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2022 – Atlético Goianiense cada dia mais um Clube do Povo

Paulo é Diretor de Patrimônio Histórico do Atlético Goianiense, historiador, professor do IFG. Doutorando em História-USP

A razão de existir de um Clube é a sua torcida. Essa frase é lugar comum em qualquer debate sobre futebol, e, sem dúvidas, atormentou o torcedor atleticano nas últimas décadas. Por que ? Porque o Dragão, que teve a maior torcida do Estado dos anos 30 até meados dos anos 70, enfrentou jejuns de títulos e algumas más administrações que castigaram e diminuiram drasticamente sua torcida da metade dos anos 70 até o inicio dos anos 2000. Então sempre tivemos esse desejo, de que os títulos e boas campanhas viessem acompanhados do crescimento da Torcida. E em 2022 essa caminhada de crescimento da Torcida se consolidou.

Alguns fatores foram fundamentais para esse crescimento e consolidação da Torcida nos últimos 17 anos, os mais fáceis de citar são os títulos, acessos, boas campanhas e vitórias em clásssicos. Porém, teve um algo mais que fez a diferença: a postura da Diretoria em buscar cativar o torcedor.

Vamos falar então sobre as atitudes da Diretoria do Atlético para a confirmação do crescimento e rejuvenescimento da nossa Torcida. Desde os públicos maravilhosos da reta final da Série B de 2016 (Públicos que até hoje constam entre os 5 maiores da história do Estádio Olímpico pós reforma) até as mais recentes partidas na Série A de 2022, a Diretoria tem tido uma postura de garantir ingressos a preços populares. Alguém poderia criticar dizendo que não se faz futebol com ingressos de 10 reais, de 15 reais, em pleno 2022… Porém o Atlético, como todo grande Clube, sabe que hoje o que mantém futebol são Patrocínios e TV, e isso é garantido quando o Dragão se consolida como um Time que manda jogos sempre com estádio cheio, com aquelas imagens lindas na TV mostrando um estádio em vermelho e preto e aquele alambrado empinhado de gente (aliás outra medida gloriosa da Diretoria: Manter o Alambrado. E isso vai na contramão do “Futebol Gourmet, Nutella, Moderno…” que tenta impor Blindéx, cadeirinha fixa em tudo e a ideia de se ver jogo tal qual se assiste uma Ópera).

O Dragão é chamado de Clube do Povo desde os ano 40, é nascido da Comunidade do Bairro de Campinas e da Vila Operária (atual Setor Centro Oeste). Em 1973 ganhou por votação popular o Concurso da Revista Placar que elegeu “O mais Querido dos Goianos”, bem à frente de seus rivais locais. E é esse Atlético que faz jus a sua origem popular quando toma a decisão de por o povão para dentro do Estádio. Todos nós vimos um processo de conquista de novos torcedores para o rubro-negro goiano, migrantes que vem do Nordeste, do Mato Grosso, de Minas Gerais, do Norte, imigrantes haitianos, bolivianos… toda uma leva de pessoas que vem para nosso Estado em busca de trabalho e adotam o Atlético como time do coração. Tudo isso ocorre porque o Dragão, além de ser um Clube simpático e competitivo, permite ao desempregado, ao precarizado, ao trabalhador empobrecido, ir com seus amigos ou família no campo de futebol, esse é o efeito imediato de se colocar ingressos a preços acessíveis. Que Clube goiano ofereceu a oportunidade de se ver um jogo contra o Olímpia do Paraguai, tri-campeão de Libertadores e Campeão Mundial, em uma partida de oitavas de final de uma Copa Sulamericana, pelo preço de 10 reais? Só mesmo o nosso Clube do Povo né, para oferecer isso em pleno Estádio Serra Dourada.

Com públicos de 17.000 torcedores contra o Olímpia do Paraguai, de 22.500 contra o Nacional do Uruguai e de mais de 33.000 contra o São Paulo, a torcida do Atlético finaliza 2022 em paz, com os maiores públicos e rendas do futebol goiano, com imagens memoráveis que impedirão que aquele velho preconceito dos “Anti-Atlético” de que o time “não tem mais torcida” volte a florescer. Acabou, o Dragão é uma realidade incontornável e é gigante também nas Arquibancadas. E sem dúvidas a postura da Diretoria em elogiar, cativar e estabelecer ingressos populares foi uma das forças motrizes desse processo.

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