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Elas no comando

De acordo com o estudo “Is Gender Profitable”, divulgado mês passado pelo instituto Peterson Institute for International Economics, de Washington, nos Estados Unidos, companhias que aumentaram a participação feminina em cargos de alta hierarquia em até 30% registraram crescimento médio de 15% em sua rentabilidade. Para chegar a essa conclusão, a organização utilizou uma base de dados de 22 mil empresas distribuídas em 91 países.

Por outro lado, no Brasil, segundo a mais recente pesquisa Síntese de Indicadores Sociais, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do total de dirigentes de empresas registradas no Brasil (5,1 milhões), 1,9 milhão apenas (37%) eram mulheres. O levantamento foi divulgado em 2015 e os dados são de 2014.

Outro número do IBGE evidencia bem como, em nosso país, a desigualdade de gêneros no mercado de trabalho ainda é grande, já que, segundo o Instituto, as mulheres são mais qualificadas e têm mais tempo de estudo que os homens. Conforme dados da Síntese de Indicadores Sociais, 66,9% das brasileiras entre 20 e 22 anos de idade possui o Ensino Médio concluído. Para a mesma faixa etária entre os homens brasileiros, esse percentual é de 54,9%. De 2004 pra cá, enquanto elas registraram um aumento de 16,9% no tempo de estudo, eles tiveram queda, 14,3%.

As mulheres também estão à frente na proporção dos estudantes de 18 a 24 anos de idade que frequentam o ensino superior. Em 2004, 36,4% das mulheres nessa faixa etária frequentavam os bancos das faculdades e universidades. Já entre os homens esse percentual não chegava a 30% (29,2%). E em 2014, nesse mesmo agrupamento, elas tiveram um salto significativo e 63,3% delas estavam fazendo curso superior. Entre os homens, também em 2014, esse percentual era de 53,2%. Ou seja, elas também estão à frente deles no que diz respeito à mão de obra especializada, mas ainda sim estão longe de ocupar a maioria das vagas que exigem uma maior qualificação, e quando ocupam os salários nem sempre são os mesmos pagos aos homens.

Apesar dessa desigualdade ainda ser grande dentro do mercado de trabalho, tal cultura vem se transformando, não só da parte das próprias mulheres que vêm exigindo da sociedade e no seu dia a dia no trabalho essa igualde entre gêneros, mas também nas empresas que vêm reconhecendo que eficiência definitivamente não tem sexo.

Grandes empresas em Goiânia têm em seu corpo de colaboradores vários exemplos interessantes de mulheres em altos cargos executivos que demonstrou que elas buscam insistentemente a excelência em tudo que fazem, seja na vida profissional, ou pessoal.

Aos 28 anos de idade e aparentando ter ainda menos que isso, a engenheira civil Ana Paula di Castro é um ótimo exemplo de que competência profissional realmente não tem nada a ver com gênero ou idade. Antes mesmo de chegar aos 30 anos e com apenas sete de formada, a jovem tem assumido funções e responsabilidades que há alguns anos seria restrita a executivos mais velhos e experientes no mercado. Hoje, além de acumular o comando do Departamento de Controladoria e a Gerência de Incorporações da FR Incorporadora, uma das maiores empresas do mercado imobiliário de Goiás, Ana Paula divide ainda o seu tempo profissional com a gestão da própria empresa.

Ela entrou na FR incorporadora em 2009, ainda como estagiária no departamento de planejamento da empresa. Dois meses depois concluiu o curso de engenharia civil e, além de ser efetivada, de cara assumiu o comando do recém-criado departamento de Controladoria. “Esse setor da empresa é responsável por todo o controle e acompanhamento dos produtos e serviços desenvolvidos pela empresa. Ou seja, é feito o controle do cumprimento de prazos em obras, de normas técnicas a serem seguidas e até o cumprimento de metas orçamentárias e comerciais”.

