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OPINIÃO

Um marcapasso para emagrecer a cabeça

A obesidade é um problema de saúde pública crescente em nossa sociedade, com significante repercussão na saúde dos pacientes e está associada a enorme custo econômico. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (0MS), atualmente existem 500 milhões de pessoas obesas no mundo e 1,5 bilhões com sobrepeso. Pelo menos 2,8 milhões de pessoas obesas morrem por ano por doenças relacionadas ao sobrepeso. As projeções para 2030 são ainda mais preocupantes, indicando que 57,8% da população adulta mundial apresentará sobrepeso ou obesidade.

A obesidade está relacionada com comorbidades, incluindo as metabólicas e cardiovasculares.  Segundo dados estatísticos, 44% dos obesos apresentam diabetes e 23% doenças cardiovasculares, como a hipertensão arterial sistêmica e entre 7% a 41% apresentam algum tipo de câncer relacionado ao sobrepeso. Os tratamentos realizados atualmente sejam medicamentosos ou cirúrgicos, como a cirurgia bariátrica, não são plenamente efetivos. Este último, além de não controlar os aspectos neuropsiquiátricos da doença, apresenta altas taxas de recidiva a longo prazo e pode causar complicações graves. Novas abordagens são necessárias para melhor manejo da obesidade.

Neste contexto foi aprovado nos Estados Unidos pelo FDA (Food and Drug Administration) o VBLOV (Vagal Blocking Therapy – terapia de bloqueio do nevo vago) para o tratamento da obesidade, desenvolvido pela empresa americana Enteromedics. No tratamento da obesidade é o primeiro equipamento aprovado nos últimos dez anos. A pesquisa avaliou 600 pacientes obesos por cinco anos e confirmou sua efetividade. Permite, de forma sustentada, redução em 25% do peso de forma, conforme conclusão da pesquisa. O procedimento consiste na implantação de um marcapasso recarregável, cujo nome é Maestro, que é conectado ao nervo vago para enviar impulsos elétricos que atuam nos aspectos periféricos e centrais da fome. Aproximadamente 20% das fibras do nervo vago enviam sinais do cérebro para o estômago com intuito de controlar a secreção gástrica de ácidos, de enzimas digestivas, capacidade gástrica e glicose sanguínea. 80% do nervo vago leva informação do estômago para o cérebro informado sobre sensação de fome, plenitude gástrica e metabolismo energético.

A pesquisa confirmou a segurança do procedimento e poucos efeitos colaterais. A cirurgia é realizada por técnica minimamente invasiva e preserva a anatomia quando comparada com a cirurgia bariátrica. O VBLCO preserva a anatomia e não cria barreiras para impedir a absorção de nutrientes, além de ser reversível, ou seja, pode ser desligado e removido a qualquer momento. É indicada para pacientes com índice de massa corporal de 40 a 45 kg/m2 (obesidade mórbida) ou para aqueles pacientes com 35 a 39,9 kg/m2 (obesidade severa) com hipertensão arterial sistêmica ou níveis de colesterol acima do normal. Permite redução de 25% do peso de forma sustentada. Os riscos estão relacionados diretamente com procedimentos laparoscópios e malfuncionamento e alergia ao equipamento implantado.

(Ledismar José da Silva é neurocirurgião e professor da PUC-Goiás)

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