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OPINIÃO

Acorde o que te faz viajar

João Moreno,Especial para Diário da Manhã

Tarde intrigante. Em um quarto cheirando a vazio.

Perdido em páginas. De um livro. Cheio de morte. Lia sobre como morreria sozinho. Sozinho. Mas superando estava. Cicatrizes não totalmente fechadas. Não mais sangrara. Não mais... Até agora.

(Música toca).

– Em sua casa anseio ficar.

(Riff inicial).

– Quarto por quarto.

(Acorde o que te faz viajar).

– Pacientemente vou esperar.

(Nota sinestésica).

– Esperarei-a, lá.

Música detentora de todos os sentimentos. Dos mais felizes. Trilha sonora de um Amor. Da noite de Amor. A mais perfeita. Inesquecível. Que ele tentara esquecer. E estava conseguindo. Mas como uma pedra revivia. Revivia tais sentimentos. Esperava por ela. Esperava sozinho.

Até ele vir. Sentimento inominável. Sentimento adormecido. Não tão adormecido. Sentimento dual. Anteriormente curador de tristezas. Agora responsável por ela. Voltara a sangrar. Arrebentaram-se teus pontos. Esquecera quão dolorido era. Sentia– se como em seu leito de morte. Rezando. Rezando aos Deus do Amor e aos anjos. Como Pagão. Para Quem, e o que quer, que fosse. Para se no acaso jazer no Paraíso. Eu encontre. Encontre-a lá.

Tudo estava terminado. Me sentei, então em remorso. Por todas as coisas que fiz. Por todas que abençoei. Por todas que errei. Vagarei então em sonhos. Sonhos com você. Até a morte alcançar-me.

E a nota final soa em meus ouvidos. Toca em meu coração. Reverbera em minha alma. Pergunto-me então. Onde quer que esteja. Se estaria ouvindo. Ouvindo-a. Nossa música. Pensando. Pensando em. E lá. Em meus pensamentos. Você me conduziu.

(João Moreno é escritor)

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