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Metalúrgicos da Mercedes encerram movimento após montadora suspender demissões

Agência Brasil

Uma semana depois de iniciar greve por tempo indeterminado, os metalúrgicos da Mercedes-Benz, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, decidiram interromper a paralisação após acordo que suspendeu o corte de 1,5 mil trabalhadores. As dispensas começariam já a partir de hoje (1º).

Na negociação, foi oficializada a adesão dos empregados ao Programa de Proteção ao Emprego (PPE). Este foi o primeiro acordo do gênero em uma montadora. Os cerca de dez mil trabalhadores da unidade terão redução de 20% na jornada de trabalho, também a partir de hoje (1º) e até 31 de maio do próximo ano, além de diminuição de 10% nos salários.

Em contrapartida, haverá complementação dos valores com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Ainda como parte das regras do PPE, os trabalhadores terão estabilidade no emprego por um ano.

"Foi uma negociação dura que chegou a um resultado final positivo depois do esforço conjunto dos trabalhadores, do Sindicato e também da empresa. Revertemos as demissões com o PPE, que é o programa certo para dar conta da situação de crise atual", afirmou, por meio de nota, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques.

Em nota, a Mercede-Benz informou que o acordo é uma solução " para gerenciar a elevada ociosidade na fábrica, enquanto não há crescimento econômico". O comunicado destacou ter ocorrido consenso para que, no próximo ano, haja reposição salarial com base em apenas 50% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo o presidente da Mercedes-Benz do Brasil e CEO da empresa na América Latina, Philipp Schiemer, o acordo "representa um fôlego para a empresa e para os colaboradores, diante de uma forte crise econômica no país". O executivo afirmou que o país precisa criar medidas para resgatar a confiança dos investidores, de modo a retomar o crescimento econômico.

De acordo com a nota, antes de decidir pelas demissões, a empresa recorreu a todas as alternativas possíveis, entre elas banco de horas, semanas curtas, férias, folgas coletivas, licenças remuneradas e várias oportunidades de desligamento voluntário - PDV e layoffs (suspensão do contrato de trabalho) de julho de 2014 a setembro de 2015.

Greve na GM

Em assembleia na manhã do dia 15, cerca de 1,5 mil trabalhadores da unidade da Mercedes-Benz, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, decidiram que o sindicato da categoria negociasse com a montadora adesão ao Programa de Proteção ao Emprego (PPE). Entretanto, afirmaram que não aceitarão medidas que impliquem em demissões.

De acordo com o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos, Sérgio Nobre, a Mercedez tinha informado a intenção de promover demissões a partir de hoje. Para que isso não ocorra, a adesão ao PPE passou a ser uma alternativa que, para o líder sindical, era suficiente para estancar qualquer iniciativa de cortes.

"Estamos certos de que é suficiente, embora a empresa diga que não. Se a empresa insistir em demissões, seja em que cenário for, vamos fazer o que for preciso. Não aceitaremos essas demissões", disse Nobre. Em nota, o sindicato informou que, no dia 17, Sérgio Nobre comunicaria o resultado da assembleia à empresa e tentaria reabrir negociações.

O PPE foi assinado pela presidenta da República, Dilma Rousseff, no dia 6 de julho, com o objetivo de preservar empregos em períodos de crise. Criado para durar seis meses e com a possibilidade de prorrogação por mais um semestre, o programa prevê a redução em até 30% da jornada de trabalho. Metade das horas não trabalhadas será custeada pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

Durante a vigência do programa, e até dois meses após esse período, as empresas não poderão demitir os trabalhadores que tiverem jornada reduzida.

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