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“O automobilismo como negócio”, defende Dadai

Waldner Barnardo, o Dadai, quer transformar o automobilismo em negócio

Norton Luiz Especial para a Editoria de Esportes

“O automobilismo é um esporte na sua essência e não se discute. No entanto, devemos tratá-lo como um negócio” afirmou de forma enfática o presidente da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA), o pernambucano Waldner Bernardo, o Dadai, em entrevista ao DMAutos, do Diário da Manhã. O dirigente, há um ano e meio à frente da entidade, esteve em Goiânia para acompanhar a realização da Corrida do Milhão da Stock Car, no Autódromo Internacional de Goiânia, no último domingo, dia 5. Aqui, ele falou dos seus planos e projetos para a CBA.

De jeito simples e brincalhão, mas focado nas propostas para o automobilismo, o ex-presidente da Federação Pernambucana de Automobilismo, onde consolidou-se como dirigente atuante e determinado, vê o automobilismo brasileiro com possibilidades concretas de crescimento. Para tanto, depende de aportes financeiros oriundos do poder público e da iniciativa privada para que a consolidação do automobilismo como negócio se concretize. “É o caminho”, disse Dadai, que chegou à presidente da CBA com propostas exequíveis que suplantaram as de Milton Sperafico no pleito, então seu concorrente na disputa.

Dadai observa que a crise na economia brasileira afeta sobremaneira o automobilismo. Para o dirigente da CBA, o mercado está reticente em realizar qualquer tipo de investimento e o esporte acaba sendo atingido também. “Não há dúvidas da tamanha dificuldade que é encontrar meios de fomentar qualquer projeto. Esse processo passa por um incremento na credibilidade do segmento, mas sobretudo, no entendimento do mercado em geral de que nosso automobilismo não é apenas uma modalidade, mas, sim, grande e vantajoso negócio”, assinalou.

stakeholders

O dirigente assinalou que desde que iniciou sua gestão participa de eventos de turismo, comércio, indústria e afins. Isto no sentido de fazer com que esses stakeholders tenham conhecimento do tamanho que é o automobilismo brasileiro, desde a movimentação financeira que as provas proporcionam aos municípios que as recebem até a quantidade de postos de trabalho diretos e indiretos que as modalidades geram ao longo do ano.

Do ponto de vista institucional, lembrou Waldner Bernardo, que veio a Goiânia acompanhado da Vice-Presidente da entidade, a baiana Selma Morais, “realizamos um trabalho voltado à aproximação da CBA junto ao legislativo e executivo”. Por essa razão, de acordo com ele, as ações da CBA dentro do Congresso Nacional já surtem efeitos. Como consequência, já tramita na Câmara Federal a criação da Frente Parlamentar pelo Automobilismo, que deve ser instaurada em 2018. “Entendemos que sem um contundente apoio do poder público ficaremos muito distantes de construir um futuro promissor ao nosso esporte”, ressaltou.

Desafios

Waldner Bernardo disse que parte dos esforços, nesse primeiro momento à frente da CBA, estão voltados para dentro do automobilismo. “Temos despendido energia substancial em obras de alicerce, que não aparecem aos olhos do público geral. Essas medidas vão desde a profissionalização de todas as áreas e comissões até a implementação de sistemas internos que otimizem os processos e torne mais eficiente e menos onerosa a operação da entidade”, acentuou Dadai, que fala do kart como escola de formação de pilotos para o automobilismo brasileiro e mundial.

Nesse sentido, Dadai destaca a evolução do projeto da Escola Brasileira de Kart. Segundo ele, em 2017, foi o primeiro ano de funcionamento das três primeiras unidades, que representaram a formação de cerca de 100 novos pilotos. Até o próximo ano três novos Estados iniciarão suas atividades e já foi aprovado no Ministério do Esporte um projeto de lei de incentivo que permitirá a implementação do curso em mais 10 municípios pelo Brasil.

A função da Confederação Brasileira de Automobilismo, reforça Dadai, é preparar pilotos para o automobilismo mundial, não só para F1. “Não conheço nenhuma confederação na Europa que tenha formação de pilotos. Quem forma pilotos são as equipes e como não temos equipes de F1 cabe à entidade formar e preparar pilotos”, justificou.

Kart

Sobre o kart brasileiro, base de formação dos pilotos brasileiros, Dadai lembra que a CBA fez  algumas mudanças no regulamento de algumas categorias, deixando-a parecidas com o que acontece na Europa. As alterações dão aos pilotos condições de usarem equipamentos e viverem situações que acontecem lá fora. O objetivo, na opinião de Dadai, foi o de preservar e abrir novas categorias, criando um novo formato de inscrição dessas novas categorias e, com isso, valorizar os campeonatos estaduais.

Lembra o dirigente que agora o piloto que quiser participar das categorias OK e Sul-americana, tem que se qualificar nos campeonatos estaduais e não apenas se inscrever. Com isso solidificamos os Campeonatos Estaduais de kart. “Entendemos que essa sequência do kart precisa ser dada e sabemos o quanto é difícil criar uma categoria de Fórmula, principalmente a F4”, ressaltou.

A Escola Brasileira de Kart, que foi inspirada na Escola Francesa de Kart, talvez o mais bem-sucedido exemplo de formação do mundo, é um dos projetos de maior atenção da gestão de Waldner Bernardo. Para o dirigente, não há como conseguir um substancial incremento na produção de novos talentos sem que se aumente a quantidade de praticantes.

Ainda sobre o kart, o presidente da CBA falou que a categoria vive um momento único no kartismo brasileiro, graças à realização do maior campeonato de Kart do mundo, realizado no ano passado e reconhecido pela FIA e pela CODASUR. “Nós tivemos a abertura do mercado do kart para o mercado internacional, procurando uma aproximação com o que acontece na Europa, uma preparação dos nossos pilotos equivalente ao que acontece na Europa”, acrescentou.

“Esse ano tivemos pela primeira vez três categorias com uma configuração semelhante à da Europa, abrimos uma janela para chassis importados para algumas categorias. Tudo pensado e planejado. Tudo muito bem pensado para que não houvesse nenhum prejuízo no mercado nacional e, ao mesmo tempo, visando proporcionar ao piloto essa experiência de ter no Brasil o que é usado lá fora.

Stock Car

Falando da stock Car, motivo da sua presença em Goiânia, o presidente da CBA revelou que a categoria vive seu melhor momento. “Ter 10 ex-pilotos de F1, pelo menos mais 10 campeões de Stock Car e outros 10 grandes pilotos é ter a nata do automobilismo brasileiro”, acrescentou, dizendo que tecnicamente a categoria tem algumas evoluções, como as mantas térmicas do fornecedor de pneus. O que Dadai não deixou de fazer também foi de tecer elogios ao Autódromo Internacional de Goiânia. “Os goianos estão de parabéns pela beleza da estrutura do autódromo goiano, referência para o País”, destacou.

Interlagos e Jacarepaguá

Por fim, Dadai garantiu que está atento à questão da privatização do Autódromo de Interlagos, em São Paulo, sobre qual iniciativa se mostra radicalmente contra. “Nós tentamos ter uma reunião com o Prefeito de São Paulo anterior e agora conseguimos conversar com o atual. Estamos participando do movimento que defende Interlagos e toda e qualquer ação que seja legítima e legal para defender Interlagos e CBA estará apoiando” disse, observando também a situação do Rio de janeiro, que deixou desaparecer o Autódromo de Jacarepaguá. “Agora, temos que lutar para que a cidade seja reposicionada no mapa do automobilismo brasileiro, de onde nunca deveria ter saído”, defendeu o dirigente.

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