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Plantas alimentícias não convencionais

A hora do almoço e a famí­lia se aproxima da mesa. É domingo, dia de juntar as pessoas próximas e dividir uma re­feição farta. Uma folha estranha par­ticipa da composição da mesa, mui­tos não sabe se podem comer, se é apenas um adereço ou algo do tipo. Ninguém está acostumado com o cheiro da Ora-pro-nóbis. Nesta fa­mília, assim como em outros luga­res do planeta, a alimentação é pra­ticamente a mesma, dia após dia. O professor de botânica na Universi­dade de Aberystwyth, na Grã Breta­nha, John Warrer, aponta o fato de que das 400 mil espécies de plan­tas que existem no mundo, cerca de 300 mil são comestíveis, e destas 300 mil, apenas 200 são consumidas pelo ser humano, cerca de 0,06%.

Seja pelas formas estranhas ou pelo cheiro característico, muitas plantas, flores, sementes, folhas, raízes e outros alimentos acabam não entrando no cardápio. A maio­ria dos alimentos que consumi­mos diariamente é proveniente do milho, arroz e trigo. Desta for­ma, mesmo tendo uma variedade interessante de alimentos no pra­to, acabamos retirando nutrientes das mesmas fontes, por um vício pessoal ou pelas mesmas opções nos supermercados. As plantas alimentícias não convencionais (Panc’s) estão envoltas de um de­bate que começa a se popularizar. Apesar disso, ainda geram muitas dúvidas nas pessoas, especialmen­te sobre como identificar e tam­bém sobre o uso e o cultivo.

Muitas destas plantas, conside­radas não convencionais, são ricas em nutrientes e podem compor uma alimentação rica. A maioria tem uma funcionalidade específi­ca na alimentação. Entre elas po­demos destacar a serralha, bel­droega, trapoeraba, picão branco, mangará, dente de leão, caruru, celósia, espinafre indiano, mal­vavisco, ora pro nóbis e outros. Lembrando que cada plantinha destas tem um gosto particular e pode dar um toque especial para um prato. Essas plantas podem ser encontradas em diversos locais, não apenas em feiras específicas ou supermercados. Porém, para quem ainda não tem tanto conhe­cimento do assunto é melhor pro­curar um local onde os atendentes tenham o mínimo de instrução.

TRADIÇÃO

Uma das folhas que entram na categoria de Panc’s é conhecida no Brasil e já virou até título de músi­ca do Tropicalismo. Ora-pro-nóbis é originária do continente ameri­cano e pode ser usada como cerca viva, ornamentação e alimento. O nome vem do latim e significa “ro­gai por nós” e, segunda a tradição, esse nome foi dado por algumas pessoas que a colhiam no quintal de um padre enquanto ele reza­va em latim. A planta é encontra­da com abundância na região Su­deste do Brasil, seu cultivo é fácil e seu valor nutritivo é muito alto. Ora-pro-nóbis pode ser facilmente cultivada em diversos tipos de solo e pertence a família das cactáceas.

A maioria destas plantas não é consumida pelo ser humano pelo medo de contaminação ou into­xicação. Para isso é preciso saber identificar cada espécie, estudar suas características e memorizar, não somente os nomes popula­res, mas também os nomes cien­tíficos das espécies. Dentro de um mesmo gênero ou família de plan­tas existem espécies comestíveis e outras tóxicas, por isso é bom saber reconhecer qual planta consumir, uma mesma planta pode ter vários nomes populares, por exemplo.

Uma das dicas mais impor­tantes sobre se alimentar dessas plantas é: na dúvida, não coma! Existem plantas tóxicas que pre­cisamos evitar ingerir e outras que precisam passar por um procedi­mento prévio antes de serem con­sumidas, assim como feijão, por exemplo.

BENEFÍCIOS ORA-PRO-NÓBIS


  • Seu alto teor de fibras ajuda no processo digestivo e intestinal, promovendo sa­ciedade, facilitando o fluxo ali­mentar pelo interior das pare­des intestinais, além de ajudar a recompor toda a flora intes­tinal. Isso evita os estados de constipação, prisão de ventre, formação de pólipos, hemor­roidas e até tumores
  • O chá, feito a partir de suas folhas, tem excelente função depurativa, sendo indicado para processos inflamatórios, como cistite e úlceras
  • Esse poder depurativo as­sociado ao chá também está li­gado ao tratamento e preven­ção de varizes
  • Pessoas com anemia deve­rão passar a utilizá-la com mais frequência, pois os índices de ferro são essenciais para o tra­tamento desse quadro
  • A alta concentração de vita­mina C ajudará a fortalecer o sis­tema imunológico, evitando uma série de doenças oportunistas
  • Ótima para a pele, devido à presença de vitamina A (retinol) em grande quantidade
  • O retinol também é funda­mental para manter a integrida­de da visão em dia
  • As grávidas deveriam consu­mir a planta nesse período, pois ela é rica em ácido fólico, essencial para evitar problemas para o bebê
  • Mantém ossos e dentes fortalecidos, pela boa quan­tidade de cálcio

Peixinho

Não é pescado, é plantado mesmo. A folha, cheia de pelinhos, ganhou o nome por conta do seu formato. Também conhecido como lambari-da-hor­ta, é usado para chás e empanado, como aperitivo. Vai bem em climas secos

Maracujá-do-mato

Menor que o maracujá comum e de casca mais alaranjada, ele tem aro­ma e sabor um pouco mais adocicado. Tem sido reconhecida como pro­duto de forte identidade cultural com o bioma Caatinga. Dá suco, geleia, doce e até molho para carnes. Saiba mais.

Feijão guandu

De origem indiana, chegou ao Brasil com os mercadores de escravos e hoje é considerada uma aliada na agricultura. Além de fixar nitrogênio no solo, como qualquer outra leguminosa, funciona como arado vegetal, pois suas raízes conseguem penetrar a terra dura em busca de água, tornando-a mais permeável. Além de o guandu ser uma planta rústica, que permane­ce verde mesmo na seca, suas folhas servem de adubo para solos pobres. E as flores são lindas, perfumadas e melíferas. Vai bem com temperos for­tes como bacon, cominho, pimentas e ervas. Saiba mais.

Espinafre malabar

Espécie que rende, além das folhas, frutinhos de pigmento roxo intenso

Beldroega

Ácida e crocante, vai muito bem na salada. Também pode ser consumida refogada no óleo ou na banha com alho e cebola (de­pois de cozida, lembra um pouco o espinafre, só que mais suave). Às vezes é chamada de ora-pro-nobis (até por Guimarães Rosa), mas, apesar de as duas folhas guarda­rem semelhanças entre si, são es­pécies totalmente diferentes

Capuchinha

As flores, amarelas, vermelhas ou laranjas, são comestíveis, assim como as folhas, que são ótimas verduras, nutritivas e com gostinho de agrião.

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