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OPINIÃO

A palavra ética de Sócrates e Platão a Dilma Rousseff e Eduardo Cunha

A palavra ética tem as suas origens ligadas às escolas filosóficas de Aristóteles, Sócrates, Platão e outros pensadores gregos famosos. Na verdade, até a palavra democracia tem o seu berço na Grécia. Mas de lá para cá muita coisa mudou, deixando a palavra ética deturpada pelo mau uso e conservação. Numa definição livre, a ética seria a boa conduta diante de nós e da sociedade. Mas ao longo da história humana os modelos de comportamento foram mudando, chegando até o desgaste político dos governantes, seja Renan Calheiros, Eduardo Cunha ou a presidente Dilma Rousseff. A palavra virou sinônimo de dinheiro, oportunismo, trapaça, jogada política ensaiada. Não há mais preocupação com os bons valores, com a confiança, com  os valores sociais e individuais. Tudo pode ser comprado, vendido, ser fonte de troca, muitas vezes cheirando a atos vergonhosos.

O filósofo Emmanuel Kant deixou uma vasta contribuição sobre a ética, mas o termo mudou, alcançando níveis deploráveis de comportamento. O ensino da filosofia perdeu o seu sentido prático, embora continue sendo uma doutrina muito bonita, positiva, valiosa. Mas no mundo atual tudo pode ser comprado, vendido, divulgado sem padrões aceitáveis de comportamento humano digno. A palavra ética foi substituída pelo valor material dos homens e ainda tenho saudades das famosas aulas de OSPB (Organização Social e Política do Brasil) e Educação Moral e Cívica, que faziam parte dos currículos escolares dos anos 60 a 80 em nosso país. Hoje quem se comporta dentro de bons valores é visto como ingênuo, bobo, ultrapassado. Quem consegue dar a maior rasteira social é o campeão de todas as etapas do crescimento humano. Mesmo num ano eleitoral as promessas serão novamente baseadas na mentira, trapaças, enganos sociais. Não se pode acreditar nos idealismos ou biografias dignas, pois se quer ver um homem se transformar é só dar o poder a ele. Realmente, democracia parece ser apenas coisa de grego!

Os grandes manuais de sociologia definem os meios, fins e comportamentos humanos, mas na prática há uma inversão de valores, com uma sociedade cada vez mais vendida, nanica, vergonhosa, sem modelos exemplares. As origens de Sócrates, Aristóteles, Platão, Kant e outros pensadores ficaram apenas arquivadas na história quando se observa os comportamentos dos presidentes do Senado, do Congresso e da própria Presidência do Brasil. O PT, que já foi um partido considerado sério, hoje é apenas mais um símbolo do antigo e famoso toma lá e dá cá, numa troca de favores em nível nacional e até passional.  Como era um famoso nome de programa do Silvio Santos (Topa Tudo Por Dinheiro), os interesses se movem na direção de quem pode oferecer mais. As operações do Mensalão, Lava-Jato falam pelos escândalos mais recentes. As pessoas aprendem lições de ética em valiosas universidades e na vida prática são obrigadas a seguir o calendário e manual das trapaças institucionais. Saudades da palavra ética e de seus pioneiros, seguidores, nobres homens de Atenas, hoje fazendo falta em Brasília ou qualquer parte do Brasil.  Por comparação, não se sabe se o escândalo está na novela global (A Regra do Jogo) ou em mais uma sessão dos políticos em todas as regiões e instâncias. Então para quê existem eleições?

O comportamento de um homem deve ser analisado, verificado, condenado, aplaudido ou até mesmo repetido, imitado.  Saudades dos ensinamentos dos grandes homens pensadores, pois no presente a prática é bem diferente da teoria. Creio que de tanto desgosto com a prostituição e banalização da palavra “ética” o filósofo Sócrates tomaria cicuta novamente. Ou talvez fosse consolado por outro pensador que afirmou ser “o homem  produto do meio”.

(José Carlos Vieira, escritor, jornalista do Jornal Folha da Cidade, Rio Verde, E-mail [email protected])

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