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Contra a parede

Indiciado pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos ontem por corrupção, o presidente da CBF, Marco Polo del Nero, pediu licença da entidade máxima do futebol brasileiro para “dedicar-se à sua defesa”. Em sua ausência, por período ainda indeterminado, assume o vice-presidente Marcus Antônio Vicente, presidente da Federação Capixaba de Futebol.

A procuradora-geral da Justiça dos Estados Unidos, Loretta Lynch, anunciou que Marco Polo Del Nero e Ricardo Teixeira estão entre os nomes denunciados por corrupção na Fifa. Ao todo, 16 dirigentes foram acusados na nova fase do processo, que teve início em maio, com a prisão, entre outros, do ex-presidente da CBF José Maria Marin.

A decisão de Del Nero de pedir licença se deu principalmente para evitar a ascensão de Delfim Peixoto, presidente da Federação Catarinense de Futebol e seu desafeto, ao cargo. Caso tivesse sido afastado de suas funções pela Fifa ou pedido renúncia do cargo, por ser o vice-presidente da CBF mais velho, Delfim seria elevado ao posto.

Em relação à situação de Del Nero, que está no Brasil, cuja constituição proíbe a extradição de seus cidadãos, a não ser em casos de tráfico de drogas ou crimes cometidos antes da aquisição de cidadania brasileira, Lynch afirmou que está trabalhando para que os nomes indiciados sejam extraditados para os EUA.

“Temos alguns acordos, sim, com outros países, não. Nós podemos, sim, fazer tudo que for possível para trazer essas pessoas perante nossa Justiça, e faremos tudo que estiver ao nosso alcance. Essa investigação é baseada nas evidências, temos diferentes caminhos para os inquéritos”.

Logo após as denúncias, a CBF se posicionou através de uma nota oficial em seu site, alegando que Del Nero vai se ausentar das atividades para “se dedicar à sua defesa, sendo certa sua absoluta convicção da comprovação de sua inocência”.

Durou apenas 231 dias a era Marco Polo Del Nero na CBF. Só Wladimir Bernardes ficou menos tempo que Marco Polo Del Nero no cargo - 176 dias em 1924, quando ainda não havia sido disputada uma Copa do Mundo sequer e a CBF ainda se chamava Confederação Brasileira de Desportos.

Del Nero assumiu a CBF em 16 de abril, exatamente um ano após ter sido eleito. Sua chapa se chamava "Continuidade Administrativa" - e, como o nome deixa claro, se propunha a dar continuidade à administração de seu antecessor, José Maria Marin, que cumpre prisão domiciliar em Nova York enquanto aguarda seu julgamento.

Nos três anos da "Era Marin" (2012-2015), Del Nero ocupou papel central. Era o vice-presidente mais próximo de José Maria Marin e participava das principais tomadas de decisão - e, segundo o FBI, dividiam os subornos. Juntos, demitiram Mano Menezes e contrataram Luiz Felipe Scolari em 2013.

Juntos, viram das tribunas do Mineirão a Alemanha golear a seleção brasileira por 7 a 1. Juntos, demitiram Scolari e recontrataram Dunga.

Nota oficial da CBF

A Confederação Brasileira de Futebol vem a público informar, face às notícias veiculadas nesta data, que o presidente Marco Polo Del Nero apresentou pedido de licença do cargo com a finalidade de dedicar-se à sua defesa, em vista de ter seu nome mencionado em acusações relatadas pela Justiça norte-americana e pelo Comitê de Ética da Fifa.

Em nenhum dos procedimentos mencionados foi conferida ciência ao presidente do conteúdo das acusações, sendo certa sua absoluta convicção da comprovação de sua inocência, tão logo possa exercer os consagrados e constitucionais direitos ao contraditório e à ampla defesa.

Neste período de licença, o presidente, em cumprimento às suas atribuições estatutárias, designa, interinamente, para o exercício da Presidência da CBF o vice-presidente Marcus Antônio Vicente.

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