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Leite em queda

Após subir por sete meses seguidos e atingir recordes reais, de forma gradual em Estados como Goiás, o preço do leite ao produtor caiu em setembro. Além do aumento na captação, observado na maioria dos Estados pelo terceiro mês, a fraca demanda interna foi um dos principais motivos das quedas nos valores. Há produtores que preferiram mudar de atividade por causa da rentabilidade. Maurivan Costa chegou inclusive à condição de presidente da Comissão do Leite da Faeg. Hoje, cultiva soja. “O leite oscila e a soja tem compensado”, acredita.

Segundo pesquisas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, o preço médio recebido pelo produtor na “média Brasil” (sem frete e impostos) foi de R$ 1,5257/litro, redução de 3,2% (ou de 5,1 centavos) em relação a agosto.

Mesmo com a queda, a cotação ainda acumula alta de 50,8% no ano, em termos reais (valores deflacionados pelo IPCA de 16 de agosto). O preço bruto médio do leite (que inclui frete e impostos) também caiu 3,2% de um mês para outro, passando para R$ 1,6377/litro em setembro. As médias calculadas pelo Cepea são ponderadas pelo volume captado em agosto nos Estados de Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Bahia.

A captação de leite aumentou em quase todos dos Estados analisados, refletindo a recuperação das pastagens, favorecida pela chegada das chuvas em algumas regiões, e o início da safra no Sul do País.

De julho para agosto, o Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-L/Cepea) aumentou significativos 6,2%, com destaque para Santa Catarina e Rio Grande do Sul, com significativas altas de 11,76% e 11,37%, respectivamente. A exceção ficou por conta da Bahia, onde o volume captado permaneceu praticamente estável (ligeira queda de 0,08%), sustentando as cotações.

Para outubro, representantes de laticínios e cooperativas consultados pelo Cepea apontam nova queda nos preços do leite. A maioria dos agentes entrevistados (96,2%), que representa 99,8% do leite amostrado, indica que haverá baixa nos valores. Outros 3,8%, que representam 0,2% do volume amostrado de leite, acreditam em estabilidade. Ninguém espera alta de preços para o próximo mês.

No mercado de derivados, a demanda enfraquecida, diante dos elevados patamares de preços nos últimos meses, e os estoques elevados em algumas regiões pressionaram os valores dos produtos lácteos. Os preços médios do leite UHT e do queijo mussarela negociados no atacado de São Paulo em setembro foram de R$ 2,49 o litro e R$ 19,20 quilos, respectivamente, quedas de 23,1% e 8,41% em relação às médias de agosto.

Com o cenário de quedas intensas nos últimos dois meses, a variação acumulada do leite UHT desde o início do ano passou para 6,3%. A pesquisa de derivados do Cepea é realizada diariamente com laticínios e atacadistas e tem o apoio financeiro da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).

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