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ENTRETENIMENTO

Capturando sentimentos

A fotógrafa norte-america­na Nan Goldin é um dos grandes nomes da foto­grafia do mundo desde a década de 1970, quando realizou suas pri­meiras exposições solo. É conhe­cida principalmente pela atmos­fera íntima de suas imagens – que refletem principalmente as rela­ções humanas. Alguns momentos de destaque de sua carreira tocam temas como o corpo na comuni­dade LGBT, momentos de inti­midade e o boom do HIV nas úl­timas décadas do século XX. Sua obra mais conhecida, The Ballad of Sexual Dependency (1986) (em português: A balada da depen­dência sexual), documenta o mo­vimento de amigos e familiares de homossexuais após a Rebelião de Stonewall, considerada uma das ações que deram origem ao mo­vimento pelos direitos LGBT nos Estados Unidos.

De acordo com a biografia da artista no site Artsy – especializa­da em história da arte – um dos pontos altos da obra de Goldin está na pessoalidade e na fragili­dade dos momentos que registra. “Suas fotos, ricas em cores, cap­turam um mundo universalmen­te humano, apesar de altamente pessoal. The Ballad of Sexual De­pendency apresenta centenas de momentos intensos e íntimos da vida em Nova Iorque durante os anos 1970 e 1980”. O momento social que marca as fotografias de Goldin não se restringe à co­munidade LGBT, mas a uma sé­rie de conflitos que geravam dis­cussões naquele período. “Ela se mostra na cama com seu com­panheiro, também documenta drag queens se beijando em ba­res, e um homem convivendo com o sofrimento do HIV”, rela­ta a biografia.

LEGADO

A importância da artista não se restringe ao aspecto social  também protagonizou um im­portante movimento estético. “Enquanto atualmente é co­nhecida como uma pioneira da chamada ‘fotografia diarística’, documenta com sinceridade inabalável uma sociedade aba­lada pela AIDS, pelo vício em drogas e pelo abuso. É a empatia refletida nessas imagens que as envolve de um lirismo memorá­vel”. A sensibilidade da artista a temas delicados foi aflorada des­de muito cedo, na própria famí­lia. Goldin teve uma exposição precoce à tensão de relaciona­mentos familiares, sexualidade, e suicídio, tendo em vista que seus pais a conscientizaram so­bre o suicídio de sua irmã mais velha, Bárbara, que tirou a pró­pria vida quando a fotógrafa ti­nha apenas 11 anos.

Ela fala um pouco sobre o momento que viveu em depoi­mento registrado em sua obra prima, The Ballad of Sexual De­pendency. “Era 1965, e o suicídio de adolescentes era um grande tabu. Eu era muito próxima de minha irmã, ciente de alguns motivos que a levaram a esco­lher o suicídio. Presenciei os pa­pel da sexualidade reprimida na sua destruição. Naquele pe­ríodo, no início dos anos 1960, mulheres que queriam viver sua sexualidade causavam espanto. Quando ela tinha 18 anos, ela visualizou que a única manei­ra de sair desses conflitos era se atirar nos trilhos de uma ferro­via de Washington DC”. Depois de superar a perda da irmã, Nan Goldin passou a tentar deixar o mundo mais sensível e atento à saúde mental e aos sentimentos dos adolescentes.

Nos últimos 20 anos, várias pesquisas têm se debruçado so­bre o trabalho de Goldin. Em 2014 o crítico Sean O’Hagan es­creveu sobre a série The Ballad of Sexual Dependency em arti­go para o jornal britânico The Guardian. Ele atesta que as ima­gens desse trabalho “continuam a ser uma referência para todos os outros trabalhos que buscam uma veia confessional”. Lucy Davis, colaboradora do jornal The Telegraph – também britâ­nico – comenta sobre o impac­to de Nan Goldin nas gerações seguintes de fotógrafos. “A expo­sição se tornou uma influência profunda para uma geração de fotógrafos incipientes, que sen­tiam-se diante de um despertar para a sinceridade”.

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