Ana Paula explica que por suas mãos passam diariamente várias informações importantes sobre os projetos da empresa. Ela explica que essas informações são acompanhadas diariamente e avaliadas, com isso o Departamento de Controladoria gera relatórios periódicos que chegam às mãos do diretor da empresa. “Além demonstrar se todos os empreendimentos e projetos da empresa estão dentro do andamento adequado, com base nos relatórios do nosso departamento e dos demais setores é que a empresa defini suas estratégias de mercado e propõe soluções para problemas pontuais”, explica Ana Paula.

Já na Gerência de Incorporação, a jovem engenheira tem outra grande responsabilidade, a de comandar o departamento que lida com todos os clientes da empresa, após a venda e fechamento de contratos. “É semelhante a um trabalho de pós-venda. A Gerência de Incorporação faz esse relacionamento direto com o cliente, desde a emissão de um simples bolete, refinanciamento de valores, concessão de direito, o esclarecimento de dúvidas, atendimentos de reclamações, ou seja, todo o relacionamento com o cliente após a efetivação da venda ou contratação do serviço”, afirma Ana Paula.

Ana Paula destaca que a FR efetivamente tem uma política oferece constantemente oportunidades de crescimento de seus colaboradores, independente de gênero. “Desde quando entrei na empresa eu percebi isso. A empresa dá sim oportunidades para todos, independentemente de sexo ou idade, valoriza o empenho de seus colaboradores e os talentos que tem”, afirma Ana Paula.

Trajetória


Com 33 anos de idade, casada e mãe de um menino de um ano, a engenheira Patrícia Garrote é mais um exemplo de determinação da mulher, que a tem levado para os altos comandos. Há três anos ela é diretora de incorporações na Dinâmica Engenharia. Coordena a prospecção de áreas para construção, realiza estudo de mercado imobiliário, desenvolve e define produtos e lida com aprovação e regularização de projetos, além de fazer acompanhamento jurídico de processos da empresa – sim, ela também é bacharel em direito.

Apesar de ter atingido esta posição estratégica está abaixo apenas dos sócios-fundadores – nem sempre foi assim. Para chegar a essas grandes responsabilidades, a executiva conta que começou por baixo, como estagiária de engenharia. Depois de passar por quase todos os departamentos da empresa como estagiária, por dois anos, trabalhou no canteiro de obras já como engenheira. Seguiu, então para a gerência de Qualidade, de Projetos e de Incorporação.

“Ter passado por tudo isso foi crucial para que eu chegasse neste cargo. Obtive, além de experiência, visão gerencial. Por meio do trabalho desenvolvido, conquistei ainda mais um espaço, dessa vez como diretora, cargo que nem existia na época”, conta.

Patrícia ainda é, atualmente, diretora de Qualidade do Sindicato da Indústria da Construção do Estado de Goiás (Sinduscon-GO) e diretora de comunicação do Serviço Social da Indústria da Construção Civil (Seconci), onde é a única mulher. “São posições que conquistei pela minha atuação profissional e que me ajudam a entender melhor o mercado e auxiliam a empresa em que trabalho a vencer os horizontes adversários”.

E na hora que o expediente acaba, ela dedica-se à família. “Há sempre quem pense a gravidez incapacita a mulher, mas eu trabalhei durante toda a gestação. Meus planos após o nascimento do meu filho também foram uma pulga atrás da orelha dos membros do corpo executivo, que tinham dúvidas se eu iria voltar a trabalhar. Voltei e pude desmistificar essa ideia de que a maternidade atrapalha a vida profissional”.

Multitarefa


Se existe uma característica que marca as mulheres da atualidade é o dinamismo. E, claro, a empresária Rachel Veras ilustra bem esse universo feminino. Além do cargo de diretora administrativa da Loft Construtora, exerce também as funções de mãe, esposa e chefe do lar. A jornada diária começa bem cedo, por volta de 7 horas da manhã. Depois de tomar café com a família, faz questão de levar a filha pessoalmente à escola. Na sequência, segue rumo à empresa que fica no Setor Bueno, na região Sul de Goiânia.

