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ENTRETENIMENTO

A cultura da paz

Mudar comportamentos prejudiciais, que antes eram aceitáveis. Con­tagiar pessoas em causas em prol da consciência ambiental. Lutar contra os altos índices de violên­cia, que tem chegado até nas esco­las. Em contrapartida a tantos de­sastres contemporâneos, estas são demandas que sociedade civil tem cada dia mais se empenhado em resolver com as próprias mãos. As­sim, através da criação de campa­nhas, participação em organiza­ções não governamentais (ONGs), têm-se construindo uma cultura de paz. E, com apoio do meio ar­tístico, algumas lutas têm trazido mudanças sensíveis na mentali­dade da sociedade moderna.

Este ano, por exemplo, pode ficar na história por se iniciar uma luta mundial contra o as­sédio sexual na quase intocável cena cultural. Aqui no Brasil, em abril, atrizes e apresentadoras da Globo lançaram a campanha “Mexeu Com Uma, Mexeu Com Todas”. Nomes como Taís Araújo, Camila Pitanga, Cleo Pires e Le­andra Leal foram trabalhar ves­tindo a camisa com a frase de protesto, em apoio à figurinista Susllem Tonani, que fez uma de­núncia de assédio contra o ator José Mayer. Horas após o início da campanha, Mayer soltou uma carta em que admite o erro e pe­diu desculpas e está até hoje afas­tado da próxima novela de Agui­naldo Silva, prevista para 2018.

Depois, a questão do assédio no meio artístico recebeu holo­fotes internacionais e tem cria­do um efeito dominó, em que nomes aclamados pela crítica e público começaram a perder seus empregos por conta dos as­sédios. Tudo começou quando Harvey Weinstein foi demitido da produtora que leva seu nome, após acusações virem à tona em matérias da revista New Yorker e do The New York Times.

Ele era um dos nomes mais poderosos de Hollywood, res­ponsável por filmes como Pulp Fiction e Gangues de Nova York. Foram inúmeros os casos de abuso denunciados pelas publi­cações. Entre as vítimas, atrizes como Angelina Jolie e Gwyneth Paltrow. Desde então, atores pre­miados, como Kevin Spacey e Je­ffrey Tambor, perderam o empre­go e reputação. A série de House of Cards, na qual Spacey era ainda o produtor, foi cancelada.

LUTAS AMBIENTAIS E SOCIAIS

A união engajada de artistas foi capaz de possibilitar uma bela canção em prol da demarcação de terras indígenas que foi lança­da em abril. A faixa foi composta por Carlos Rennó, musicada por Chico César e intitulada de “De­marcação Já”. A música e o clipe receberam colaboração de deze­nas de artistas com destaque na cena musical brasileira como: Ar­naldo Antunes, Criolo, Céu, Djue­na Tikuna, Dona Odete, Elza So­ares, Gilberto Gil, Felipe Cordeiro, Letícia Sabatella, Gilberto Gil, Le­nine, Lirinha, Margareth Mene­zes, Maria Bethânia, Nando Reis, Ney Matogrosso, Russo Passa­pusso, Tetê Espíndola, Zeca Ba­leiro, Zeca Pagodinho.

Já o incêndio no Parque Na­cional da Chapada dos Veadeiros em Alto Paraíso também obrigou artistas e anônimos a se engaja­rem na campanha S.O.S. Chapa­das dos Veadeiros, que aconte­ceu no final de outubro e destruiu mais de 66 mil hectares da reser­va. Através de uma plataforma de financiamento coletivo, nomes, a exemplo do ator Matheus Sola­no, da modelo internacional Gi­sele Bündchen e do líder espiritu­al Sri Prem Baba, usaram a fama para arrecadar dinheiro para a campanha que chegou a levantar mais de R$ 300 mil. Assim, mes­mo com o estrago histórico, con­seguiu-se evitar o pior. E há quase dois meses após a queimada cri­minosa, todas as trilhas já foram reabertas e os visitantes retorna­ram para apreciar as belezas na­turais da região.

O ator Leonardo DiCaprio, que é um dos ativistas ambien­tais mais engajados do entrete­nimento, e recentemente pro­duziu e narrou o documentário sobre o aquecimento global, The 11th Hour, também mos­trou para o mundo o que acon­tecia na Chapada dos Veadeiros. Em seu perfil no Instagram uma foto sobre o incêndio e chamou o fogo de “devastador”.

No cenário internacional, no­mes a exemplo do vocalista da banda irlandesa U2, Bono Vox, assim como a atriz Angelina Jo­lie – que é embaixadora da boa vontade do Alto Comissariado da ONU para Refugiados –, também fazem parte dos nomes mais di­vulgados e do showbusiness.

VIOLÊNCIA

Agora, falando um pouco sobre a realidade goianiense, este ano por aqui a violência mostrou estar presente tam­bém nas escolas. Em agosto, um adolescente de 13 anos foi apreendido suspeito de ma­tar a vizinha e colega de esco­la, Tamires Paula de Almeida, de 14 anos, no Jardim América, em Goiânia. O caso ocorreu no quinto andar da escadaria do prédio onde moravam.

Já em outubro, outra cena de violência abalou as famílias que acreditavam que os filhos estavam seguros na escola. Um estudante de 14 anos abriu fogo contra os colegas de sala no Colégio Goyazes. Dois estu­dantes morreram e outros qua­tro ficaram feridos.

Chocado com a violência nas escolas, o tio de uma das víti­mas do Colégio Goyazes, a estu­dante Marcela Rocha Macedo, 13 anos, o auxiliar pedagógico e estudante de comunicação so­cial Ivan Aragão, resolveu criar uma Campanha Nacional Con­tra a Criminalidade.

Marcela hoje está bem e con­seguiu terminar o ano letivo. Mas para Ivan, apesar do bom estado de saúde da garota, ain­da deve-se repensar a segurança nos colégios a fim de pressionar a classe política a tomar medidas que pensam na segurança e har­monia nas salas de aula.

“Acredito muito na importân­cia dos movimentos sociais jun­to à população. Com essas forças unidas podemos avançar, no in­tuito de debater os problemas da sociedade e cobrar soluções das autoridades”, comenta.

Apartidária, a campanha já foi ouvida por alguns deputados de variados partidos, veículos da im­prensa local e nacional. “Até agora tivemos três audiências públicas, uma estadual e duas municipais, um resultado muito importante foi o apoio do Comitê Estadual de Direitos Humanos Dom Thomas Balduino”, celebra Ivan.

Para mudanças no cená­rio, ele acredita na obrigatorie­dade de um psicólogo nas uni­dades escolares, para que ajam nas escolas de forma preventi­va detectando problemas e, se necessário, direcionando para um tratamento mais adequado. “Sugerimos ainda investimen­tos na educação em todas as áreas, a valorização do profes­sor e da sua carreira é também fundamental”, explica.

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