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Xi não vai ao G-20 na Índia, que reage com exercícios militares na fronteira

Durante a cúpula do Brics, Xi e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, prometeram "intensificar os esforços" para diminuir as tensões

Imagem ilustrativa da imagem Xi não vai ao G-20 na Índia, que reage com exercícios militares na fronteira

Após dias de especulação, a China confirmou nesta segunda-feira, 4, que o presidente Xi Jinping não comparecerá à cúpula do G-20, no fim de semana, em Nova Délhi, na Índia, em um momento de acirramento nas relações entre os dois países. O governo indiano respondeu com a realização de exercícios militares na fronteira com a China.

Segundo um funcionário do Ministério da Defesa da Índia, citado pela agência France Presse, serão 11 dias de operações militares, que ele chamou de "manobras anuais de treinamento", nas zonas de fronteira com Paquistão e China - portanto, os exercícios estarão a pleno vapor durante a cúpula de Nova Délhi.

Mapas

O atrito mais recente entre chineses e indianos mostra como é complexa a relação entre os dois países. Ainda que eles sejam membros de blocos importantes, como o Brics, a aliança geopolítica entre Índia e China é por vezes improvável. A tensão dos dois lados da fronteira é alta desde que escaramuças entre soldados dos dois países resultaram em 20 militares indianos e 4 chineses mortos em junho de 2020.

Na semana passada, um mapa publicado pelo governo da China iniciou uma nova crise diplomática com a Índia. Desde 2006, Pequim publica anualmente atualizações para corrigir "mapas problemáticos" que deturpam as "fronteiras do país". Na nova versão chinesa, o Estado de Arunachal Pradesh, no Himalaia, e o planalto de Aksai Chin viraram território chinês.

O chanceler da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, chamou o mapa chinês de "absurdo". "No passado, a China publicou mapas que reivindicam territórios que não são da China, que pertencem a outros países. Este é um hábito antigo deles", afirmou.

Decepção

Uma semana antes, em Johannesburgo, na cúpula do Brics, Xi e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, prometeram "intensificar os esforços" para diminuir as tensões na fronteira, um movimento que foi visto como um passo em direção de melhorar a conturbada relação entre os dois países.

Diante da nova escalada, não foi surpresa o anúncio de que o premiê da China, Li Qiang, deve liderar a delegação chinesa em Nova Délhi. Apesar de Xi ter participado de todas as cúpulas do G-20 até agora - exceto em 2021, no auge da pandemia- sua ausência era esperada.

Um oficial da União Europeia, falando sob anonimato, afirmou na semana passada que Xi não iria a Nova Délhi. No domingo, o presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou que estava "decepcionado" com a ausência do presidente chinês no encontro.

China e Índia têm uma velha rivalidade que vai muito além da demografia - recentemente, os indianos ultrapassaram os chineses e se tornaram o país mais populoso do mundo, com 1,4 bilhão de pessoas. Após a partilha feita pelo império britânico, em 1947, que criou Índia e Paquistão, a China passou a questionar as fronteiras e acabou anexando o Tibete por Pequim, em 1950.

Após a revolta do Tibete, reprimida pela China, em 1959, as escaramuças de fronteira ficaram cada vez mais recorrentes, culminando em uma invasão do Exército chinês, em 1962. Os confrontos resultaram em uma derrota expressiva de Nova Délhi, cujos soldados estavam claramente em menor número, até o cessar-fogo unilateral anunciado pela China, principalmente por conta de pressões dos EUA.

Depois da derrota indiana, a China consolidou sua soberania sobre a área de Aksai Chin, que tem importância estratégica, porque liga a província chinesa de Xinjiang ao oeste do Tibete. A Índia reivindica estes territórios, assim como Pequim não abre mão do Estado indiano de Arunachal Pradesh, chamado de Tibete do Sul pelos chineses.

Sem acordo

Apesar do acordo costurado entre Índia e China pelo reconhecimento da fronteira, em 1993, a área segue sendo questionada. A região é de difícil acesso, com grandes altitudes, rios e picos nevados, o que dificulta uma demarcação e abre a possibilidade de que ambos os países tenham sua própria versão sobre onde termina a soberania de cada um. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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