Trabalha uma média de 10 horas por dia e comanda um time com quase 200 funcionários, a maioria homens em canteiros de obras. Rachel Veras, que é sócia dos irmãos Gustavo Veras e Bruno Veras, conta que conquistou seu espaço profissional no mercado da construção civil graças a muita seriedade e organização. “O segredo é uma agenda bem sincronizada. A administração do tempo é o que me permite cumprir minhas atividades diárias como mãe, esposa e também profissional”, conta Rachel Veras.

Na vida pessoal, ela usa o tempo para estar sempre atenta às necessidades da filha e do marido. “Quando estou ao lado deles, procuro me dedicar integralmente. É uma forma que encontrei de me manter próxima a família, mesmo com a jornada acelerada”, conta a empresária. Rachel ainda tira tempo, ao menos uma vez ao ano, para viajar e visitar amigos e familiares no Rio de Janeiro, local onde viveu por muito tempo.


Tempo mais escasso para elas


Uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2015, apontou que a mulher trabalha cada vez mais que os homens. Só nos últimos 10 anos a jornada de trabalho delas aumentou de quatro horas para cinco a mais que a dos homens, isso somando os compromissos dentro e fora de casa. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) reuniu informações de mais de 150 mil lares brasileiros.

Com 25 anos de idade, Darlene é casada e tem uma agenda diária bem apertada. Trabalha em um hospital das 7 da manhã às 17 horas e à noite faz faculdade de Direito. “Às vezes ainda trabalho no sábado e no fim de semana tenho as atividades da faculdade pra fazer e ainda cuido da minha casa. Como trabalho com a diretoria do hospital e também muitos clientes, preciso estar com a imagem em dia, e só tenho o horário do meu almoço para isto.” Ela simboliza a mulher da atualidade, aquela que conquistou seu espaço profissional, independência, mas acumula múltiplas funções e não tem tempo para si.

Agilidade é essencial


Nesse movimento de agendas femininas cada vez mais cheias, uma das tendências do segmento de beleza tem sido a implantação de serviços expressos – aqueles sem a necessidade do agendamento de horário – e a oferta de múltiplos serviços em um só local. Foi o que fez a rede goiana de franquias Posé Beleza Expressa, que em oito anos de mercado já realiza esse tipo de atendimento em 45 lojas pelo Brasil. A empresa é especializada na depilação com cera morna, mas para facilitar a vida de suas clientes já incorporou serviços de manicure, pedicure e escova. A rede ainda disponibiliza acessórios sensuais, cosméticos e lingerie.

“Cada um de nossos atendimentos duram em média 20 minutos, meia hora. Isso permite as nossas clientes cuidar da beleza na hora do almoço, ou num intervalo entre um compromisso e outro. Toda mulher é vaidosa, mas às vezes o que falta é o tempo”, afirma Claudia Vobeto – sócia-proprietária da marca. Para ter uma ideia, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010 quase 11 milhões de mulheres, com idade entre 25 e 49 anos estavam no mercado trabalho.

E a expectativa era de um aumento significativo desses números para os próximos anos. Quase 11 milhões de mulheres que precisam conciliar jornadas duplas e até triplas diariamente. “A maioria delas trabalha e ainda tem que cuidar da casa. Outras ainda acumulam os estudos. E nós estamos aqui para cuidar do bem-estar e beleza de cada uma delas”, sorri a empresária Karla Lima, também sócia-proprietária da rede Posé.

Além de empresária é mãe e esposa, Karla também possui uma dupla, e as vezes até tripla jornada durante um só dia, “Minha rotina semanal com dois filhos e marido, sendo empresaria é bem corrida. Além disso, ainda encontro tempo para ginástica, inglês, cuido da beleza e não posso descuidar do casamento e da alimentação”, conta.

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