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OPINIÃO

O bolo da direita mistura explosiva

A mistura é explosiva e não pode terminar em coisa boa! Comecemos com dez anos de uma oposição midiática de tipo distinto fundada na invenção de argumentos, na suposição escancaradamente tendenciosa e na verbalização carregada de uma semiótica miudamente preparada para ocupar os vãos e lapsos do previsível juízo do homem comum.

Em seguida, da parte da oposição político-partidária lance em doses cavalares a ideia evidentemente falaciosa, do apocalipse econômico arrasando todas as quadraturas da economia nacional, mesmo tendo a imensa maioria dos negócios do país, lucros acima da média, sobretudo e, principalmente, a partir dos sempre providenciais apoios, incentivos, anistiamentos e financiamentos públicos que garantem fôlego, marcha e horizonte às empresas brasileiras.

Seguindo e em parceria com a parte criminosa do empresariado brasileiro, articule-se crises de produção, de abastecimento e da baixa lucratividade dos negócios no país. Importante nesta altura, é a construção de um discurso de convencimento, portanto, que seja fácil, palatável e que atinja sobremaneira, como já dito, o homem comum do País.

Finalmente, instituições religiosas, destacadamente, igrejas neopentencostais useiras e vezeiras na toma de dinheiro de gente pobre, incautos e desesperados outros pela mistificação, pelo discurso escatológico e pela culpabilidade tomam assento na empresa de afundar o Brasil no imprevisível cabo de guerra da luta política sem ética, moral ou balizas sociais que resguardem o povo brasileiro dos efeitos nocivos desse tipo de disputa renhida e interminável pelo poder central da nação.

O coquetel de morte está posto! Agora é esperar sua fermentação, seu odor e o momento mais propício por destampar esse combinado miasmático e preparado por aquilo que temos de pior nesse país de coronéis, assassinos e vendilhões.

Contudo, seus efeitos colaterais já despontam destacadamente na paisagem social e política do País! São marchas “pela tradição, família e propriedade”, aglomerações consideráveis de reacionários de toda sorte com apoio e projeção da mídia “imparcial” onde tudo o que é demanda vem à tona, mas nada com base na lei, no direito e muito menos na justiça.

E vem pedidos descabidos pelo impedimento da presidente recentemente eleita pelo voto popular; a prisão do ex-presidente Lula baseado em ódios pessoais, em indiferenças e na mais pura e deslavada militância política à direita; clamores por neo-ditaduras então, não cessam e, sobretudo, uma velharia rançosa e apoiadora da quartelada de 1964 ganha espaços importantes para seus pedidos bufões e deprimentes em curioso e irônico momento em que a Comissão Nacional da Verdade comprova com abundante documentação a matança de militantes da esquerda, mas não só deles, pelo ilegalismo corriqueiro das forças armadas brasileiras no período em questão.

Neste cenário, com todo esse lixo ideológico instalado nos cocorutos do povaréu brazuca passos importantes podem ser dados em favor das forças da reação. É desse contexto que, por exemplo, se jogam bombas no Instituto Lula, entidade criada pelo ex-presidente para estreitar relações sociais, políticas e culturais com a América Latina e África, regiões de fundamental importância para qualquer nação que pensa uma reinserção diferenciada em uma globalização decadente, inviável e geradora de misérias em escala planetária.

Posto todo esse drama nacional cabe a esperança pelo reforço das instituições republicanas do país no sentido e dever constitucional do cumprimento da lei e principalmente, se espera do Partido dos Trabalhadores (PT) e dos movimentos sociais e populares o soerguimento de estratégias contra-ofensivas em favor do poder popular, da democracia e do seu aprofundamento no cotidiano do País porque o momento, conforme se atesta, é evidentemente oportuno.

(Ângelo Cavalcante, economista, cientista político, doutorando em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo (USP) e professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), campus Itumbiara)

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