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Suplementos alimentares: quando usar?

Atualmente o ritmo de vida corrido em que se vive vem trazendo sérios prejuízos à alimentação de muitas pessoas que não conseguem se alimentar da maneira adequada. Isso leva não só a prejuízos estéticos, mas principalmente, da saúde. Para lidar melhor com esse ritmo acelerado, muitas pessoas recorrem ao uso de suplementos. Mas será que eles podem ser consumidos por qualquer pessoa e em qualquer situação?

Segundo Eliason et al. (1997), os suplementos podem ser definidos como substâncias feitas de vitaminas, minerais, produtos herbais, proteínas e aminoácidos e outros produtos, consumidos com o objetivo de melhorar a saúde e prevenir doenças. Apesar de a American Dietetic Association (ADA) afirmar que a melhor estratégia nutricional para a promoção da saúde e redução do risco de doença crônica é obter os nutrientes adequados através de uma alimentação variada, ela ainda considera apropriado o uso de suplementos de vitaminas e minerais quando evidências científicas bem aceitas e revisadas demonstram segurança e eficiência em seu consumo. No entanto, Barret (1997) alerta para o fato de que milhares de “suplementos” são comercializados com a falsa promessa de aumentar a energia, bem como a massa muscular, aliviar o estresse, aumentar a performance atlética e prevenir ou tratar inúmeros problemas de saúde, pois muitos destes produtos não têm o efeito prometido no rótulo comprovado por estudos científicos, como demonstram Grunewald & Bailey (1993). Por este motivo, especialistas em nutrição precisam ter um papel ativo, ajudando consumidores a reconhecer as informações erradas e prejudiciais (ADA,1996) e ainda conscientizá-los de que uma nutrição balanceada, com aquisição da energia e dos nutrientes necessários é geralmente suficiente para boa performance nas atividades físicas.

A mídia é um dos importantes estímulos ao uso de suplementos alimentares ao veicular, por exemplo, o mito do corpo ideal (perfeito e belo), sendo seu consumo amplamente difundido, especialmente entre atletas e frequentadores de academias, já que muitos dos suplementos são comercializados como substâncias ergogênicas, isto é, substâncias capazes de melhorar ou aumentar a performance física. Infelizmente, o uso desses suplementos, quase sempre, ocorre sem a necessária orientação, como resultado das recomendações de colegas, treinadores, revistas, sites na internet e assim por diante. Para completar, esses produtos são vendidos em qualquer farmácia ou academia de ginástica sem necessidade de prescrição médica e sem orientação de nutricionistas. É importante ressaltar que o uso irrestrito dos suplementos dietéticos deve ser desaconselhado, uma vez que expõe o indivíduo a vários efeitos adversos.

Por outro lado, há situações em que o uso de suplementos se justifica: quando precisamos adequar as demandas nutricionais do indivíduo aos seus hábitos diários, como sua rotina de trabalho, treino, competição, sono, estudo e, principalmente, tempo disponível para a alimentação, pois de nada adianta ter uma dieta calculada à perfeição se a pessoa não consegue colocá-la em prática. Evidências médicas sugerem que a suplementação alimentar pode ser benéfica para um pequeno grupo de pessoas, aí incluídos atletas competitivos, cuja dieta não seja balanceada. Nesses casos, comprovada a deficiência de algum nutriente, o aumento da sua ingestão, quer através da alimentação habitual, quer através de suplementos, é indicado.

Vejamos os vários grupos existentes, dentre os muitos suplementos que têm sido desenvolvidos para praticantes de atividades físicas.

– Repositores energéticos: produtos compostos basicamente por carboidratos, podendo ser acrescidos de vitaminas e minerais. A disponibilidade de energia durante a atividade é crucial para um bom desempenho. A utilização dos repositores após o treino é indispensável para uma adequada recuperação das reservas de glicogênio e podem ser usados antes, durante e depois do treino, com a finalidade de permitir o alcance e/ou a manutenção dos níveis apropriados de energia. Quando acrescidos de eletrólitos (sódio, potássio e cloro), podem ainda auxiliar na reposição desses minerais, que durante a atividade física são perdidos pelo suor. Os eletrólitos têm grande importância no bom funcionamento do organismo e no processo de reidratação.

– Repositores hidroeletrolíticos: são produtos formulados a partir de concentração variada de eletrólitos, associada a concentrações variadas de carboidratos, com o objetivo de reposição hídrica e eletrolítica decorrente da prática de atividade física.

– Hiperproteicos: suplementos compostos por concentrações maiores de proteínas e menores de carboidratos com vitaminas e minerais, para complementar a alimentação e favorecer o aumento de massa muscular.

– Alimentos hipercalóricos ou compensadores: suplementos compostos por concentrações maiores de carboidratos do que proteínas, com vitaminas e minerais, indicados para quem tem dificuldades para aumentar o peso. Também são indicados para pessoas debilitadas que não conseguem se alimentar adequadamente e precisam desse equilíbrio nutricional entre carboidratos, proteínas, vitaminas e minerais para se manterem saudáveis.

– Aminoácidos de cadeia ramificada: são conhecidos popularmente como BCAAs, sigla derivada da sua derivação em inglês: Branched Chain Amino Acids. É preciso entender primeiramente o que são aminoácidos e proteínas, para compreendermos o que são os BCAAs. Aminoácidos são pequenas unidades que formam uma estrutura maior chamada proteína, que por sua vez é a unidade básica do tecido muscular. Em nosso corpo ocorre a produção de alguns aminoácidos, entretanto outros devem ser adquiridos através da alimentação, pois não são fabricados pelo nosso corpo. Leucina, isoleucina e valina são exemplos de aminoácidos essenciais encontrados, principalmente, em fontes proteicas de origem animal e são os componentes dos famosos BCAAs que tem papel fundamental na construção do tecido muscular.

– Vitamínico - Minerais: são produtos que contém vitaminas e minerais, com o objetivo de suplementar a dieta de pessoas que apresentam carência dessas substâncias ou atletas que tem suas necessidades aumentadas e não conseguem suprir através da alimentação.

– Suplementos Termogênicos: ajudam no aumento do metabolismo. Contribuem na perda de peso e gordura corporal.

Em linhas gerais, o que o bom senso sempre nos faz concluir é que os suplementos jamais devem ser utilizados como substitutos totais da dieta. Seu uso deve ser pontual e restrito a momentos específicos. Vale lembrar que para otimizar seus resultados com suplementos, você deve também ajustar a sua dieta e o seu treino esportivo em função deles.

Referências

ALVES, C.; LIMA, R.V. Dietary supplement use by adolescents. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro. 2009; 85 (4): 287-294.

ALVES, L. A. Recursos Ergogênicos Nutricionais. Revista Mineira de Educação Física. 2002; 10: 23-50.

PEREIRA, R. F.; LAJOLO, F. M.; HIRSCHBRUCH, M. D. Revista de Nutrição. Vol.16 no.3 Campinas July/Sept. 2003.

ROGERO, M.C; TARAPEGUI, J. Aspectos atuais sobre aminoácidos de cadeia ramificada e exercício físico. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas. 2008; 44: 563-75.

www.anvisa.gov.br/portaria nº 222, de 24 de março de 1998.

(Maria Cristina G. Prado. Nutricionista graduada pela PUC-GO e pós-graduada em Nutrição Clínica pela Universidade Gama Filho-RJ)

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