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OPINIÃO

Paralisia na cultura

É sempre assim. Sempre é possível elaborar minuciosamente uma justificativa. Dessa vez vão dizer que é a crise. Mas não é. A gestão cultural do 4º mandato do governador Marconi Perillo ainda não começou.

E o que falta não é o sempre bem vindo vil metal, é dedicação, ousadia e protagonismo. Mais do que recursos, faltam ideias. E contra falta de ideias não há remédio. A paralisia se instala. Não há gestão que se salve.

E logo agora, animados pelas boas intenções para com a cultura sempre declaradas enfaticamente pelo governador, logo agora que esperamos um ápice é que a coisa mais parou, mais se enchafurdou nos misteriosos pântanos da burocracia, do imobilismo e da preguiça. Sim, muita preguiça.

Talvez por um por excesso de otimismo inato, eu acredito que com o governador que temos, de um lado, e a diversidade da cena cultural expressiva e pronta para ganhar espaços, de outro, temos enfim os polos necessários para que em Goiás se instale um movimento em ritmo crescente que poderá fazer com que as expressões culturais surjam altivas de todos os cantos, que é o que está faltando para que o desenvolvimento estrutural e social receba sua argamassa e se solidifique.

Em outras palavras, seja pelo conteúdo cultural, seja pela forma política, temos tudo para que a melhor gestão cultural do Brasil dos tempos atuais seja feita aqui em Goiás. Mas então, por que não acontece? São as pessoas escolhidas para o governador montar seu time na área cultural? São os funcionários das repartições e equipamentos culturais? É a morosidade, é o corpo mole, é a burocracia?  Ah, ia me esquecendo, é a falta de dinheiro?

As respostas só interessam no momento em que elas nos guiam para soluções. Não adianta ficar crucificando sem ter o que colocar no lugar. Malhar por malhar é conversa crítica jogada fora. Mas uma coisa é certa: se não se tem os recursos financeiros suficientes agora, o que é uma verdade, outra verdade maior ainda é que temos condições dadas e não aproveitadas.

Não só os gestores estão apegados à falsa ideia de que sem uma quantia ideal de dinheiro nada se faz. O pessoal da cultura, produtores e artistas, por sua vez só acordam para questionar a gestão quando não sai este ou aquele edital com seus recursos contados. Quer dizer, o que lhes interessa a todos (gestores e produtores de cultura) é o que mexe com o bolso. E não com a cabeça.

Não vou ficar aqui como que ensinando reza a padres e freiras e genuflexo aos fiéis. Eles que cuidem de si e de sua fé. A cultura precisa de agilidade em 360º. Com o governador que temos e sua história de apoio e incentivo ao setor cultural (que vem desde o seu primeiro mandato e teria tudo para chegar a este com uma pulsação exponencial), é inconcebível que a paralisia nos afete desta maneira.

Não é a economia, não é a junção das secretarias, não é a crise na arrecadação do setor público. Estamos falando da cultura e não de números. O que faltam são ideias, projetos inovadores, auto-estima criativa, fervor, convergências, pactuações, visão global, amém.

(Px Silveira, Intituto ArteCidadania)

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