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OPINIÃO

Um goiano abnegado

Edison Santos foi um homem que as novas gerações pouco conhecem. Somente aqueles que já necessitaram viajar até o Rio de Janeiro e procuraram o Escritório de Representação de Goiás naquela cidade em busca de apoio o conheceram de fato. E, também, aqueles que sabem da participação dele no progresso de Goiânia.

Durante muitos anos, ele foi diretor do SAPS (Restaurante Popular do Governo Federal) em Goiás, que funcionou no cruzamento da Rua 2 com a Avenida Goiás. Forneceu, muitas vezes e por tempo contínuo, refeições gratuitas para operários do governo estadual. Embora tal ato não constasse do programa do Restaurante Popular, vale ressaltar. Conforme muitas pessoas podem se lembrar, o estabelecimento fornecia refeições subsidiadas aos operários, mas a facilidade era utilizada por quem fosse lá se alimentar. Até mesmo pessoas de destaque costumavam frequentá-lo. Tudo pela excelência de suas refeições e asseio absoluto ali reinante.

Salário Cortado

Porém, o governo de Goiás, com a intenção de reduzir gastos, cortou o salário do abnegado servidor. Apesar disso, ele continuou voluntariamente exercendo suas funções. Às vezes, até desembolsando dinheiro para cobrir despesas às custas de sua própria aposentadoria, como servidor de extinto SAPS do qual foi diretor em Goiás e em Brasília.

Quem já procurou os serviços de Edison para a remoção de corpos de parentes falecidos no exterior, sempre foi bem atendido. Ele nunca se negou a auxiliar quem quer que fosse nesse momento tão crucial. Cuidava de todos os preparativos e providenciava o envio dos corpos para Goiás. Não foram poucas as vezes que assim procedeu. E prestava inúmeros outros serviços.

Orgulhoso e com sentimento do dever cumprido, Edison Santos serviu bem ao povo goiano. Exemplo para muitos outros funcionários públicos que, mesmo ganhando e bem, não fazem jus ao pagamento que recebem, tratando com desinteresse e desdém a causa pública.

Em 1999, visitando o Rio de Janeiro, descobrimos essa discrepância e o valor do grande “embaixador” goiano, que muito foi honrar nosso Estado, e que não é reconhecido pelo mesmo.

Nos primórdios de Brasília, antes da inauguração, fez estender a ação benéfica do SAPS aos operários da cidade.

“Dispensado sem mais nem menos”

Para o espanto dos que conheceram o trabalho do professor Edison Santos no Rio, em prol de Goiás e sua gente, ele foi dispensado mediante o oficio 287/99-56, cujo teor reproduzimos:

“Goiânia, 30 de julho de 1999.

Ao Senhor Professor

Edison Santos

Rio de Janeiro – RJ

Formulando cumprimentos, dirigimo-nos a V. Sª. a fim de informar que de acordo com orientação do Senhor Governador de Goiás, alicerçada na nova estrutura administrativa do Estado, a qual consolida a extinção dos Escritórios de Representação do Governo de Goiás em outros Estados, tornou-se inviável a manutenção do escritório instalado nessa cidade. Necessário se faz esclarecer que as despesas oriundas do aluguel e serviços telefônicos, pagos pela Loteria do Estado de Goiás e Banco do Estado de Goiás, respectivamente, esbarram nas dificuldades por que passam essas Empresas, além das novas regras decorrentes da federalização do Banco.

À oportunidade, solicitamos seus valorosos préstimos no sentido de providenciar um levantamento dos bens existentes no Escritório, assim como comunicar o teor deste ofício ao Senhor Ivan de Barros Amaral, servidor desta Pasta, à disposição dessa representação, para que o mesmo possa tomar as medidas necessárias visando a regularização de sua situação funcional.

Outrossim, gostaríamos de apresentar nossos agradecimentos pelo excelente trabalho realizado por V. Sª. apoiando, encaminhando e orientando todos os goianos que buscam auxílio nessa Casa, trabalho esse referendado por várias pessoas que por ele foram beneficiadas, as quais atestam, de forma unânime, o seu cuidado e zelo na preservação desse Escritório.

Cordialmente, Servito de Menezes Filho

Secretário do Governo”

O “embaixador”honorário no Rio

Edison Santos, quando titular do Escritório de Representação de Goiás no Rio de Janeiro, é o que se pode chamar de autêntico e raro cidadão abnegado, cumpridor dos seus deveres. Nos tempos áureos do Brasil, quando o dinheiro corria solto e não faltava para os administradores públicos realizarem tudo o que era necessário, Goiás possuía um pujante escritório na antiga Capital da República, destinado a resolver todos os problemas do Estado e de goianos.

Walter Menezes 1

(Walter Menezes, ex-presidente e conselheiro permanente da AGI e diretor do Jornal da Cultura Goiana)

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