha, teria mais problemas reais e menos imaginários (...) Mas, se pudesse voltar a viver, trataria de ter só bons momentos. Porque, se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos, não percas o aqui e agora. Eu era um desses que nunca ia a parte alguma sem um termômetro, uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um paraquedas. Se voltasse a viver, viajaria mais leve. Se eu pudesse voltar a viver, começaria a andar descalço no começo da primavera e continuaria assim até o fim do Outono. Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres, brincaria mais com as crianças se eu tivesse outra vez uma vida pela frente. Mas, já viram, tenho 85 anos e sei que estou morrendo.
(Jorge Luis Borges)
Manhãs auspiciosas e esplendorosas, belas tardes, noites frescas muito estreladas e enluaradas. Assim era nossa vida cotidiana, morada feliz e saudável. Vida muito esperançosa num futuro promissor tendo como pano de fundo nossa rua Dom Luis Santana – 10 nas Mercês em Uberaba – MG. Terra adotiva do nosso brasileiro de todos os tempos, Chico Xavier e do seu grande precursor nativo Euripedes Barsanulfo. Barquinhos de papel eram lançados a navegar, bem como nós mininos também contumazmente nos atiravamos às caudalosas e frequentes enxurradas de uma auspiciosidade tamanha deliciosa e a toda prova; de fazer inveja a Jorge Luis Borges! O tamborilar dos pingos da chuva e muitas vezes de pedras congeladas (granizo) emitiam sons estranhos e emocionantes que nos levavam ao Éden Eterno! Assim eu sonhava e me projetava ao futuro!
(João José)
Meu amigo Jorge Luiz Borges; você não errou muito!! A maioria dos seres viventes é frustrada e infeliz como o senhor. Já “nois do Planeta BerabaBâo”, comumente sempre trabalhamos desde a mais tenra idade e somos felizes porque vivemos profundamente a partir dos 5 anos de idade. Hoje é crime trabalhar antes dos 18 anos. Desafio qualquer um a mostrar uma infância mais esplendorosa, contudente e feliz que a minha. Verdadeira Apoteose dos Deuses”; e não é Mitologia hein?!. É fato real!! Pois veja bem, Jorge Luis Borges: Já roubou galinha na sexta feira santa pra fazer galinhada no sábado da Aleluia? Rodei pião; joguei biloca e beti; pratiquei pelada de lobeira e bola de meião; andei muito de bicicleta e “sortei” raia (papagaio); joguei queimada e pulei corda; maiei/roubei frutas em quintal alheio no nosso bairro; tomei banho nos córregos e no mortífero rio do Beraba; caçei passarinho com estilingue e depois os cozinhávamos em verdadeiras e saborosas passarinhadas; além de mais um sem número de aventuras, brincadeiras e jogos de meninos!
Tanto é que nunca deixei de estudar! Fui chefe de família com 11 anos de idade; servi o glorioso Exercito Brasileiro, na época do honrado Governo Militar!. Com muita propriedade e presteza obtive o bom comportamento. Passei, após a baixa no Exercito, em Concurso Público para cobrador de ônibus da TCB (Transportes Coletivos de Brasília). Posteriormente fui aprovado em primeiro lugar no concurso de Escrevente Datílografo da UnB. Dois anos depois, sem qualquer favorecimento de cota racial ou cousa que o valha, passei no vestibular de Geologia na melhor Universidade do país (UnB). Recém formado fui dar aula de Geologia em Diamantina - MG pela UFMG Instituto Eschwege – Convênio Brasil – Alemanha (serra do Espinhaço), onde recebiam aula de campo, alunos de Geologia de todo o País. Logo depois fui ser Geólogo da Amazônia onde contraí quatro malárias (retire o curriculum no Wikipédia) e várias viroses; mas também, apesar dos pesares, foi uma das melhores fases de minha vida! Muita luta, perigos, mas também muita evolução na escada de jacó (escala da vida).
Tô aqui gordão, bonito e muito feliz! Sempre trabalhando e estudando. Pratiquei o “Bom Combate”, realizando na infância e puberdade tudo que Jorge Luís Borges arrependeu-se de não ter realizado em vida, tais como: Jogar pelada com bola de lobeira e meião. Quando o dedão “trupicava” até a carne viva (Mínino do Pé Perebento) “nois” sentia muita dor mas não reclamava. Nadei nas enxurradas convolutas e tempestuosas também e nas veredas e nascentes da nossa cidade. Andei e corri a pé na chuva navegando pelas relvas molhadas. Vivia no mato catando frutas nativas (Gabiroba, Jambo, Baco Pari, Mangaba, Jatobá, Goiabinha, Cajuzinho, Sabão de Macaco, Avelã, Manga, etc e tal) e buscando também ouvir o fantástico som da passarinhada.
(João José, Geologo da Amazonia, Comendador do Araguaia, Servidor do Radam Brasil / IBGE, Ex – Professor da UFMG, Articulista e Cronista do D.M).
