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OPINIÃO

Fundação Cesar Baiocchi e a defesa da vida

Como ocorre todos os anos, nesta temporada do Rio Araguaia, uma das principais atrações turísticas de Goiás, quando as águas ficam num nível mais baixo e surgem longos bancos de areia, milhares de pessoas, de todas as partes do Brasil e até do exterior se deliciam nas lindas praias de água doce. Somente em Aruanã são mais de 800 mil turistas, que se alojam em hotéis, pousadas, acampamentos e barracas, no intuito de aproveitar as várias opções de lazer, como passeio pelas embarcações, shows, pesca esportiva e atividades recreativas.

Durante a temporada também são realizados diversos projetos voltados à preservação do Araguaia e de conscientização da população quanto a importância de se preservar os recursos naturais, a flora e a fauna do Cerrado. Destacam-se as palestras, o serviço de limpeza das margens do Araguaia, com o recolhimento de resíduos sólidos que causam degradação ambiental e a Caminhada Ecológica, promovida pelo Grupo Jaime Câmara, que chegou neste ano a sua 24ª edição.

Há muitos avanços ainda a serem conquistados neste sentido, porém, em diversos aspectos esses projetos têm resultado numa diminuição dos impactos negativos causados pelos turistas na região. Mas as ações ambientais devem ter continuidade com a participação e o engajamento de todos, governo do Estado, prefeituras e comunidades, pois, só assim é possível preservar esse manancial de um valor incomparável.

Grande amiga do Araguaia e uma das maiores responsáveis pelo plantio dessa semente da conscientização, que hoje germina em forma de diversas ações ambientais em defesa do rio e da vida no Estado de Goiás é a Fundação Cesar Baiocchi – Acqua Vitae (antiga Fundação Inca). Há 42 anos, essa instituição pioneira na defesa do desenvolvimento sustentável e do turismo ecológico no Centro Oeste, presta um serviço da maior relevância à sociedade com os olhos no futuro do planeta.

Ela surgiu inspirada na Conferência de Estocolmo, realizada em 1972, com 113 países e mais 400 instituições, quando pela primeira vez o mundo se direcionou para temas como, o volume da população absoluta global, a poluição atmosférica e a intensa exploração dos recursos nativos. Os objetivos dessa Fundação que, desde 26 de maio de 2001, leva o nome do médico, empresário e membro da Academia Goiana de Letras, estão em consonância com as disposições da Declaração Universal dos Direitos da Água, proclamada pela ONU em 1992.

A sua memorável criação foi anunciada pelo empresário José Ribamar Menezes, presidente da Inca S/A, em 25 de junho de 1972, durante um lançamento conjunto de livros dos escritores, Jose-  phina Baiocchi, Nelson Braga, Mari Baiocchi e Cesar Baiocchi, nas presenças ilustres do jornalista Jaime Câmara; escritor Ursulino Leão, presidente do primeiro Conselho Consultivo da entidade; engenheiro Olavo Moura e ex-reitor e fundador da UFG, professor Colemar Natal e Silva.

Ao longo da sua magnífica trajetória, essa Fundação realizou e apoiou inúmeros trabalhos como, pesquisas, estudos, palestras, publicações, campanhas e expedições. Um delas foi pelos rios Coco e Javaés, braço direito do Rio Araguaia, que culminou com a criação do Parque Estadual do Cantão (Estado do Tocantins). A região teve entre os seus grandes defensores: Etienne Patrillo, Ângelo Rizzo, Leolidio Caiado, Mari Baiocchi, Paulo Nogueira e o saudoso escritor Carmo Bernardes, que estaria completando neste ano um século de vida.

Em franca atividade, a Fundação elaborou recentemente o livro Introdução ao Estudo da Água. É uma obra importantíssima, destinada aos alunos do ensino fundamental e médio e, também, à orientação dos professores na elaboração dos seus planos de aula. Essa é mais uma contribuição notável da Fundação Cesar Baiocchi para a formação das gerações e o despertar da sociedade quanto à utilização racional da água, seiva do nosso planeta e condição essencial de vida de todo ser vegetal, animal ou humano.

O exemplo da Fundação Cesar Baiocchi deve servir de referência à juventude, merecer o reconhecimento de toda a sociedade goiana e contar com o apoio efetivo dos poderes públicos pela seriedade, credibilidade e dedicação heroica dos seus membros à defesa, valorização e preservação da vida em quaisquer de suas manifestações.

(Antônio Almeida é escritor, vice-presidente da Fieg e presidente do Conselho de Responsabilidade Social da Federação das Indústrias do Estado de Goiás, do Sigego/Abigraf, da Editora Kelps, do Ibraceds e presidente de honra da Abraxp)

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