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OPINIÃO

Movimentos, verdes, amarelam

Antônio Lopes,Especial para Diário da Manhã

Engravatados gatunos e piratas engendrados nos corredores das gestões do País e megaempresas de capital privado transnacional ouvem, ainda, o estalido do panelaço teflon, em verde e amarelo, manifestação livre e democrática esparramada, no último domingo, por todo o Brasil. Pérolas de expressão do senso-comum como “Fora Dilma”, “Volta a ditadura”, “Vamos Aécio”, “corrupção que começou com o PT e se alastrou pela sociedade”, “fanatismo religioso”, “defesa da família”, blá-blá-blá deram a cor da liberdade de expressão, a qual completa 30 anos, sem compreender o que venha a ser a crise global.

Perene e em construção, a democracia brasileira urge por reformas estruturais nos Três Poderes e na sociedade civil, algemados à articulação político-econômica, desde meados do século passado, dividida entre duas falanges históricas, “oposições na situação”, financiadas pelo poder do desvio de capital, do latifúndio, centrais sindicais pelegas, tráfico de drogas, jogatina não regulamentada, trabalho escravo denunciado pelo Ministério do Trabalho e Emprego(MTE).

As estacas seculares de exploração da classe trabalhadora, espólio das riquezas do País, plastificam organogramas oligarcas tradicionais dos profissionais da ética política de não se governar com o princípio da ética. Amarelados, retratos de dirigentes partidários profissionais, perpetuados no poder, emolduram gabinetes distanciados da realidade social. Trabalhadores travam a luta desigual pela sobrevivência e maior equalidade, enquanto categoria pendurada nas dívidas financiadas pelo vale-penúria da bolsa-cifrão capitalista.

São os execrados das conjunturas hegemônica e eletrônica, as quais determinam expressões sociais do sistema econômico mundial expostas nas redes sociais – campo de batalha pós-moderno, na “palma das mãos e na ponta dos dedos”. A possibilidade política da democracia livre e sem a coerção hegemônica por parte de siglas partidárias ou hegemonia de classes sociais exige menos ignorância quanto aos rumos que a história traça enquanto tempo passado, presente e, com menos conveniência, corrupção e leniência, algum futuro.

A emancipação participativa nasce do trabalho, taxação de impostos decente e equalitária discernindo o que é força de trabalho assalariada e monopólio de capital transnacional. O mundo globalizado somente muda a partir do entendimento social capaz de proporcionar políticas públicas às suas crianças – células potenciais de quaisquer possibilidades de mudanças societárias sejam estas de participação ou exclusão social.

O discurso da sociedade organizada, mais velha, mais branca e mais rica, – segundo a “mídia internacional” – que saiu às ruas propondo mudanças na CF/88 foi caracterizado por 40,5% de participantes os quais ganham mais de 10 salários mínimos, apenas 5% recebem entre um e dois salários mínimos, 51,2% são homens e 68,4% terminaram ensino superior, segundo os institutos Índex e Amostra-RS.

Há um cenário internacional de mudanças em vias de formação de um bloco. O Brasil deve ser consultado quanto às reivindicações dos movimentos sociais, legítimas – via Congresso Nacional – propriedades do último pleito, o qual a “oposição classe média-alta” não aceita. Desvio de verbas e construções faraônicas com materiais de segunda linha vêm da ditadura histórica e estrutural, não de um governo.

A diluição da ética de Aristóteles e a negociata seguem enquanto “um bom negócio para o qual não me convidaram”, segundo o Barão de Itararé. A sensibilidade cívica e transparência iniciam na escola com professor e pais que ensinem não a “pesquisa de internet” e a retórica da meritocracia de que “se a criança fizer isso, receberá aquilo”, mas a certeza de que a “História se repete, a primeira vez, como tragédia e a segunda enquanto farsa”, segundo o filósofo alemão Karl Marx.

E o pulso... ainda pulsa!

(Antônio Lopes, assistente social, mestrando em Serviço Social/PUC-GO)

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