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ENTRETENIMENTO

Uma ficção real

  •  A obra bilíngue ainda traz críticas sociais influenciadas em acontecimentos emblemáticos do passado e presente

O quadrinista e diretor de animação Ermerson Ro­drigues mostra hoje ao pú­blico o que ele chama de “ver­são beta”, da HQ de sua autoria, lançada há exatamente um ano. Agora, sua novela gráfica Cida­de de Buraco Ep. 1, graças a um projeto editorial transmídia, une o livro à tecnologia, com intuito de aprofundar ainda mais a ex­periência do leitor com a obra.

“Vimos o que funcionou, o que não funcionou, mudamos e acrescentamos na segunda ver­são”, conta o quadrinista. Além do relançamento da obra e sua versão em inglês, a Hole City: Book I, a Livraria Palavrear abre hoje, também às 19 horas, uma exposição com os desenhos ori­ginais da novela gráfica. Serão expostos desenhos de 15 pági­nas do livro, que ficam em cartaz até o dia 18 de junho na livraria.

Para amplificar ainda mais a experiência do leitor com a HQ, a obra traz hiperlinks, que dire­cionam público a conteúdos se­melhantes e complementares à trama de Cidade Buraco. “Ao longo da leitura, a história em quadrinhos vai fazendo convi­tes à imersão no universo do livro através de QRCodes. Neste con­teúdo completar tem, por exem­plo, algumas histórias em qua­drinhos de outros autores, sobre o universo, como obras de: Már­cio Júnior e Gleidson Caetano. São historinhas paralelas, que dão outros ângulos e visões do que seria essa cidade”, acrescen­ta Emerson Rodrigues.

Outra possibilidade de Cida­de Buraco é que ele estará dispo­nível ainda em audiolivro, com audiodescrição, que busca am­pliar a acessibilidade deste tra­balho, alcançando também pes­soas com deficiência visual. Os diversos personagens foram in­terpretados pelo ator Rodrigo Ungarelli, com participação es­pecial do próprio autor Emer­son Rodrigues, Daniela Fiuza e Larissa Mundim.

A TRAMA

O roteiro da novela gráfica é inspirado em um tema que sem­pre instigou Emerson Rodrigues: a Guerra dos Cem Anos (1337- 1453). Mas Cidade Buraco é am­bientada em um futuro distan­tante e distópico, em que uma sociedade vive permanentemen­te em guerra. Logo, milhões de pessoas estão refugiadas, cultu­ras foram soterradas, somente a baixa tecnologia está disponível e o meio ambiente encontra-se degradado.

Em meio a um mundo caóti­co, a Cidade Buraco do livro é o único lugar em que existe paz. Segundo Emerson Rodrigues, o local, escondido no meio do deserto, é um organismo vivo que protagoniza a série e, por meio dela, o leitor é convidado a refletir sobre os tempos atuais. “Desenvolvimento tecnológico nem sempre significa avanço. Na trincheira, as pessoas con­tinuam existindo e coexistindo, mas as necessidades humanas mais básicas dão lugar à busca de novos modos de sobrevivên­cia”, comenta ele.

É abordando o futuro que Emerson, em Cidade Buraco, remete a episódios do passado que trouxeram grandes prejuí­zos à humanidade, a exemplo do nazismo e a Guerra Fria. “Eu fico bem curioso de como as pessoas recebem essas informações. Porque falo muito das coisas que me atingem, que me interessam. Hoje estamos passando a maior crise de refugiados, desde a Se­gunda Guerra Mundial, e é uma coisa que a gente passa boa par­te do tempo meio alheio. Enfim, tem um pouco disso de falar de coisas que estão acontecendo, mas que a gente empurra meio pro lado. É uma ficção basea­da em fatos reais. Essas coisas realmente acontecem”, analisa o quadrinista.

CAMINHOS

Diretor de animação e profes­sor na Escola Goiana de Desenho Animado, Emerson Rodrigues na animação já muito deu o que fa­lar. Foi, por exemplo, um dos 15 brasileiros selecionados para o projeto SEA − Concept Develop­ment Master Class, que reuniu no­vos talentos da animação mundial em 2014, na Dinamarca, sede do The Animation Workshop. Tam­bém trabalhou em uma grande produtora de publicidade em Bra­sília (DF), onde já morou, o artista que nasceu no Sul do País.

Mas foi em Goiânia – para onde mudou por causa da espo­sa – que ele começou a trilhar os primeiros passos de quadrinis­ta, com a publicação de Cidade Buraco, o primeiro livro lança­do. “Sempre fui apaixonado em quadrinhos, estou bem conten­te com o resultado. Espero que as pessoas gostem”, disse o au­tor, adiantando que já tem o se­gundo episódio de Cidade Bura­co escrito, mas que a publicação deverá depender da repercussão do primeiro livro, já que produ­zir HQs é um processo demora­do e complicado.

O cenário para os quadrinhos em Goiás, ele vê crescente, com alguns nomes engatinhando. Mas, por outro lado, o audiovi­sual, que também trabalha, acre­dita estar vivendo seus melho­res dias no Brasil. “O audiovisual está impresionantemente bom e sólido. Tem realmente empresas crescendo, que estão conseguin­do emendar uma produção na outra. Está uma época boa. Para desenho animado e cinema é a melhor época que o Brasil já vi­veu e Goiânia tá bem”, avalia.

Atualmente, Emerson diri­ge o Mão de Macaco, estúdio para projetos autorais, em Goiâ­nia, onde realizou sua primeira HQ (Cidade Buraco: Volume 1) e onde vem produzindo o cur­ta-metragem em animação 2D Brazil, bem como a série de ani­mação infantil Micronauta − pro­jeto selecionado, em 2017, pela “World Grant” do Laboratório em Animação Bridging the Gap, realizado em Tenerife, Espanha.

SERVIÇO

Lançamento: Cidade Buraco: Livro I e Hole City: Book I

30 de maio (quarta-feira) – 19h

Livraria Palavrear (Rua 232, 338 – Setor Universitário, Goiânia)

Abertura da exposição “Cidade Buraco”: visitação entre 30 de maio e 18 de junho

Entrada gratuita

Preço de capa promocional de lançamento: R$ 40,00 (Cidade Buraco: Livro I) e R$ 30,00 (Hole City: Book I)

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