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OPINIÃO

Livros impressos para sempre

Daqui a 50 anos, quando estiver fazendo 500 anos, como será o Rio de Janeiro? Como serão os seus livros? A Secretaria Municipal de Educação reuniu 400 professores e alunos, no teatro da Academia Brasileira de Letras, para lançar o concurso de redação intitulado “Cápsula do Amanhã.” Os 100 melhores trabalhos, de escolas públicas e particulares, serão selecionados por um júri da ABL e depois guardados, criptografados, no Museu do Amanhã, para serem abertos somente em 2065, quando serão revelados.

No dia do lançamento, na presença da Secretária de Educação, professora Helena Bomeny, foram feitos alguns discursos pelos Acadêmicos Geraldo Holanda Cavalcanti, Domício Proença e Evanildo Bechara. Todos de valorização da palavra e da linguagem. No meu caso, confidenciei a expectativa de que daqui a 50 anos ainda teremos livros impressos à nossa disposição: “Não acredito na prevalência do livro eletrônico.”

Pouco tempo depois, exatamente no dia 22/09/2015, o jornal The New York Times publicou oportuna matéria em que revela que as vendas digitais diminuíram acentuadamente: “Estamos longe do apocalipse digital.”

Há sinais claros de que adeptos de e-books estão retornando para os impressos (ou tornando-se leitores híbridos). As vendas de e-books caíram até 10%, nos cinco primeiros meses deste ano, de acordo com a Association of American Publishers, que coleta dados de 1.200 editoras. O declínio da popularidade do e-book pode ser um sinal de que a edição enfrenta a onda da tecnologia digital melhor do que outras formas de mídia, como a televisão e a música.

Segundo o NYT, os leitores jovens, que são nativos digitais, ainda preferem ler no papel. Esta realidade é reforçada pelo fato de que há um forte movimento de restabelecimento de livrarias independentes, além de fatos concretos como o investimento de 100 milhões de dólares da tradicional Penguin Random House na expansão e atualização dos seus depósitos e na necessária aceleração da distribuição dos seus livros. Da encomenda à entrega hoje não passa de dois dias, o que representa um inaudito ganho de eficiência..

Depois de cinco anos de perdas, como o fechamento da rede Border’s e de algumas livrarias Barnes and Noble, a que nos acostumamos, estamos vivendo um período de forte reação dos livros impressos e queda acentuada de e-readers. Os livros de bolso, por exemplo, aumentaram 8,4% nos primeiros meses deste ano. Os preços mais baixos influenciaram muito este resultado.

Há uma onda evidente de novos leitores em smartphones e tablets, mas com a reação positiva dos impressos. Será que a nova onda fará conviver, de maneira harmoniosa, esses diferentes tipos de leitura? Quem previu a morte do livro impresso certamente terá uma grande decepção. Ele está mais vivo do que nunca.

(Arnaldo Niskier, professor, jornalista e da Academia Brasileira de Letras e presidente do Ciee/RJ)

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