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OPINIÃO

Será que vai acabar em pizza?

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization - Unesco) recebeu em 2014 uma petição com cerca de trinta mil assinaturas, recolhidas pelo site change.org, por iniciativa do ex-Ministro da Agricultura e do Meio Ambiente da Itália e presidente da Fondazione UniVerde Alfonso Pecoraro Scanio que pedia a inclusão da pizza napolitana como Patrimônio Cultural e Imaterial da Humanidade. As comissões nacionais da UNESCO, a cada ano apresentam a candidatura de um bem imaterial para que concorra a nível internacional para se transformar em Patrimônio da Humanidade. Se eleita, a pizza napolitana pode figurar ao lado de outros patrimônios imateriais napolitanos já catalogados como as marionetes sicilianas, a arte do violino de Cremona, os passos das procissões religiosas e o canto dos cantores Sardos.

Em começo do ano de 2015, a petição já tinha reunido cerca de duzentas mil assinaturas. A Fondazione UniVerde e a Associação dos Pizzaiolos Napolitanos, iniciadores do projeto e maiores interessados em sua aprovação, esperam chegar à ambiciosa marca de um milhão de assinaturas em todo o mundo. Caso a pizza receba o título, isto garantirá que a arte dos pizzaiolos napolitanos seja disseminada em todo o mundo, de modo a demonstrar a importância do preparo de modo artesanal e original. Assim torna-se mais fácil aos inventores da pizza, os napolitanos, garantirem a preservação da tradição de mais de dois séculos e fornecerem os produtos certos, de origem italiana aos pizzaiolos de todo o mundo.

A União Europeia em 2010 concedeu à pizza napolitana o reconhecimento como “Especialidade Tradicional Garantida” (ETG), que não autentica a origem do produto, mas faz referência a um modo de produção tradicional. A UE ainda diz que a tradicional pizza napolitana deve apresentar um diâmetro de no máximo 35 centímetros, a massa deve pesar entre 180 e 205 gramas, deve ser assada a 485°C, para chegar a uma consistência elástica, espessura de 0,4 centímetros e bordas douradas de até dois centímetros. "Outra coisa importante é que os produtos também sejam de qualidade. Ou seja, temos que oferecer ao consumidor um produto feito bem, de uma maneira artesanal, mas que a farinha seja a certa, que os tomates sejam os corretos, quando tiver a muzzarela que seja de preferência a muzzarela de búfala campana e que o azeite seja extra-virgem de oliva. Todas essas são características que formam a pizza napolitana", acrescenta Scanio, organizador do #PizzaUnesco.

A pizza é o alimento mais consumido no mundo todo, ultrapassando as batatas fritas e o hambúrguer, e é a palavra italiana mais conhecida e fala em todo o planeta, já que a palavra não tem tradução.

São Paulo recebeu no dia 30 de dezembro último o evento que marca o lançamento da campanha do #PizzaUnesco no Brasil e na América Latina. A Argentina recebeu o segundo evento da campanha no continente no dia 5 de janeiro deste ano. Já ultrapassam as seiscentas mil assinaturas, das quais cem mil são apenas do Japão. Alfonso Scanio disse que muitas assinaturas foram recolhidas no Japão, Tailândia, Coreia, Inglaterra, França, Alemanha e Austrália e que São Paulo tem grandes chances de se tornar campeão mundial em recolhimento de assinaturas, principalmente pelo histórico de imigração italiana para a região. O Estado de São Paulo consome diariamente cerca de 800 mil pizzas, 450 mil apenas na capital. São mais de cinco mil pizzarias em funcionamento na região metropolitana paulistana, tornando-se a segunda cidade que mais consome pizza no mundo, atrás apenas de Nova York.

Por aqui, demos o nosso “jeitinho brasileiro” até na pizza. Variações e combinações intermináveis, características regionais como a pizza de carne seca, a de guariroba com frango, de banana com canela. Dá até água na boca só de pensar! Tem pizza pra todos os gostos e restrições. Pizzas vegetarianas, as radicais veganas, pizza sem lactose (sim!), sem glúten, e por aí vai. É o alimento mais globalizado e mais inclusivo do mundo. Dá pra agradar a todos, e tem pizzaria que oferece a maravilha feita em fatias personalizadas, cada uma de um sabor. Impossível não amar pizza!

Foi por aqui também, por volta de 1950 e 1960 que surgiu a expressão “vai acabar em pizza”. O radialista esportivo e palmeirense Milton Peruzzi usava a expressão quando queria sinalizar que conflitos nos vestiários dos estádios de futebol haviam terminado bem. O equivalente à expressão carioca “vai acabar em samba”, hojé é dicionarizado e passou por uma ressignificação durante a crise da deposição do ex-Presidente Fernando Collor, tomando o significado que tem hoje: a crítica ao vício nacional de comodismo, quanto à impunidade aos poderosos em termos de crise política.

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